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segunda-feira, maio 31, 2021

Incremento da Covid-19 no país não se trata de genocídio, mas de crime contra a humanidade

Publicado em 31 de maio de 2021 por Tribuna da Internet

Charge do Duke (domtotal.com)

José Roberto Batochio
Estadão

Na candente retórica da política não configura crime qualificar o presidente da República de genocida em razão de sua estratégia de amistosa convivência com o coronavírus. Tampouco é crime desejar a sua morte, pois a causa supralegal do “direito à perversão” isenta de punição quem deseja o falecimento de outrem, desde que não faça preparativos para tanto e, por óbvio, muito menos atue para consumar o ato.

Ainda que recorrente como palavra polissêmica nas manifestações populares, a imputação leiga de genocídio estiliza a legítima crítica pública sem encontrar adequação técnica no Direito Internacional, mas é indubitável que, à luz da boa doutrina, tal conduta mais se identificaria com a que vem definida como crime contra a humanidade.

ESTATUTO DE ROMA – Criados pelo jurista polonês Raphael Lemkin, em 1943, com a união das palavras grega génos (família, tribo, raça) e latina caedere (matar) a partir dos episódios de extermínio de armênios e judeus, os termos genocídio/genocida foram introduzidos no Direito pelo Estatuto de Roma, tratado que estabeleceu o Tribunal Penal Internacional (TPI), em 1998, do qual o Brasil se tornou signatário pelo decreto de número 4.388/2002.

O artigo 6.º define o crime de genocídio como “qualquer um dos atos que a seguir se enumeram, praticado com intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso, enquanto tal: a) Homicídio de membros do grupo; b) Ofensas graves à integridade física ou mental de membros do grupo; c) Sujeição intencional do grupo a condições de vida com vista a provocar a sua destruição física, total ou parcial; d) Imposição de medidas destinadas a impedir nascimentos no seio do grupo; e) Transferência, à força, de crianças do grupo para outro grupo”.

Os crimes contra a humanidade estão conceituados no artigo 7.º, em que se tipificam as iniciativas de ataque sistemático e generalizado a populações civis, sem distinção de características físicas ou culturais, entre eles “atos desumanos de caráter semelhante, que causem intencionalmente grande sofrimento, ou afetem gravemente a integridade física ou a saúde física ou mental”.

CAUSA MUNDIAL – Nessa barbárie se enquadraria a performance do presidente brasileiro – suficiente para levá-lo às barras do TPI, a exemplo do general croata Ante Gotovina, do ditador líbio Muamar Kadafi e do ex-ministro queniano William Samoei Ruto.

Os “atos desumanos” do presidente do Brasil estão demonstrados em entrevistas, lives, memes e outras manifestações tão trágicas quanto sarcásticas, para sustentar uma política sanitária na qual especialistas identificam, antes de descaso com a saúde pública, uma campanha pró-vírus.

Não se trata apenas de manifestações pessoais, mas de atos oficiais – como demonstrou um levantamento de 3.049 normas federais para a covid-19, analisadas pelo Centro de Pesquisas e Estudos de Direito Sanitário da Universidade de São Paulo e pela Conectas Direitos Humanos.

AÇÕES E OMISSÕES – O incremento descontrolado do coronavírus se deu por ações e omissões. Como um mecenas da doença, o presidente não equipou o serviço de saúde para o combate à pandemia e boicotou medidas recomendadas pelas organizações internacionais, como o confinamento, o uso de máscara e a restrição a aglomerações, tanto quanto deixou de adquirir vacinas em tempo hábil, e ainda pôs em dúvida a eficácia de imunizantes, ao mesmo tempo que, como um taumaturgo desastrado, tentou sobressair com a receita de remédios ineficazes, a buscar um quiproquó diversionista de “tratamento precoce” – contradição terapêutica e semântica. Que mais poderia fazer, se, como justificou, “não é coveiro?”

A coreografia de abre-alas da pandemia, apregoando laissez-faire, laissez-aller, laissez-passer, ou deixai fazer, deixai ir, deixai passar, foi incentivo para a população viver e trabalhar como se o perigo fosse uma “gripezinha” que segrega um agente infeccioso só maléfico para os predestinados à morte, aos portadores de comorbidades e, no linguajar chulo, aos “maricas”.

