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segunda-feira, junho 07, 2010

O governo Wagner não correspondeu à imensa expectativa da Bahia

Osvaldo Lyra- Editor de Política

O ex-deputado Genebaldo Correia é um dos nomes do PMDB cotados a assumir uma vaga na Câmara dos Deputados. Ele, que andou afastado da política nos últimos anos, disse que não se arrepende de nada do passado e que está “absolutamente tranquilo” sobre seu envolvimento no escândalo dos Anões do Orçamento, já que nunca recebeu nenhuma condenação sobre o assunto. Nessa entrevista concedida à Tribuna da Bahia, ele fala da perspectiva de crescimento do pré-candidato do PMDB, Geddel Vieira Lima, das chances de ir para o segundo turno com o governador Jaques Wagner e da estratégia de mirar no democrata Paulo Souto para alcançar esse objetivo. Sobre um eventual apoio do DEM na segunda fase do pleito, Genebaldo diz ser possível, mas admite que não será automática. “Vai depender das circunstâncias desse segundo turno”. Sobre a divisão do palanque de Dilma Rousseff com o PT baiano, ele diz que aqui não será a exceção, já que a petista terá dois palanques em vários estados do país. Genebaldo disse também que não aceitará provocação da prefeita de Lauro de Freitas, Moema Gramacho, que chamou o ex-ministro Geddel de deselegante e oportunista. “Ela deve estar sem discurso internamente, uma vez que seus adversários estão sendo mais prestigiados do que seu próprio grupo”. Numa avaliação sobre o governo do estado, o peemedebista diz que Wagner “não correspondeu à imensa expectativa da Bahia e que não vemos as mudanças naquilo que nós lutávamos tanto tempo antes”. Ele acredita ainda na vitória de Dilma e que o presidente Lula vai fazer o sucessor.

Tribuna da Bahia – O ex-ministro Geddel Vieira Lima está em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de votos, com 9%. O que fazer para reverter esse quadro?
Genebaldo Correia – Com certeza é fazer o que ele vem fazendo. Viajando e tendo contato direto com a população. É evidente que entre os candidatos que estão na disputa, ele é o menos conhecido. Agora é importante a gente dizer que as pesquisas também indicam que 80% da população não conversa sobre política. Nesse período pré-eleitoral, o mundo da política se restringe aos candidatos, aos prefeitos, deputados, funcionários de órgãos públicos, ou aqueles que têm contato com o poder público. Então, o que Geddel precisa ter é acesso ao povo para dizer o que pensa e o que pretende fazer pelo estado. Inclusive, toda vez que ele tem contato com a população, ele empolga. Por isso, tenho a certeza de que ele vai crescer e muito no horário eleitoral gratuito e nos debates, período em que ficará em igualdade com o ex-governador (Paulo Souto) e com o atual (Jaques Wagner), que está todo dia na mídia e com a máquina na mão.

TB - Há chances de ele ir para o segundo turno e com quem?
Genebaldo – Há chances reais sim. É evidente que a força da máquina nos faz prever que o atual governador estará no segundo turno e é evidente também que, para Geddel chegar á próxima fase do pleito, ele terá que ultrapassar o ex-governador Paulo Souto, o que acredito que acontecerá ao longo da campanha.

TB – Em caso de uma possível derrota no primeiro turno, o PMDB apoiaria o PT baiano, por ser aliado nacionalmente?
Genebaldo – Eu acho que uma previsão tão antecipada sobre o que vai acontecer nessa eleição não é prudente. Temos a certeza que a disputa no estado se dará em dois turnos, mas a eleição nacional também deverá ser definida na segunda etapa do pleito. A presença da Marina (Silva, do PV) no processo determina a realização da eleição federal também em dois turnos. E no segundo turno será outra eleição.

TB - O DEM participa da gestão João Henrique, do PMDB. Ambos os partidos têm candidato próprio ao governo do estado. Diante disso, é possível dizer que há entendimento com os democratas para um eventual segundo turno?
Genebaldo – Não. Não necessariamente. Isso significa que se foi possível um entendimento na prefeitura de Salvador, em circunstâncias parecidas, é possível que também haja entendimento num eventual segundo turno da eleição no estado. Os partidos então convivendo numa administração municipal com razoável entendimento. Então é possível também que haja uma convivência numa futura gestão do estado. Agora, uma coisa, necessariamente, não implica na outra, que seja automática. Vai depender das circunstancias desse segundo turno.

TB - Em relação à chapa majoritária, o que dificulta o anúncio, já que o PMDB possui um arco amplo de alianças? Faltam nomes de peso, com densidade eleitoral?
Genebaldo – Por acaso o vice-prefeito Edvaldo Brito e o vice-governador Edmundo Pereira não são nomes de peso e não possuem densidade eleitoral? O atual vice governador é, inclusive, um nome disputado. Tentaram segurar ele do lado de lá. Mas não é essa a questão. Primeiro que não passou a hora de anunciar a chapa, já que a convenção ainda será realizada no próximo dia 19. E segundo que nosso agrupamento tem 11 partidos. É preciso que isso seja discutido amplamente. Quem tinha pressa de anunciar a chapa era o governador. A nossa não.

