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terça-feira, maio 31, 2022

PF reúne partidos para ‘alinhamento estratégico’ da segurança de candidatos




A Polícia Federal realiza nesta terça-feira, 31, uma reunião com representantes de partidos políticos para a apresentação do plano de segurança para proteção aos candidatos à Presidência da República. O encontro para 'alinhamento estratégico' será realizado na sede da PF em Brasília a partir das 11h30.

A medida faz parte da chamada Operação Policial de Proteção aos Presidenciáveis, que teve início em março. A PF é responsável pela segurança dos presidenciáveis durante o processo eleitoral.

Na corrida eleitoral de 2022, são pré-candidatos: Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Jair Bolsonaro (PL), Simone Tebet (MDB), André Janones (Avante), Ciro Gomes (PDT), Luciano Bivar (União Brasil), Luiz Felipe d'Avila (Novo), Eymael (DC), Vera Lúcia (PSTU) e Leonardo Péricles (UP).

Em um primeiro momento, os partidos foram contatados para que fosse informado à corporação se possuíam candidatos à presidência e dar inícios às tratativas de segurança.

Em abril, foi instituído o Curso de Proteção à Pessoa, para servidores da PF e convidados, com o objetivo de formar operadores para as equipes de segurança dos candidatos à Presidência da República nas eleições de 2022.

O curso teve duração de 20 dias, sendo realizado entre 2 e 20 de maio, diz a corporação.

Estadão / Dinheiro Rural

Eleição e moderação




Se os candidatos alterassem radicalmente seus programas, o voto não seria afetado

Por Marcus André Melo (foto)

Muitos esperavam que a disputa eleitoral produzisse um deslocamento centrípeto por parte dos dois principais contendores do pleito. Assim, Lula e Bolsonaro tenderiam à moderação e abandonariam os pontos mais radicais de suas agendas. Isto pode ser observado no passado, mas não no presente. Os candidatos têm falado para seus públicos internos.

A escolha de Alckmin para vice parece exceção; mas na realidade representa um seguro político —um compromisso crível— para cenário de eventual crise institucional, não concessão programática. A aproximação com o centrão é estratégia de sobrevivência política, não abandono de questões controversas da agenda pública.

O modelo analítico que informa a conjetura de convergência é clássico: a preferência do eleitor mediano baterá as demais, em escolhas binárias, o que criaria incentivos centrípetos para as candidaturas.

Há dois problemas com essa visão. O primeiro é que a expectativa pressupõe que a agenda pública seja a clássica , unidimensional, em torno de questões de natureza sócio econômica —política social, desemprego etc— e comportamental. Na realidade, atualmente ela envolve duas dimensões cruciais adicionais: a republicana/corrupção e a liberdades/democracia.

Grande parte do antipetismo tem por base a primeira; a rejeição a Bolsonaro, por sua vez, envolve a segunda. Essas dimensões são em larga medida ortogonais à primeira: a esquerda corrupta ou que apoia regimes autoritários; ou o conservadorismo democrático ou republicano, por exemplo, não cabem na dimensão unidimensional. No contexto multidimensional, portanto a expectativa de convergência falha.

O segundo e mais importante refere-se à natureza afetiva da polarização atual que está ancorada fundamentalmente nestas duas dimensões, e não em aspectos programáticos. Estes ocupam um lugar acessório. Proponho um experimento mental: se Lula ou Bolsonaro mudassem seus programas substancialmente, o voto seria afetado? Isto sugere que o espaço de crescimento para uma terceira candidatura será a rejeição afetiva das duas candidaturas, não seu programa.

A rejeição ao rival não permite gradações, travando o deslocamento ao centro, que não ocorre como esperado. Há incentivos para que os candidatos focalizem o seu núcleo duro de apoiadores, e não convirjam. Esta estratégia é eficiente do ponto de vista eleitoral, porque se alimenta de emoções e oblitera o caminho para outras alternativas.
Mas há limites como fica claro na pesquisa Quaest/Genial que mostrou o impacto negativo da graça concedida ao deputado Daniel Silveira sobre a popularidade presidencial. Muita balbúrdia vira ruído.