IMUNIDADE DO REBANHO – A degenerada epidemiologia do Planalto consistiu em deixar a natureza seguir seu curso, o vírus abater os que, em darwinismo imunológico, não adaptassem o organismo à resistência ao mal, enquanto a maioria ficaria naturalmente refratária, e sobreviesse a chamada imunidade de rebanho – ao custo, quem sabe, de alguns milhões de vidas. De quebra, a economia não sofreria tanto e a reeleição do messias estaria assegurada.

O conjunto da obra aponta para o crime contra a humanidade. Advogados brasileiros já protocolaram pedido de investigação no Tribunal Penal Internacional. Embora lento, pois segue o rito do indispensável devido processo legal, com audiências de instrução e amplo direito de defesa, o inquérito do TPI pode declarar a infâmia de uma administração que elegeu a morte como opção preferencial.

Tudo considerado, porém, não se pode negar que “#genocida” tem força de palavra de ordem e internacionaliza o problema, ao correr o mundo como motivo já invocado para intervenção estrangeira no Brasil.


Flávio Bolsonaro se filia ao Patriota e diz que o pai também deve ir para a legenda

Publicado em 31 de maio de 2021 por Tribuna da Internet

 se filia ao Patriota de olho em 2022 Foto: Twitter/ Reprodução

Flávio Bolsonaro foi na frente, para fazer uma sondagem do terreno

Guilherme Caetano e Paulo Cappelli
O Globo

O senador Flávio Bolsonaro se filiou nesta segunda-feira ao Patriota, revelou o colunista Lauro Jardim. Ele participou virtualmente da convenção nacional convocada às pressas pelo presidente da legenda, Adilson Barroso. Após o evento, o senador disse ao GLOBO que o presidente Jair Bolsonaro deve seguir o mesmo caminho e também se filiar ao partido.

— Adilson vai fazer convite oficial de filiação ao Bolsonaro. Talvez esta semana. A tendência natural é que ele venha. Agora vamos trabalhar por uma grande coalizão em 2022 com partidos como PP, PL, Republicanos, PSL e outras siglas que deverão fazer parte dessa nova etapa do Brasil — declarou Flávio.

NOVO ESTATUTO – Bolsonaro trabalha com a possibilidade de mudanças no estatuto do partido, promovida hoje, ser contestada junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pela ala do Patriota contrária às alterações. E, por isso, pretende aguardar a homolgação do estatuto antes de anunciar a filiação. Uma das principais mudanças é a ampliação do poder de voto, em questões nacionais, dos 27 presidentes estaduais da legenda.

Por meio de um telão posto na reunião da executiva nacional, o senador fez elogios à nova sigla e projetou ao Patriota cenário similar ao ocorrido com o PSL, o então partido nanico que elegeu a maior bancada da Câmara em 2018 após filiar a família Bolsonaro.

— É um partido maravilhoso. Tenho certeza que vamos caminhar juntos em 2022. Nós temos tudo nas mãos, tudo. Temos o povo do nosso lado para fazer do Patriota o maior partido do Brasil. Se Deus quiser, a gente passa de nove deputados hoje para bancada de 50, 60 — declarou Flávio no evento.

NA REDE SOCIAL – Flávio publicou uma foto em seu Twitter com a ficha de filiação ao novo partido, assinada em 26 de maio. “Participei diretamente de sua refundação, em 2018, desde a elaboração de seu estatuto, com a previsão inédita de ser o primeiro partido de direita do Brasil, até a escolha do nome Patriota. Que Deus nos abençoe nessa nova jornada”, escreveu.

A convocação da convenção desagradou uma parte da legenda, que resiste ao desembarque de Bolsonaro. O vice-presidente, Ovasco Resende, e o deputado federal Fred Costa se puseram contra a realização do evento presencial. Filmado e transmitido pelo Facebook, o encontro teve bate-boca quando a filiação do presidente começou a ser debatida.

Ovasco Resende era presidente do PRP, que se fundiu ao Patriota em 2019 para sobreviver à cláusula de barreira e manter acesso ao fundo partidário. O acordo de fusão levou Resende à vice-presidência e Barroso, ao comando da nova sigla, que manteve o nome.

SEM TRANSPARÊNCIA – Resende e Costa se queixaram do que consideraram “falta de transparência” na suposta negociação entre Barroso e Bolsonaro. Ovasco Resende cobrou do dirigente esclarecimentos dos termos que podem resultar na filiação do presidente ao partido, chamou Adilson Barroso de “autoritário” e disse temer que seu grupo seja destituído para acomodar aliados de Jair Bolsonaro.

