Mateus CastanhaO Tempo
Assim que foi alçado à condição de “Posto Ipiranga” do então candidato à Presidência Jair Bolsonaro, Paulo Guedes tratou de marcar enfaticamente sua posição em relação às privatizações. Na opinião do economista, o governo deveria vender, literalmente, todas as suas estatais, o que representaria, segundo as contas dele, cerca de R$ 1 trilhão de receitas. Agora, já na condição de futuro comandante do superministério da Economia, Guedes estaria apto a levar seu plano à frente.
Os números, no entanto, já mudaram um pouco. Na última quinta-feira, dados do Tesouro Nacional, apresentados pelo próprio Paulo Guedes, indicavam que a venda de todas as estatais poderia render R$ 802 bilhões à União, e não mais R$ 1 trilhão.
HÁ CONTROVÉRSIAS – Independentemente do valor, a equação é complexa. Bolsonaro não comprou o discurso de seu futuro ministro integralmente e já deixou claro que, pelo menos inicialmente, as privatizações de Petrobras, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal estão fora do radar do governo. Apenas as duas primeiras empresas, ambas de capital aberto, estão avaliadas hoje em cerca de R$ 477 bilhões – R$ 348 bilhões da Petrobras e R$ 129 bilhões do BB. Ou seja, mais da metade do valor que o futuro ministro poderia levantar.
“Eles (governo) estão soltando dados irrealistas, num cenário muito, mas muito otimista mesmo. Se você tirar, objetivamente, Petrobras, Banco do Brasil e Caixa Econômica da jogada, acaba sobrando pouca coisa. E o restante é difícil”, opinou Sérgio Lazzarini, professor do Insper e doutor em economia pela Universidade de Washington.
De acordo com o último boletim divulgado pelo Ministério do Planejamento, o Brasil tem hoje 138 estatais federais. Juntas, elas apresentaram um lucro de R$ 37 bilhões nos seis primeiros meses de 2018 – 113,9% a mais do que o mesmo período do ano passado.
E O CONGRESSO? – O professor Lazzarini alerta que, antes de pensar nas privatizações como solução financeira, o governo terá que se articular no Congresso. “No fundo, minha grande dúvida sobre esse novo governo é se ele vai ter capacidade de articulação política. Não só capacidade técnica, mas capacidade de articulação política para mover esses projetos”, disse.
Já o economista e coordenador do curso de administração do IBMEC, Eduardo Coutinho, pondera que as privatizações não podem fazer sentido apenas para o governo. “O que não podemos aceitar é que se troque o monopólio público pelo privado. Não adianta pegar uma estatal, que é fornecedora única de determinado produto ou serviço, e entregá-la, ainda que seja uma boa venda, para o setor privado, que vai continuar tendo o monopólio desse determinado produto ou serviço. As privatizações têm que ser feitas pensando-se também no consumidor”, pontuou.
SECRETARIA – Uma das medidas adotadas por Guedes para fazer um mapeamento completo das estatais e articular a venda das empresas foi a criação da Secretaria de Privatizações. A pasta será comandada pelo mineiro Salim Mattar, um dos donos da Localiza. “Acho bom, acho válido, você tem que ter uma unidade com experiência que vai tocar. Na rodada de privatizações com o FHC, esse papel foi feito pelo BNDES”, lembrou Sérgio Lazzarini.
A reportagem entrou em contato com o futuro secretário de Privatizações, Salim Mattar. O empresário disse que ainda exerce o cargo de presidente do conselho da Localiza e que vai conceder entrevistas somente após o dia 17 de dezembro.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Fernando Henrique Cardoso vendeu esse mesmo peixe podre. Disse que faria privatizações para reduzir a dívida pública, comandou a privataria das estatais, começando pela Vale, e a dívida disparou. Em 1994, no governo Itamar Franco, a dívida correspondia a 30% do PIB; em 1999, com FHC, chegou a 44,5% do PIB; no último ano do segundo governo FHC, em 2002, a dívida já havia alcançado aproximadamente 50% do PIB, e nunca mais parou de crescer. E agora aparece o Paulo Guedes com a mesma conversa fiada. (C.N.)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Fernando Henrique Cardoso vendeu esse mesmo peixe podre. Disse que faria privatizações para reduzir a dívida pública, comandou a privataria das estatais, começando pela Vale, e a dívida disparou. Em 1994, no governo Itamar Franco, a dívida correspondia a 30% do PIB; em 1999, com FHC, chegou a 44,5% do PIB; no último ano do segundo governo FHC, em 2002, a dívida já havia alcançado aproximadamente 50% do PIB, e nunca mais parou de crescer. E agora aparece o Paulo Guedes com a mesma conversa fiada. (C.N.)