*Professor da Universidade Federal de Pernambuco e ex-professor visitante do MIT e da Universidade Yale (EUA).

Folha de São Paulo

A ameaça populista




Diante da vitória iminente da esquerda, direita se rebela e troca moderado por populista

Por Mathias Alencastro* (foto)

A história da última semana da eleição colombiana soa como a repetição de um enredo cada vez mais comum nas democracias liberais. Diante da vitória iminente da esquerda, liderada pelo moderado Gustavo Petro, a direita se rebela e troca um opositor moderado por um populista.

Quem desempenha esse papel é o oligarca-bufão Rodolfo Hernández. Ele ultrapassou Federico "Fico" Gutiérrez, o jovem liberal apoiado por todos os partidos da direita tradicional, e chegou ao segundo turno contra Petro com uma campanha relâmpago que retoma a receita original dos populistas: demagogia anticorrupção, anticomunismo enfurecido e uso exclusivo das redes sociais.

A passagem para a segunda volta eleva a tensão das presidenciais. Todos os candidatos circulam pelo país acompanhados de escoltas militares, e ameaças de assassinatos são denunciadas cotidianamente.

Petro sabe que toda a tensão gira em torno da sua candidatura. Sua biografia reflete o longo caminho da Colômbia em direção à paz. O ex-membro da guerrilha M-19 teve uma passagem bem-sucedida pela política institucional, servindo como senador e prefeito, antes de construir a primeira plataforma de partidos progressistas com condições de vencer as presidenciais.

O veterano soube explorar as mudanças trazidas pelo acordo de paz de 2016. Desde então, as guerrilhas marxistas deixaram de ser um fardo para a esquerda, e Petro finalmente conseguiu organizar essa eleição em torno dos temas que mobilizam as classes populares, como a desigualdade e o Estado social. Sinal de força da sua coalizão, entregou recentemente as chaves da sua campanha a Alfonso Prada, antigo secretário da Presidência de Juan Manuel Santos, o conservador arquiteto do processo histórico.

A candidatura de Petro também cresce em cima do fracasso da direita tradicional. O atual presidente, Iván Duque, eleito em 2018 por aqueles que se opunham ao pacto de paz, perdeu o controle do país durante a pandemia, marcada por protestos violentos e enormes perdas humanas entre os mais vulneráveis.

Em posição de força para unir a direita e recuperar uma parte dos votos antissistema, Hernández tem tudo para ser um rival muito mais forte do que Gutiérrez no segundo turno contra Petro.

Lamentavelmente, a instabilidade política ofusca a qualidade do debate programático. Enquanto Hernández é mais conhecido por confundir Albert Einstein e Adolf Hitler, as propostas de Petro o colocam na vanguarda das esquerdas latino-americanas. Sua política de segurança passa por romper a colusão entre o crime organizado e a elite política, que assombra o país desde a década de 1980, promovendo uma inversão de paradigma no controle de substâncias ilícitas.

Ele também propõe interromper as explorações de petróleo e gás, um anátema para desenvolvimentistas, e não hesita em fazer um paralelo entre o governo direitista de Duque e o do venezuelano Nicolás Maduro.

Basta ele cumprir metade do seu programa para inaugurar uma nova era na América Latina. Mas quem realmente inspira o futuro da Colômbia é a sua vice, Francia Márquez, negra, feminista, ecologista e de uma coragem avassaladora. Numa disputa entre profissionais da política, a verdadeira mudança é ela.