— Nós não temos nada contra o Bolsonaro. A questão é a forma. Como é que ele (Bolsonaro) vai vir? O que ele quer? Para mim isso é uma cilada. Como é que a gente, nessa insegurança toda que o senhor criou, vai ser responsável de colocar um presidente da República numa situação dessa? Amanhã os presidentes municipais aqui podem estar todos fora — declarou Ovasco Resende.

Fred Costa insinuou que Barroso dá um “golpe” ao tentar filiar Bolsonaro, segundo ele, sem “passar por uma decisão coletiva”. Ele se queixou de membros do diretório nacional terem sido excluídos do órgão por uma decisão individual de Barroso.

DE FORMA ERRÔNEA — “Aqui a discussão nossa não é contra ou a favor do Bolsonaro. É sobre a condução e a forma errônea, ao excluir membros do diretório sem o devido aparato legal e sem previsão no regimento interno. Eu quero a vinda do Bolsonaro, mas com a garantia de que vocês serão mantidos (em seus cargos). Ou será que serão retirados?

Adilson Barroso, por sua vez, disse ter um “projeto de nação”: “Eu não aceito trocar o partido por qualquer coisa que faça o partido não progredir” — disse.

Se Jair Bolsonaro se filiar ao Patriota, será sua segunda passagem pela legenda. Em 2017, enquanto negociava a candidatura do então deputado federal, o Partido Ecológico Nacional (PEN) foi rebatizado de Patriota, numa tentativa de seduzir Bolsonaro.

PASSAGEM-RELÂMPAGO – A família Bolsonaro participou da transformação da legenda, mas acabou migrando para o PSL numa negociação envolvendo seu então braço direito, Gustavo Bebianno, e o presidente nacional da sigla, Luciano Bivar. Jair Bolsonaro disputou a presidência pelo PSL, venceu o pleito e ajudou a eleger uma bancada 53 deputados federais — feito inédito para um partido que havia eleito somente um parlamentar na eleição anterior.

Em novembro de 2019, Bolsonaro rompe com Luciano Bivar e se desfilia do PSL. O racha divide a bancada entre “bivaristas” e bolsonaristas, que se lançam numa empreitada para fundar o próprio partido de Bolsonaro, o Aliança pelo Brasil.

Um ano e meio após ser lançado, o Aliança amarga uma baixa coleta de assinaturas necessárias para a obtenção oficial do registro definitivo no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Com o projeto naufragando, Bolsonaro começou a negociar com outras legendas, como PP, PTB, Republicanos, PMB (agora Brasil 35) e o próprio PSL.

Página não oficial da ROCAM (PMPE) posta vídeo das agressões a manifestantes dizendo combater o comunismo

Página não oficial da ROCAM (PMPE) posta vídeo das agressões a manifestantes dizendo combater o comunismo

Covid-19: Dono de bar tranca clientes em estabelecimento e foge para evitar fiscalização na Bahia

 Por G1 BA e TV Bahia

 

Vacina contra Covid-19 em Aracaju: veja quem pode ser vacinado hoje e o que fazer

 Por G1 SE

 

Saúde admite risco de colapso no Nordeste e anuncia envio de 5,1 mil aparelhos de oxigênio


Saúde admite risco de colapso no Nordeste e anuncia envio de 5,1 mil aparelhos de oxigênio
Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou que a pasta vai enviar 5,1 mil concentradores de oxigênio para unidades de saúde que atendem pacientes com Covid-19 no Norte e no Nordeste do país. O anúncio foi feito em visita a Pernambuco, que receberá 148 aparelhos até o dia 10 de junho.

 

"Estamos visitando a região, pois sabemos que há ameaça de colapso no sistema de saúde, sobretudo em função do insumo oxigênio", admitiu o ministro. Ele não mencionou a quantidade que será enviada à Bahia.

 

De acordo com a Agência Brasil, ao ser questionado se havia risco de colapso por falta de oxigênio mesmo após o envio desses concentradores, ele disse que o governo trabalha para que isso não aconteça. “Só que lidamos com a imprevisibilidade biológica porque esse vírus sofre mutação e pode ter variantes que podem ter comportamento biológico diferente, o que leva pressão maior para o sistema de saúde. Mas as autoridades sanitárias estão empenhadas para que não haja falta de oxigênio”, acrescentou.

