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quarta-feira, outubro 30, 2019

Deputados do PSOL querem inclusão de Bolsonaro na investigação sobre o assassinato de Marielle Franco


Freixo disse que nenhum cargo público está acima de investigações
Bruno Góes
Natália Portinari
O Globo
Deputados do PSOL disseram ao O Globo nesta terça-feira, dia 29, que o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, tem o dever de incluir na investigação sobre o assassinato de Marielle Franco o nome do presidente da República, Jair Bolsonaro.
Na noite desta terça-feira, o Jornal Nacional, da TV Globo,  teve acesso a registros da portaria do Condomínio Vivendas da Barra, onde mora o principal suspeito de matar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, Ronnie Lessa. O condomínio é o mesmo onde o Jair Bolsonaro tem casa.
SUSPEITO – O porteiro contou à polícia que, horas antes do assassinato, em 14 de março de 2018, o outro suspeito do crime, Élcio de Queiroz, entrou no condomínio e disse que iria para a casa de Bolsonaro. Mas os registros de presença da Câmara dos Deputados mostram que Bolsonaro estava em Brasília no dia.
No cafezinho da Câmara, os deputados do PSOL Marcelo Freixo (RJ), Ivan Valente (SP), David Miranda (RJ), Glauber Braga (RJ), Luiza Erundina (SP), Edmilson Rodrigues (PA),  Fernanda Melchionna (RS) e Sâmia Bomfim (SP) assistiram à reportagem. Depois, decidiram marcar uma reunião para falar sobre o assunto. Marielle era vereadora do PSOL e estava em seu primeiro mandato na câmara municipal do Rio quando foi assassinada.
INVESTIGAÇÃO – “Vamos exigir ao (Dias) Toffoli que não bloqueie a investigação. As investigações chegaram a um indício que existe. (Um dos suspeitos) vai na casa, foi uma hora antes da morte da Marielle. Então é preciso investigar. Ninguém que tem cargo público está acima de qualquer investigação, nem o presidente. O presidente deveria ser o primeiro a dizer que precisa ser investigado. O presidente deveria dar o exemplo. Não o fez ainda, então estamos aqui pedindo”, disse Marcelo Freixo.
O deputado, que chegou a trabalhar no mesmo gabinete que Marielle, disse ainda é preciso esclarecer as declarações do porteiro. O funcionário do condomínio contou que, depois que Élcio se identificou na portaria e disse que iria pra casa 58, ligou para a casa 58 para confirmar se o visitante tinha autorização para entrar.
“SEU JAIR” – Disse também que identificou a voz de quem atendeu como sendo a do “seu Jair” – ele confirmou isso nos dois depoimentos.
“Os dados são muito fortes. Não tenho dúvida de que o Bolsonaro não estava lá. Não sei se o Carlos não estava. Alguém estava. A gente não pode dizer neste momento que alguém é culpado, mas também não pode dizer que não tem que ter investigação. O que se pede ao STF é que se permita a investigação. Até porque a investigação pode inocentar ou não. Mas tem que investigar”, acrescentou Freixo.
O líder do PSOL, Ivan Valente, também falou sobre o mesmo ponto. “O porteiro, um simples cidadão, não ia inventar uma história como o advogado (de Bolsonaro) está falando. Alguém na casa do Bolsonaro respondeu que era o Bolsonaro. Precisa ver quem era. Tinha alguém na casa do Bolsonaro que falou. Então o porteiro não inventou a placa do carro, o carro entrou, há um registro de câmeras. Tudo isso vai vir à tona. Não dá para fazer acusação formal, tem esse registro do Bolsonaro em Brasília, mas pode ser que uma pessoa em seu nome (tenha atendido)”, disse.
“DESPROPÓSITO” – Para o senador Major Olímpio (SP), líder do PSL no Senado, a vinculação do crime ao presidente é um “despropósito”, mas cabe à investigação esclarecer o depoimento do porteiro. “Acho um total despropósito qualquer vinculação. Mas, de qualquer forma, do que eu li aqui agora, era um dia que ele esteve na Câmara. Acho que não tem a menor liga de uma coisa com a outra, mas é fácil de constatar com áudios, com registros”, afirmou.
“Quem deve ficar muito aborrecido com isso logicamente é o próprio presidente, porque é um caso de repercussão mundial, que já tem autores identificados. A investigação deve buscar a verdade real”, finalizou.  

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