*Pesquisador do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento, ensina relações internacionais na UFABC

Folha de São Paulo

Cientistas analisam cérebro de cães e concluem que eles também são 'pessoas'




Atividade de parte do cérebro canino é similar a dos seres humanos

Junho/2017

Pesquisadores obtiveram imagens de atividade cerebral de animais acordados que mostram boas similaridades entre os caninos e nós

Um grupo de cientistas treinou cães para serem submetidos ao exame de ressonância magnética com a intenção de gerar material científico sobre como o cérebro desses animais funciona. Após dois anos de estudos, um dos pesquisadores, Gregory Burns, defende: os cachorros são 'gente', como nós. As informações foram divulgadas pelo jornal The New York Times.

A experiência é inovadora porque, até então, a medicina veterinária recomendava que o exame só poderia ser feito em cães anestesiados, uma vez que o animal precisa ficar imóvel na máquina apertada e barulhenta. Animais adormecidos não apresentariam resultados úteis para o tipo de pesquisa que os cientistas estavam desenvolvendo.

Gregory começou por treinar a sua mascote, a cadelinha Callie. Foram meses de ensinamentos para que ela se acostumasse a uma máquina de ressonância magnética de mentira, depois uma de verdade.  Após alguns meses, conseguiram realizar o exame e obtiveram os primeiros mapas de atividade cerebral.

Os pesquisadores procuraram tratar os animais como se fossem pacientes humanos: não lhes obrigavam a realizar os exames e eles poderiam abandonar a pesquisa quando quisessem.

O sucesso, a promessa de revelar como os cães pensam e o tratamento dado pela equipe de cientistas aos animais, chamaram a atenção da comunidade dos donos de cães e a equipe de Gregory passou a contar com uma dúzia de mascotes caninos para os testes.

Não, ainda não podemos dizer como os cães pensam. No entanto, os resultados acerca de uma área específica do cérebro já podem dar algumas pistas. O núcleo caudado, presente tanto nos humanos quanto nos caninos, está relacionado nos humanos ao prazer causado por coisas que gostamos: comida, música e até mesmo beleza.

Com os cães, os cientistas concluíram que essa área do cérebro apresenta atividade parecida: ela reagia a sinais que indicavam comida, ao cheiro de pessoas conhecidas e até mesmo ao retorno do dono após um período ausente.

“A habilidade para sentir emoções positivas como, por exemplo, amor e apego afetivo, colocaria os cães no mesmo nível de sentimentos comparado ao de uma criança”, escreveu Gregory ao jornal The New York Times. Ele acredita que os estudos servirão para mudar o modo como a sociedade trata os cães.

“Cachorros e, provavelmente, muitos outros animais parecem ter emoções assim como nós. Isso significa que devemos rever o tratamento de animais de estimação enquanto propriedade”, defende.

O Estado de São Paulo

Futuro nebuloso para a Petrobras - Editorial




A título de conter os preços dos combustíveis e melhorar suas chances eleitorais, Bolsonaro desafia as barreiras administrativas e legais, pondo em risco a saúde da estatal

A Lei das Estatais, aprovada pelo Congresso em 2016, foi um marco na história do País. Em resposta aos escândalos revelados pelas investigações da Operação Lava Jato e aos prejuízos bilionários registrados pela Petrobras e Eletrobras, o Congresso conseguiu aprovar, em menos de um ano, uma legislação capaz de impor às empresas princípios de transparência e responsabilidade, como requer a administração pública, e aliá-los a regras de governança corporativa típicas do setor privado. O fato de ainda não ter completado seis anos de vigência e de suas bases já estarem sob ataque intenso do Executivo diz muito sobre a natureza do governo Jair Bolsonaro.

Uma das primeiras exigências dessa legislação foi obrigar as empresas públicas, em particular aquelas com capital aberto, a adaptarem seus estatutos às novas regras. Estruturas tiveram de ser criadas, como o Comitê de Pessoas, órgão estatutário que avalia os currículos dos executivos indicados para compor a diretoria e o Conselho de Administração das empresas, em cumprimento ao veto legal à nomeação de políticos, líderes sindicais e pessoas com conflitos de interesse.