 

Ele ponderou, no entanto, que a distribuição e logística de oxigênio "é questão complexa", já que ele também é distribuído em cilindros, especialmente nos municípios de menor porte. Segundo o ministro, "há carência de cilindros", mas o ministério tem apoiado as secretarias municipais para que não falte o aparelho.

Bahia Notícias

Delação na Faroeste abre flancos sobre venda de decisões contra Petrobras

por Fabio Serapião e José Marques | Folhapress

Delação na Faroeste abre flancos sobre venda de decisões contra Petrobras
Foto: Max Haack/ Ag Haack/ Bahia Notícias

A delação de um advogado especialista em venda de decisões judiciais expande para julgamentos de diversas outras causas as investigações relacionadas à Operação Faroeste, que apura suspeitas relacionadas a disputas de terras na divisa da Bahia com Tocantins e Piauí.

 

Entre elas, tentativas de interferência em concorrências públicas de prefeitura e secretaria estadual, pagamentos de indenização e até desapropriação de uma barraca de praia.

 

O delator é Júlio César Cavalcanti Ferreira, 34, que foi assessor do Tribunal de Justiça da Bahia e depois passou a atuar com prospecção de possíveis casos que pudessem render dinheiro na compra de decisões. Os documentos da colaboração foram obtidos pela Folha.

 

O acordo foi firmado junto à Procuradoria-Geral da República e homologado pelo ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Og Fernandes no fim de março do ano passado. Em troca, além das informações e de provas, Cavalcanti se comprometeu a entregar R$ 2,2 milhões e seus veículos (saiba mais aqui e aqui).

 

Desde a autorização do STJ, a delação de Cavalcanti tem sido usada como subsídio para as ações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal na Faroeste.

 

Em seus depoimentos, o advogado afirma que chegava a colocar decisões que ele próprio elaborava, a pedido dos seus clientes, no sistema do Tribunal de Justiça da Bahia. A interlocutores de magistrados ele repassava o dinheiro que recebia dos clientes, como propina.

 

A magistrada de quem ele era mais próximo é a desembargadora afastada Sandra Inês Rusciolelli. Segundo seus relatos, os subornos a ela, em geral, eram repassados para o seu filho, o advogado Vasco Rusciolelli, que atuava como intermediador da mãe.

 

Em uma ação controlada e monitorada pela Polícia Federal, Júlio entregou R$ 250 mil a Vasco e complicou a situação jurídica de mãe e filho.

 

Tanto Sandra Inês como Vasco foram presos e propuseram delação ao Ministério Público Federal, que aguarda homologação do ministro Og Fernandes para ter validade. Hoje estão em prisão domiciliar. Há outras delações que também esperam essa decisão do STJ.

 

Na colaboração de Júlio Cavalcanti constam episódios considerados conexos ao esquema que envolvia supostas vendas de decisões no oeste da Bahia, que deu origem à Operação Faroeste, mas também a outros processos. Em parte deles foi determinado o envio à Bahia para investigação e em outra parte o sorteio entre outros ministros do STJ.

 

Nem em todos os relatos dele, porém, as decisões que foram compradas chegam a ser publicadas –muitas vezes o relato é de que houve motivos externos, como determinações de outros magistrados, ou porque a transição não foi concluída devido à deflagração da Faroeste.

 

Um interlocutor constante de Cavalcanti em seus relatos era o advogado Rui Barata, filho da desembargadora Ligia Cunha, hoje presa.

 

Em um dos anexos considerados não conexos na delação, Cavalcanti disse ter intercedido em favor de um posto que enfrentava um recurso da Petrobras e do estado da Bahia.

 

Em primeira instância, um juiz havia decidido que ambos deviam pagar R$ 5,7 milhões de indenização aos proprietários do posto por uma desapropriação, valor que era contestado.

 

Segundo seu relato, recebeu em mãos de Rui Barata, que representava os interesses do posto, a minuta da decisão pronta em um envelope com um pen drive. A promessa é que lhe seriam repassados R$ 150 mil e uma parte desse dinheiro seria dividido com Vasco, filho de Sandra Inês, relatora do processo.

 

O voto foi colocado no sistema do TJ-BA e lido na sessão, segundo o delator. “Não acompanhei o desfecho desse processo, porque foi depois da operação da Polícia Federal”, disse Cavalcanti em depoimento à PGR.

