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quinta-feira, novembro 26, 2009

Indicação de Geddel levou Lomanto ao cargo de diretor da Agerba

Jairo Costa Júnior Redação CORREIO
Ao contrário de grande parte da família, o ex-diretor executivo da Agerba Antonio Lomanto Netto nunca exerceu mandato eletivo. Filho do ex-governador e ex-senador baiano Lomanto Júnior, irmão do ex-deputado federal Leur Lomanto e tio do deputado estadual Leur Lomanto Júnior - todos com base política em Jequié, sudoeste do estado -, ele ascendeu ao poder através da aliança entre o hoje ministro Geddel Vieira Lima, do PMDB, e o prefeito João Henrique, então no PDT.
Foi através da indicação de Geddel que Lomanto Netto assumiu, em 2005, a Superintendência de Transporte Público ( STP), órgão da prefeitura que era responsável pelo sistema de transporte de passageiros na capital.
Filiado ao PMDB e apontado como um dos principais articuladores políticos do partido atualmente, Lomanto Netto foi alçado à direção da Agerba novamente pelas mãos do ministro. Ele permaneceu no cargo até agosto deste ano, quando Geddel rompeu com o governo Jaques Wagner. Nos bastidores políticos, há informações de que, durante os 32 meses de gestão à frente da Agerba, teria construído laços de amizade com empresários do setor de transporte público na Bahia. Entre eles, Paulo Carletto, também preso na terça-feira (24) sob a acusação de envolvimento no esquema de pagamento de propina em troca de concessão de linhas intermunicipais.
Enquanto ainda dirigia a Agerba, Lomanto Netto foi fotografado diversas vezes em companhia do empresário e de seu irmão, o deputado estadual Ronaldo Carletto (PP), cujo partido integra a base governista na Assembleia. Sua prisão teve grande repercussão na política baiana, sobretudo pela forte influência da família em cidades do sudoeste baiano
Império de transporte Antes de figurar no esquema de corrupção dentro do governo do estado, o empresário capixaba Paulo Carletto exibia uma biografia típica dos chamados self-made-men - expressão que, em inglês, serve para designar aqueles que conseguem vencer na vida por esforços próprios. Junto com o irmão, o deputado Ronaldo Carletto, e o pai, Aluyir Tassizo Carletto, ele migrou para o extremo sul da Bahia no fim dos anos 70. Em Eunápolis, operava pessoalmente, junto com a família, duas linhas com seis ônibus usados.
Após quase uma década, os Carletto já tinham um império no setor de transportes, o Grupo Brasileiro, segundo maior do estado. Com o ingresso do irmão na política, passou a comandar o grupo. Entre as empresas sob sua gestão, estão Rota, Expresso Brasileiro, Águia Azul e a Viação Cidade Sol. A família também possui concessionárias de motocicletas Honda no sul e extremo sul da Bahia.
Conversas decidiam contratos Interceptações de chamadas telefônicas encaminhadas pelo Ministério Público à juíza Ivone Bessa, da 1ª Vara Criminal da Comarca de Salvador, indicam que o ex-diretor geral da Agerba Antonio Lomanto Netto se comprometia com empresários para fornecer a concessão de linhas intermunicipais sem observar as normas legais.
Na argumentação do mandado de prisão, a magistrada informou que muitas concessões da Agerba eram firmadas por Lomanto apenas por meio de acordo verbal, sem licitação.
Lomanto é acusado de corrupção passiva, tráfico de influência e fraudes em licitação pública. O seu advogado, Sérgio Habib, afirmou que todas as decisões para concessão de alvarás às empresas não eram tomadas exclusivamente por seu cliente. “O que Lomanto fazia estava de acordo com o parecer da Procuradoria Jurídica do Estado e do conselho administrativo da Agerba”, explicou Habib. Após 12 horas detido no Centro de Operações Especiais (COE), Lomanto preferiu não falar com a imprensa, pois disse estar abalado com a situação.
Outros presosDécio Sampaio Barros - Presidente da Abemtro, é acusado de pagar propinas por concessões da Agerba. Ana Luzia Dória Velanes - Advogada e responsável pela área de contratos da Rota. É candidata a secretária adjunta da OAB de Itabuna.
Zilan da Costa e Silva Moura - Advogado e professor universitário, foi nomeado diretor da Agerba depois de ocupar o cargo de subsecretário municipal de Governo na prefeitura de Salvador. ]
José Antônio Marques Ribeiro - Proprietário da empresa Planeta.
Ana Dosinda Penas Pinheiro - Proprietária da empresa Expresso Alagoinhas.
Governo defende operação O governo do estado descartou na terça-feira (24) que a Operação Expresso tenha como objetivo atingir o grupo ligado ao ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, pré-candidato pelo PMDB ao Palácio de Ondina em 2010. A hipótese de conotação política no caso foi cogitada pela defesa dos acusados. “Não se está pensando em fato político.Estamos investigando um caso de corrupção em um órgão do governo”, disse o secretário de Segurança Pública, César Nunes.
O líder da base governista na Assembleia, deputado Waldenor Pereira (PT), afirmou que as apurações sobre cobrança de propina pela direção da Agerba foram iniciadas quando o PMDB ainda era aliado do governo.
Em depoimento à Polícia Civil, o ex-diretor executivo do órgão, Antonio Lomanto Netto, apontado como líder do esquema de corrupção, atribuiu as acusações à perseguição política por parte do PT. Segundo ele, as concessões de linhas de transporte intermunicipal tiveram embasamento jurídico do órgão.
Entre os aliados de Geddel, predominou o silêncio. O único político peemedebista que aceitou comentar o caso foi o deputado estadual Arthur Maia. Ele disse não ter ainda elementos que caracterizem uma ação orquestrada para desestabilizar a candidatura de Geddel. “No entanto, acho estranha a prisão, pois não vi claramente nenhuma motivação para isso”, destacou.
Procurado pelo CORREIO, o deputado estadual Ronaldo Carletto (PP) - irmão do empresário Paulo Carletto, também preso na operação - não foi encontrado. Já o deputado estadual Leur Lomanto Júnior (PMDB), sobrinho do ex-diretor da Agerba, limitou-se a dizer, através de sua assessoria, que não iria comentar o assunto.
Citado no mandado judicial que determinou as prisões da Operação Expresso, o presidente estadual do PMDB, Lúcio Vieira Lima, irmão de Geddel, afirmou que estava em viagem ao interior do estado no momento da ação e que não possuía informações detalhadas do caso. “Estou voltando a Salvador nesta quarta-feira (25) para saber o que houve de fato”, disse
(Notícia publicada na edição impressa do dia 25/11/2009 do CORREIO

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