Não há dúvidas de que todas essas mudanças resgataram a moralidade dentro das estatais. A Petrobras demonstra que esses princípios podem ser mensurados não apenas em termos teóricos, mas também por resultados – basta ver os lucros registrados nos últimos anos. Não se trata de coincidência, mas relação de causa e efeito. O estatuto reforçou ainda dispositivos de leis anteriores, deixando claro que conselheiros e diretores estão sujeitos à responsabilização pessoal e perda de bens caso seus atos causem prejuízos à empresa – ainda que isso não vá ao encontro das vontades de um presidente da República estagnado nas pesquisas de intenção de voto.

Nenhuma lei ou estatuto impede mudanças na direção das empresas; alterações são permitidas a qualquer tempo, mesmo por motivos errados, como prova a indicação de Caio Mario Paes de Andrade, o quarto a assumir a Petrobrás em menos de três anos e meio. Seus antecessores caíram pela mesma razão: mantiveram a política de preços de combustíveis da companhia alinhada ao Preço de Paridade Internacional (PPI), adotado, assim como a Lei das Estatais, no mesmo ano de 2016. E como o Estadão mostrou, a pretexto de conferir mais previsibilidade e com a desculpa da volatilidade ocasionada pela guerra entre Rússia e Ucrânia, o próximo passo a ser seguido pelo governo é reduzir a frequência dos reajustes, de forma que a Petrobras possa “dar sua contribuição neste momento”.

Para isso, não haverá limites, e já se cogita trocar, novamente, conselheiros e diretores por pessoas alinhadas a esse plano. Nada de novo na gestão bolsonarista, haja vista suas falas na famigerada reunião ministerial de abril de 2020, em que deixou claro que trocaria delegados, superintendentes e até o ministro para interferir na Polícia Federal. A canetada na política de preços provavelmente exigirá uma mudança do estatuto, já que ele proíbe a Petrobras de vender combustíveis com prejuízo a não ser que a companhia seja compensada pela União – e o Executivo não tem a menor intenção de indenizá-la. Paradoxalmente, como mostrou o Estadão, a ideia conta com o apoio do ministro da Economia, Paulo Guedes.

À época em que a Lei das Estatais foi aprovada, um dos principais argumentos da equipe de articulação política do então presidente Michel Temer era a necessidade de impedir que as empresas públicas voltassem a ser assaltadas no futuro. A chegada de Bolsonaro ao governo mostra que as piores previsões se confirmaram mais rapidamente do que se imaginava – e nem mesmo a lei, por enquanto não revogada, foi um obstáculo a essas intenções. O pior é que, nesse ponto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, concorda com ele. Em uma entrevista a uma rádio, Lula disse que não adiantaria trocar o presidente da Petrobras caso a política de preços fosse mantida. Se depender dos candidatos mais bem colocados nas pesquisas, o futuro da Petrobras será tão nebuloso quanto seu passado recente.

O Estado de São Paulo

As lideranças ligadas ao garimpo na Amazônia que vão tentar vaga no Congresso na eleição de outubro




José Altino Machado (à esquerda) e Rodrigo Mello (à direita) são lideranças ligadas a garimpeiros na Amazônia e pré-candidatos a deputados federais

Por Leandro Prazeres

Lideranças ligadas a garimpos e à mineração na Amazônia se filiaram a partidos políticos e lançaram pré-candidaturas de olho nas eleições deste ano.

O movimento acontece em meio ao avanço dos garimpos ilegais na Amazônia e às tensões entre invasores e indígenas.

Entre as lideranças que pretendem disputar um mandato estão um empresário investigado pela Polícia Federal por dar suporte a garimpos ilegais e um empresário conhecido por ter sido um dos precursores da invasão à área onde hoje existe a Terra Indígena Yanomami.