 

Em dois casos ele aponta decisões referentes a licitações. Uma delas era um processo que envolvia a Prefeitura de Camaçari e havia sido questionada em primeira instância. Ele deveria se manifestar contra essa contestação, porque beneficiaria uma empresa que participou da licitação, mas não constava no processo.

 

Para isso, foram negociados, disse o delator, pagamento de R$ 60 mil, dos quais R$ 20 mil ficaram com ele e outros R$ 40 mil para Ivanilton Jr., filho do desembargador Ivanilton Silva.

 

O advogado de Ivanilton Silva, João Daniel Jacobina, afirma que "o delator não relata qualquer participação do desembargador Ivanilton, muito menos apresenta qualquer prova nesse sentido". "Afirma que o des. Ivanilton jamais recebeu dele qualquer valor. Mais uma ficção criada por um criminoso confesso a fim de melhorar sua situação", diz Jacobina.

 

Já o de Ivanilton Jr., Gabriel Andrade, diz que a delação é inverídica e "é tão contraditória, a ponto de apresentar minuta da decisão que alega ter sido negociada, quando, na realidade, consta nos autos do processo a publicação de outra decisão em sentido diametralmente oposto”.

 

O segundo caso que envolve licitação, segundo o colaborador, tem relação com uma decisão contra a Secretaria de Saúde da Bahia. Foi negociada uma quantia que ele diz ser de R$ 120 mil a R$ 150 mil com Rui Barata, para intervir junto à sua mãe, desembargadora Ligia Cunha, em favor de um instituto que disputava concorrência pública.

 

O defensor de Rui e Ligia, Marcelo Leal, afirma que a denúncia é inepta e que investigadores não conseguiram nem sequer encontrar transferências bancárias ou depósitos dos valores alegados pelo delator.

 

Houve ainda o caso da desapropriação de uma barraca de praia da cidade de Porto Seguro, no sul da Bahia. O delator afirma ter negociado R$ 40 mil para redigir um voto que seria dado pela desembargadora Sandra Inês, mas houve um pedido de vista (análise por mais tempo) por outra magistrada antes. O valor acabou não sendo pago.

 

Ele também atuou em um caso de redigir o voto em uma ação de anulação de débito fiscal em Salvador. Foram negociados R$ 250 mil e pagos, efetivamente, R$ 212 mil. Esse dinheiro foi dividido com o filho de Sandra Inês, Vasco.

 

Na delação ainda são descritas questões ligadas à Faroeste, a exemplo de ações a respeito de matrículas de propriedades. Nesses casos, há tratativas de valores mais altos, que chegam a R$ 1 milhão.

 

Procurado, o advogado de Sandra Inês e Vasco Rusciolelli, Pedro Henrique Duarte, afirma que "defende ambos em um processo sigiloso" e não teve acesso formal à colaboração de julho, que tramita em sigilo. "Portanto, não há o que se manifestar em relação aos três processos", diz.

 

O ponto de partida para a Faroeste foram suspeitas de grilagem em uma área de 366 mil hectares no extremo oeste da Bahia, próximo à divisa com o Piauí —por isso o nome da operação. O terreno tem cinco vezes o tamanho de Salvador. Depois, descobriu-se que a área objeto de decisões supostamente compradas era próxima de 800 mil hectares.

 

A apuração da Faroeste se expandiu com a ajuda de delações premiadas já validadas pelo STJ, como a de Júlio. Além de magistrados, a operação tem investido sobre advogados que atuavam intermediando a venda de despachos, além de outras figuras do poder público suspeitas de participar de irregularidades.

 

Três desembargadoras estão presas preventivamente, além de Sandra Inês, que está em regime domiciliar.


Bahia Notícias

Entre a cruz e a espada: Aglomerar contra o governo é o mesmo que a multidão a favor

por Fernando Duarte

Entre a cruz e a espada: Aglomerar contra o governo é o mesmo que a multidão a favor
Foto: Francis Juliano/ Bahia Notícias

Entre a cruz e a espada. Não é uma cruzada medieval, mas sim a forma como as manifestações que aconteceram neste final de semana podem ser interpretadas. Depois de diversas críticas ao grupo de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro por provocarem mobilizações em meio a pandemia, os adversários dele fizeram o mesmo. Para seguir caminhos similares à trincheira das redes sociais: "enfim, a hipocrisia".