TB - E quanto à questão do palanque duplo para Dilma na Bahia, como ficará a relação entre o PT e o PMDB, que são adversários no estado?
Genebaldo – A Bahia não será uma exceção. Em vários estados nós teremos dois palanques para Dilma. É natural que a candidata venha para eventos do PT e momentos do PMDB. Se ela veio no anúncio da chapa do PT, ela virá para a convenção do PMDB. E temos que levar em conta que o discurso sobre a Presidência da República é de unidade. Até porque, na administração federal, o PMDB não sofreu as restrições que sofreu aqui com o governo estadual. O Lula realmente prestigiou o PMDB com seis ministérios, dando liberdade para trabalhar. Então é uma aliança que no plano federal deu certo. Na Bahia, não deu certo. Então aqui o palanque será de críticas ao Governo do Estado, mas de defesa da continuidade da política nacional, sob a liderança do presidente Lula. Então, não teremos grandes dificuldades. Agora, é claro que o tom da relação será dada pelo Governo do Estado. Na medida em que a gente for mal- tratado, saberemos responder à altura.

TB – Moema chamou Geddel de “deselegante” e “oportunista”. Por ser coordenadora da campanha de Dilma no Nordeste, o senhor acredita que isso pode dificultar ainda mais a relação do PT e o do PMDB durante a campanha?
Genebaldo – Eu creio que não. Isso não será motivo de perturbação para nós. Se ela está pretendendo desviar as nossas atenções para este tipo de debate, esse tipo de provocação, certamente está enganada. Ela deve ter seus motivos para estar querendo conduzir a campanha para esse rumo, porque deve estar sem discurso internamente, uma vez que seus adversários em Lauro de Freitas estão sendo mais prestigiados do que seu próprio grupo. Então, a gente compreende essa dificuldade de discurso da parte da prefeita, e não vamos aceitar a provocação.

TB – Há quem diga que o PMDB pavimentou a candidatura de Geddel dentro do próprio governo, que ele usava a máquina para construir a candidatura. O senhor concorda com essa análise?
Genebaldo – É verdade que participamos do governo, agora de forma diferente do procedimento do PT. Nós participamos do governo porque tínhamos o direito de participar, porque fomos parte da campanha vitoriosa, ajudamos a eleger o governador. Então não foi adesão de última hora, nem troca de favor. Agora, no momento que percebemos que não dava para continuar, a gente entregou os cargos com mais de um ano de antecedência, deixando o governador absolutamente à vontade, mesmo antes da proibição da transferência de partidos, para ele rearrumar o governo dele. Não fizemos como o PT fez na prefeitura de Salvador. Que participou até os 44 minutos do segundo tempo e depois saiu do governo e foi para a rua para atacar o PMDB, em plena campanha eleitoral. Hoje o governador diz que está no governo e tinha a preferência do apoio para disputar a reeleição. Mas perguntamos: e João Henrique, não estava no governo e não tinha o direito de disputar a reeleição? Não era legítimo o pleito PMDB, de reeleger o prefeito? Esse julgamento que a gente não compreende. Em um momento a favor de um, mas em outro não quer que seja a favor do outro.

TB – Como avalia o governo Wagner?
Genebaldo – Como um governo que não correspondeu à imensa expectativa da Bahia e que não vemos as mudanças naquilo que nós lutávamos tanto tempo antes. Ele não conseguiu corresponder a essa expectativa. Em segundo lugar, é um governo sem marca. Qual a marca do governo Wagner? Quais foram os setores que ele privilegiou? Nós sabemos que não se pode resolver todos os problemas, mas qual o setor que ele resolveu? Você não encontra.

TB – O governo diz que a principal marca é a mudança no social...
Genebaldo – Essa mudança no social quem está fazendo é o presidente Lula, é o governo Federal. Ele aqui apenas desenvolve os projetos, mas com recursos federais. Quais foram os grandes investimentos com recursos do estado, no social? Não tem. Ele está ignorando a gravidade na saúde e da segurança. Não há uma proposta diferenciada do governo. A ação de comprar motos, comprar viaturas e colocar na Avenida Paralela, comprar viaturas para substituir as antigas, isso é manutenção, serviço de continuidade. Mudar carro velho por novo não resolve os problemas. Mantém centenas de delegacias sem delegados. As ações que você possa dizer ‘a Bahia está apresentando uma metodologia, uma proposta diferenciada de combate, reunindo os delegados, promovendo discussão, debate, convocando a universidade, os professores, para opinar as questões da segurança e sobre como enfrentar’.