O garimpo ilegal no Brasil movimenta bilhões de reais de forma clandestina, especialmente na Amazônia.

Um estudo conduzido pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) divulgado em 2021 aponta que pelo menos um quarto da produção de ouro seria irregular.

A estimativa é de que pelo menos 48,9 toneladas de ouro produzidas em dois anos têm indícios de ilegalidade. A maior parte desse total teria origem em áreas da Amazônia.

Um levantamento da organização não-governamental MapBiomas aponta que houve um aumento de 495% na área desmatada por garimpos em terras indígenas entre 2010 e 2020.

Como resposta, órgãos como a Polícia Federal e o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) realizaram diversas operações para combater o avanço dos garimpeiros em áreas protegidas. Em várias delas, os policiais e fiscais destruíram o maquinário encontrado.

É em meio a esse contexto de tensão que as lideranças ligadas aos garimpeiros querem chegar ao Congresso Nacional.

Um deles é o empresário Rodrigo Mello, de Roraima. Conhecido como Rodrigo "Cataratas", em referência ao nome de uma de suas empresas, ele é o líder do Movimento Garimpo Legal (MGL) no Estado. Ele tem empresas de aviação e é dono de direitos minerários em áreas espalhadas pela região amazônica.

Em 2021, ele ficou conhecido após ele e suas empresas terem sido alvo de uma operação de órgãos federais como a PF e o Ibama contra a estrutura logística que abastecia os garimpos ilegais no estado.

A suspeita é de que suas aeronaves sejam usadas para transportar pessoas e suprimentos para os garimpos. Ele, no entanto, nega envolvimento em irregularidades. "Nenhuma das minhas aeronaves tem vínculo com garimpo ilegal", disse à BBC News Brasil.

No início do mês, ele liderou protestos contra uma delegação do Senado que foi a Roraima apurar denúncias de violência de garimpeiros contra indígenas da etnia yanomami.

Rodrigo Mello afirma que, caso seja eleito, uma de suas principais bandeiras será a regulamentação da mineração em terras indígenas. Atualmente, tramita no Congresso Nacional um projeto de lei enviado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre o assunto.

Em março de 2022, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), aliado do presidente Bolsonaro, chegou a anunciar que colocaria o projeto sobre a mineração em terras indígenas em pauta.

Após pressão da oposição e de movimentos sociais, ele recuou e criou um grupo de trabalho para discutir o assunto.

"Nós precisamos desenvolver a liberdade do indígena e a mineração em terra indígena para que ele possa se associar ou não a não-indígenas para minerar. É (o garimpo) é uma atividade regulamentar igual à pecuária e agricultura que são feitas em outros estados", afirma Rodrigo.

Indagado sobre os impactos ambientais e sociais causados pelo garimpo, Rodrigo defende, sem apresentar evidências, que a mineração é menos danosa que outras atividades desenvolvidas na região.

"É a atividade econômica com o menor impacto no ambiente. Se você compará-la com o manejo florestal, com a agricultura ou com a pecuária, vai ver que o impacto é mínimo", defende.

Pioneiro pré-candidato

Outro pré-candidato a deputado federal ligado ao garimpo é José Altino Machado, diretor da Associação dos Mineradores do Alto Tapajós (Amot). Machado é conhecido no mundo garimpeiro como um das suas principais lideranças e um dos pioneiros na instalação de garimpos na área em que hoje existe a Terra Indígena Yanomami, entre os anos 1970 e 1980.

Sua liderança sobre o movimento é reconhecida, inclusive, no mundo político. Em 2019 e 2021 ele manteve encontros com o vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos) e com seus assessores. Mourão preside o Conselho Nacional da Amazônia Legal (CNAL).

'José Altino Machado participou de reuniões com o vice-presidente Hamilton Mourão entre 2019 e 2021

Altino, como é conhecido, disse que, se eleito, vai defender as atividades econômicas existentes na região, entre elas, o garimpo.