 

Não que não existam motivos para criticar a gestão federal durante a pandemia. Sobram, inclusive. Porém movimentos sociais e adversários políticos incorreram no erro dos atos a favor de Bolsonaro. Não há movimento ordeiro quando se reúnem centenas ou dezenas de pessoas. Há aglomeração e ponto. Fingir que isso não se torna um foco de disseminação do coronavírus chega a ser insulto à inteligência alheia. Fez-se uma opção clara. Agora é preciso arcar com os eventuais impactos políticos dela.

 

Para quem é antibolsonarista, o esforço foi justificável. Enquanto o governo segue negacionista, os números não param de crescer e a pandemia segue fora de controle. Encontrar uma forma de vociferar isso publicamente é o desafio dessa geração que foi engolida pela mobilização da bunda sentada no conforto dos lares. E, neste sábado, a ideia foi bradar um basta nas ruas. Mas isso gera exatamente um dos pontos mais críticos da relação entre Bolsonaro e a pandemia, a constante criação de fatos políticos que tentam esconder a realidade dos fatos: multidões são o caldo ideal para que o vírus se espalhe. Essa mobilização rendeu frutos, já que pautou a imprensa e as rodas de conversas. Está longe de ampliar a crise política, mas permite avaliar que há gente disposta a sacrificar os próprios ideais sob o manto da defesa dos interesses da nação. Algo bem bolsonariano, convenhamos.

 

Já o lado pró-Bolsonaro teve que lutar para alinhar o discurso. Ao admitir a reunião de centenas ou milhares, consolidava o argumento que eles não controlam sozinhos a narrativa. Ao criticar os atos por gerarem aglomerações, também sinaliza que o erro cometido por eles mesmos é real e com impacto negativo na pandemia. É uma faca de dois gumes, cuja escolha mais fácil de ser multiplicada é que a oposição ataca as aglomerações, mas não se absteve de fazê-las para atacar o governo. Para quem gosta de teorias de conspiração, nada mais simples de se reproduzir. Está aí um terreno fértil para esse agrupamento que prefere acreditar que houve empenho de Bolsonaro para enfrentar a pandemia.

 

Esse desacordo entre teoria e prática, entre a incorporação e desestruturação das mobilizações, entre governo e oposição dividiu a cena política. Tanto que os partidos, formalmente, não quiseram figurar como organizadores, ainda que tenham agido para estimular o que se viu em diversas partes do país no sábado. Na Bahia, mesmo com uma maioria contrária aos posicionamos de Bolsonaro, por exemplo, nenhuma grande liderança emergiu para capitalizar politicamente o ato. No máximo dar um "oi" para não passar completamente despercebido. Se foi para demarcar território, o movimento não foi inútil. Porém não dá para fingir que não há um quê de hipocrisia para o contexto da pandemia. O governo federal segue em sangria e dificilmente vai conseguir estancar rapidamente. O problema é que não há multidão ordenada que justifique o risco de aglomerar. Entre a cruz e a espada, o Brasil vive com os dois.

Médico brasileiro faz piada sexista e misógina com muçulmana e é preso no Egito

 Segunda, 31 de Maio de 2021 - 09:40

Médico brasileiro faz piada sexista e misógina com muçulmana e é preso no Egito
Foto: Reprodução/Instagram

Autoridades do Egito prenderam médico brasileiro Victor Sorrentino neste domingo (30) depois que ele publicou um vídeo em que aparece importunando e assediando uma mulher muçulmana. A informação foi confirmada pela revista Marie Claire.

 

Sorrentino é conhecido também por ser influenciador digital e  publicou o vídeo no perfil do Instagram que soma quase um milhão de seguidores. No vídeo ele aparece fazendo comentários sexistas dirigidos a uma mulher que vendia papiro, um material parecido com papel que era usado pelos antigos egípcios para escrever.

 

Uma das frases ditas pelo médico, aos risos, no vídeo é: "Vocês gostam mesmo é do bem duro, né? Comprido também fica legal, né?”.

 

Victor fez os comentários sexistas em português e estava acompanhado de um amigo no momento. A vendedora não compreendeu e apareceu concordando e sorrindo, enquanto o médico e seu amigo dão risadas.

 

A reportagem da Marie Claire destaca que após a repercussão do caso e críticas, Victor tornou o perfil privado e postou um novo vídeo em que pede desculpas.

 

“Eu sou assim. Sou um cara muito brincalhão”, disse Sorrentino à mulher. Ele disse ainda que costuma fazer esse tipo de “brincadeira” com amigos e familiares, mas que não tinha o direito de fazer com uma desconhecida. “Como eu vi que tu é uma pessoa risonha e estava brincando junto com a gente, eu acabei brincando”, justificou.