TB – O senhor disse recentemente que a ida de Otto Alencar para vice de Wagner se daria no “plano eleitoreiro”, interessados apenas na "vitória pela vitória". A população vai entender esse tipo de mudança de postura, de um carlista no campo do PT?
Genebaldo - Eu acho até que o carlismo não vai ser tema da campanha eleitoral. Por motivos óbvios: os carlistas já são carlistas, tem carlistas na aliança com o PMDB, como o senador César Borges, e tem carlista na aliança do PT, como Otto Alencar. Agora, o que é que a gente vê dificuldade no governo Wagner é que ele não poderá falar em herança maldita. Se falar, vai ficar vermelho. Tem essa dificuldade, que complica o discurso dele, de que gostaria de ter um confronto com o carlismo, para mostrar que fez mais e melhor que os carlistas. Ele não vai ter essa oportunidade, porque perdeu todo o seu discurso.

TB – O senhor considera que há excessos quando se fala que houve conotação política na liberação de recursos do Ministério da Integração Nacional para prefeituras do PMDB?
Genebaldo – Eu acho que isso é natural que ocorra, porque o ministério atendeu e bem, dentro de suas possibilidades, a Bahia. Não só prefeituras do PMDB, mas também de outros partidos. Mas quem faz essa crítica é porque não acompanha quem comanda os outros ministérios, e outros órgãos do governo que são administrados por pessoas de origem em outros estados. Vá ver quanto o BNDES emprestou para a Bahia e quanto emprestou para São Paulo e Rio de Janeiro. Isso é natural, que o ministro dê preferência pelo seu estado, principalmente, se for um estado do Nordeste, onde há uma defasagem no Orçamento da União. Então você não pode acabar com os desníveis regionais se der o mesmo tratamento do Nordeste aos estados do Sul, ou outra região. O fato concreto existe. De fato houve maior transferência para cá, mas de certa forma há uma explicação para isso.

TB – Como a própria Tribuna da Bahia mostrou recentemente, a construção de uma adutora em seis municípios próximos a Coronel João Sá.
Genebaldo – Uma obra que não é do município, mas que é absolutamente regional e vai beneficiar mais de 300 mil habitantes da região.

TB – Depois de tanto tempo afastado da política, o que mudou na vida do senhor?
Genebaldo – Não mudou. Pode ter mudado no aspecto físico, no cabelo branco, agora a minha vocação política permanece, tanto que eu continuo querendo dar a minha contribuição ao meu partido e ao meu município, onde disputei mandato de prefeito, e estou aqui para a luta. Então a minha vocação a vida toda foi para a atividade política, e nela eu estou.

TB – O que fez no passado que não voltaria a fazer de novo?
Genebaldo – Eu não tenho nenhum arrependimento do que fiz no passado. Tanto até que você está com uma certa cerimônia de abordar uma questão que absolutamente não me causa constrangimento. Eu fui realmente acusado naquele processo, e não é diferente de muitos outros na história do país que foram também acusados, como Juscelino Kubitschek e Getúlio Vargas, que, quando se suicidou, a oposição disse que era mar de lama. Quando se vem mais para cá, vê eventos recentes também de pessoas que estão sendo acusadas e que estão respodendo a isso.

TB – Então, qual a lição extraída do episódio dos Anões do Orçamento?
Genebaldo – Isso aconteceu em 1993 e, de lá para cá, já são 17 anos. Eu pergunto: nesse período, que sentença me condenou por alguma coisa? Nenhuma. Em nenhum grau e isso me deixa absolutamente tranquilo. Que experiência eu tiro disso? É que a vida política é cada vez mais uma atividade de risco, sacrificante, que expõe as pessoas, a sua honra, a sua dignidade para um julgamento momentâneo e circunstancial. Isso me deu a experiência de ter a maturidade de enfrentar essas situações com a absoluta tranquilidade.

TB – Acredita em uma vitória de Dilma Rousseff (PT) ou José Serra (PSDB) na corrida presidencial?
Genebaldo – Acredito na vitória de Dilma. O presidente Lula vai fazer o sucessor. Não dou muito crédito a quem diz que não há transferência de votos. Nós que vivemos na Bahia sabemos que quando o governante está forte, ele faz o candidato. Eu me lembro que quando Paulo Souto se lançou candidato, a princípio, na liderança, o título dele era ‘Paulo Souto, candidato de ACM’. Era líder não por ser Paulo Souto, mas por ser candidato de ACM. É o que está acontecendo com a Dilma, que é candidata de Lula. Há até uma piada, de que perguntaram a um eleitor que recebe o Bolsa Família em quem ele votaria, e ele respondeu: ‘Na mulher de Lula’. Responderam: ‘Mas a mulher de Lula nem é candidata’. Ele retrucou: ‘É sim, é Dilma’.

Fonte: Tribuna da Bahia

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