"Vamos defender o garimpeiro. É a maior atividade econômica da Amazônia em número de pessoas. Não tem nenhuma outra com a qual ela possa ser comparada. Atrás do garimpeiro, vem o comerciante, tem toda uma economia por trás. Por último, chega o fazendeiro que cria a cidade", afirmou o pré-candidato.

José Altino Machado também é filiado ao PL, partido de Jair Bolsonaro.

Altino é um dos representantes dos garimpeiros do rio Tapajós, no Pará. Nessa região, houve um avanço expressivo da atividade garimpeira, especialmente em terras indígenas como a Munduruku e Kayapó.

Ele se defende das críticas feitas por ambientalistas sobre os impactos ambientais causados pelos garimpos. Segundo ele, a culpa por a atividade ocorrer de forma desordenada é do Estado brasileiro.

"Está escrito na Constituição que quem tem que organizar a mineração é o Estado, mas isso nunca aconteceu. Enquanto isso não acontecer de verdade, respeitando os interesses dos garimpeiros e não apenas das grandes mineradoras, essa desordem vai continuar ocorrendo", disse.

Altino também afirma querer se candidatar para influenciar o Congresso Nacional na elaboração de leis sobre a Amazônia.

"A maioria das leis sobre a região não são feitas ou relatadas por gente que conhece a Amazônia. Quando você vai ver, é gente que nunca pisou um pé lá", avalia.

Também no Pará está a pré-candidatura para deputado federal de Gilson Fernandes, presidente da Federação Brasileira da Mineração (Febram), que congrega, segundo ele, pequenos mineradores, especialmente, da Amazônia.

Fernandes, também filiado ao PL, explica que, enquanto Altino Machado e Rodrigo "Cataratas" atuam no ramo do ouro, a entidade que ele presidente representa mineradores que atuam na exploração de outros minerais como cobre e manganês.

Caso seja eleito, ele diz que vai defender os direitos da categoria. Uma das pautas na qual ele promete atuar é contra a destruição de maquinário localizado em operações contra a mineração ilegal.

"Essa destruição de maquinário é um crime. A Constituição diz que ninguém pode ser privado do seu patrimônio sem um processo transitado em julgado. O agente do Ibama ou da PF, ao mesmo tempo em que ele faz papel da polícia, faz o papel do juiz. O cara tem o equipamento destruído sem direito a defesa", critica Fernandes.

Atualmente, a destruição de equipamentos em operações contra crimes ambientais é amparada por um decreto presidencial de 2008. Segundo a norma, os agentes podem destruir equipamentos para evitar que eles sejam usados em novas infrações ambientais ou se o transporte deles para outros locais for inviável.

Movimento se organiza

Para o secretário-executivo da organização não-governamental Observatório do Clima, Márcio Astrini, o lançamento de pré-candidaturas de lideranças ligadas ao garimpo na Amazônia é uma consequência do avanço da atividade na região.

"Os garimpos prosperaram durante os anos do governo Bolsonaro. É uma tendência que eles se organizem. Se antes havia conflito e eles tinham medo do estado ou da polícia, agora eles se sentem amparados para quererem ser representantes dessa atividade ilegal no Congresso", explica.

Astrini argumenta que essas pré-candidaturas contrastam tanto na pauta quanto nas condições financeiras em relação às chapas que lideranças indígenas tentam montar na região.

"As pautas são totalmente diferentes. Enquanto os indígenas querem aumentar a proteção ao meio ambiente, os líderes garimpeiros querem abrir as terras indígenas para a mineração e diminuir a fiscalização. Além disso, os garimpeiros têm muito mais recursos financeiros para bancar essas campanhas", avalia Astrini. 