 

O Ministério do Interior publicou um comunicado em sua página no Facebook informando a prisão do brasileiro. "O Ministério do Interior conseguiu prender um estrangeiro por assédio a uma menina depois de publicar um vídeo contendo o incidente de assédio nas redes sociais na Internet. Os serviços de segurança conseguiram identificar a vítima e o autor do incidente, e tomar as medidas judiciais contra ele e apresentar ao Ministério Público competente", disse o comunicado.

Bahia Notícias

CPI pode reverter danos do governo ou ser o último suspiro da democracia brasileira

Publicado em 30 de maio de 2021 por Tribuna da Internet

Charge do Caco Galhardo (Site Um Brasil)

Rodrigo Zeidan
Folha

“Leões liderados por asnos, repetidamente.” Essa foi a frase que Dominic Cummings, ex-principal conselheiro do primeiro-ministro britânico, usou para descrever a resposta à pandemia por Boris Johnson e seus ministros. O Parlamento inglês criou um inquérito, equivalente a uma CPI no Brasil, para investigar as respostas do governo inglês à pandemia.

Os leões seriam os técnicos, na maioria funcionários públicos de carreira, que trabalhavam incessantemente para criar planos de ações para impedir o alastramento do vírus e os asnos seriam os políticos do alto escalão do governo.

PILHA DE MORTOS – Cummings acusou Boris Johnson de dizer que preferiria ver pilhas de mortos a instituir um terceiro lockdown (o que acabou acontecendo de qualquer maneira, em janeiro deste ano) e denunciou o ministro da Saúde, Matt Hancock, por mentir reiteradamente aos seus subalternos e à população.

Essas mentiras incluiriam a promessa de que qualquer paciente idoso que recebesse alta seria testado antes de poder voltar ao asilo em que morasse. Mas milhares de pacientes não foram testados e, em razão disso, os casos de Covid nos asilos explodiram. As mortes de dezenas de milhares de idosos poderiam ter sido evitadas se o governo simplesmente tivesse feito o que prometeu.

O inquérito parlamentar no Reino Unido não é um fato isolado. É parte de reações institucionais aos descalabros dos líderes contraliberais eleitos nos últimos anos.

NÃO É BEM ASSIM – No Brasil, temos uma tendência de analisar processos políticos locais como se estivéssemos isolados do resto do mundo, mas não é bem assim.

O golpe militar no Brasil teve correspondentes em outros países latino-americanos, e as eleições de Collor, Lula e do atual presidente foram influenciadas por processos políticos similares no resto do mundo. Collor, no Brasil, Menem, na Argentina, Gortari, no México, Fujimori, no Peru, e Pérez, na Venezuela, foram eleitos ao prometer reformas de mercado para combater inflação e outras mazelas.

NA MESMA MARÉ – Lula subiu ao poder na mesma maré rosa que trouxe presidentes de esquerda como Kirchner, na Argentina, Chávez, na Venezuela, e Evo Morales, na Bolívia. E o atual presidente chegou ao topo no Brasil com outros políticos contraliberais, como Trump, nos Estados Unidos, Erdogan, na Turquia, Duterte, nas Filipinas, Johnson, no Reino Unido, Salvini, na Itália, e Orbán, na Hungria.

O que está acontecendo hoje no Brasil, no Reino Unido e nos EUA, no qual o equivalente a uma CPI está para ser instalado para investigar a invasão ao Capitólio no início de janeiro, é uma reação dos Estados contra a destruição das instituições públicas, que é o principal objetivo do contraliberalismo.

Mas isso não é sinal de que o contraliberalismo está se esgotando. Em alguns países, os políticos contraliberais mais radicais, de extrema direita, venceram.

MAIS PODERES – Na Hungria e na Turquia, Orbán e Erdogan conseguiram concentrar mais poderes e limitar as ações da mídia e de políticos de oposição.

CPIs e inquéritos parlamentares não são o mecanismo ideal, mas são as formas mais diretas para punir governos populistas e reverter o desmantelamento dos instituições democráticas. No Brasil, evidências do descaso do governo não faltam. Por mais torta que se possa parecer, haja vista a qualidade dos nossos políticos, a CPI da pandemia pode reverter alguns dos danos do governo de extrema direita. Ou pode terminar sendo o último suspiro da democracia brasileira.


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