BBC Brasil

Professor não é bandido - Editorial




Apoio ao ‘homeschooling’ é parte de cruzada ideológica para desmoralizar docentes, cuja tarefa é estimular o pensamento crítico, e escolas, local da convivência com o diferente

A educação convive historicamente com um paradoxo: espécie de unanimidade, quando se trata de elencar áreas prioritárias para o desenvolvimento, é comum outras ações furarem a fila das prioridades, em geral sob o argumento da urgência de preocupações mais imediatas. Seja como for, a ideia de que a educação é um pilar da sociedade − e que, por isso mesmo, merece atenção e investimento − beira as raias do consenso. Ninguém que se preze, especialmente autoridades e políticos, faz discurso contra a educação. Além de completo e absoluto equívoco, seria um tiro no pé.

Eis que a educação, até então reinante no imaginário da sociedade brasileira, passou a ser alvo de desconfiança. De parcela minoritária, é verdade, mas, ainda assim, estridente, capaz de desviar o foco dos desafios educacionais do País. Pior: gente que conta não só com a simpatia, mas com o apoio explícito e inconsequente do atual presidente da República e de seus seguidores mais entusiasmados.

O alvo da desconfiança, infelizmente, foram as escolas e os professores. De uma hora para a outra, apontaram-se dedos inquisidores para o local frequentado por mais de 40 milhões de crianças e adolescentes no Brasil e, claro, para os profissionais da educação. Chegou-se ao ponto em que alunos foram incentivados a sacar seus celulares e a filmar aulas, com o propósito de denunciar um suposto ativismo político de seus mestres. 

Conforme a retórica dessa acusação − bradada, em geral, com a certeza dos fanáticos −, os professores seriam agentes de uma lavagem cerebral esquerdizante, arquitetada com finalidades puramente ideológicas. Não só isso: a escola, centro de convivência com o outro e, portanto, com o que é diferente, teria virado um lugar ameaçador, capaz de infligir ideias e comportamentos indesejáveis aos filhos das famílias brasileiras. Seria risível, não fosse o fato de que há quem acredite firmemente nesse arrazoado de preconceito, má-fé e, acima de tudo, ignorância sobre o que se passa nas escolas do País.

O ensino domiciliar ou homeschooling, aprovado na Câmara dos Deputados e em vias de ser analisado no Senado, ecoa um pouco dessa visão distorcida sobre o papel da escola. Por óbvio, não se está aqui afirmando que todo defensor do homeschooling esteja imbuído de preconceito. Longe disso. O ensino domiciliar é modalidade adotada em outros países e, desde que siga parâmetros de qualidade e avaliação, poderá, sim, servir de alternativa às famílias que assim o desejarem. Aliás, o Supremo Tribunal Federal (STF) julgou que o homeschooling é constitucional, faltando apenas ser regulamentado por lei − o que o Congresso caminha para fazer.

A aprovação do homeschooling, todavia, não deveria, de forma alguma, reforçar nem encorajar discursos que se opõem à escola e que, equivocadamente, tentam desmoralizar os professores, tratando-os quase como bandidos. Ou alguém acha possível construir uma nação justa e desenvolvida sem escolas e sem professores?

Aos professores, pela natureza da função que exercem, cabe acompanhar seus alunos na busca do conhecimento, no desenvolvimento de habilidades e competências e na formação cidadã. Diariamente, em milhares de escolas espalhadas por todo o território nacional, milhões de professores e estudantes renovam esse pacto de construção do saber. O professor, ele próprio o resultado do sistema educacional onde atua, está lá para questionar, para ensinar a pensar e para acompanhar os estudantes na trilha do conhecimento. Como se viu nos últimos dois anos letivos durante a pandemia de covid-19, o fechamento de escolas trouxe prejuízos para a aprendizagem − e não o contrário. 

Os professores são profissionais a ser celebrados. A despeito de condições muitas vezes precárias em que atuam, da falta de carreiras e salários mais atrativos e da descontinuidade de políticas educacionais, eles exercem uma profissão que contribui diretamente para a formação das novas gerações e para o desenvolvimento do País. Nenhum sistema educacional jamais será melhor do que seus professores. Valorizá-los é o primeiro passo. 

O Estado de São Paulo

3 fatores que explicam por que mulheres serão decisivas na eleição de 2022




Mulheres são, pela primeira vez, maioria entre eleitores de todas as faixas-etárias

Por Nathalia Passarinho, em Londres

As mulheres são maioria entre eleitores de todas as faixas etárias, têm preferências eleitorais marcadamente diferentes das dos homens na disputa para presidente e compõem a maior proporção dos eleitores ainda indecisos. Esses três fatores fazem com que elas sejam encaradas como grupo decisivo na disputa de 2022.

Segundo especialistas ouvidos pela BBC News Brasil, conforme a vantagem entre os dois principais candidatos à Presidência, Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva, se reduz nas pesquisas de intenção de voto, as eleitoras que ainda não definiram o voto se tornarão o principal alvo das campanhas.

"Esses três elementos — as mulheres serem maioria no eleitorado, terem intenção de voto diferente dos homens e serem maioria entre os indecisos — torna o eleitorado feminino muito importante nessas eleições", disse à BBC News Brasil a cientista política Malu Gatto, professora da University College London, no Reino Unido, e especialista em participação feminina na política.

Entenda como cada um desses três fatores pode influenciar o resultado da eleição para presidente da República.

Diferença numérica entre eleitores homens e mulheres

Já faz um tempo que há mais eleitores mulheres que homens. Mas, neste ano, elas são, pela primeira vez, maioria em todos os grupos etários, inclusive entre quem tem 16 anos. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral, mulheres são 56% dos eleitores de 16 anos e homens são 42%, o que pode revelar um engajamento maior das jovens em voluntariamente participar dessas eleições, já que o voto só é obrigatório para maiores de 18 anos.

Há 20 anos, a população total de eleitoras era 2 pontos percentuais maior que a de eleitores homens. Agora, essa diferença é de 6 pontos percentuais — elas são 53% dos eleitores e eles, 47%.

Mulheres também são a grande maioria num segmento considerado chave nas eleições de 2022: o de eleitores evangélicos. Elas são quase 60% dos evangélicos no Brasil.

Em 2018, esse segmento votou em peso em Jair Bolsonaro — quase 70% dos evangélicos apoiaram o atual presidente no segundo turno contra o candidato do PT, Fernando Haddad. Neste ano, pesquisas de intenção de voto mostram que homens dessa religião continuam com Bolsonaro, enquanto mulheres estão praticamente divididas entre ele e Lula.

Pesquisa Genial/Quaest de maio aponta que 33% das evangélicas atualmente votam em Bolsonaro, enquanto 31% preferem Lula. De olho nesses votos, os dois candidatos têm tentado firmar alianças com pastores e dialogar com fiéis.

"O primeiro fator que faz com que as mulheres sejam relevantes nessa eleição é o númerico. A tendência que a gente está vendo nos dados é de uma diminuição da diferença, em pontos percentuais, na vantagem entre Lula e Bolsonaro ao longo da campanha. Quanto mais essa vantagem diminuir, mais essa diferença numérica fará diferença, assim como o fato de as mulheres serem maioria entre os eleitores indecisos, que podem fazer a diferença ao se incorporarem a um ou outro candidato", destaca Gatto.

"Então, as mulheres podem, sim, decidir essas eleições."

Divisão de preferência por gênero começou em 2018

'Durante mais de 20 anos, não havia grande diferença no voto para presidente quando se fazia um recorte por gênero. Mas a candidatura de Bolsonaro em 2018 e agora em 2022 provocou um racha na preferência masculina e feminina'

O segundo fator relevante quando se fala no papel das mulheres na eleição de 2022 é o fato de elas apresentarem preferência muito diferente da dos homens na escolha do candidato à Presidência.

De acordo com a cientista política Nara Pavão, professora da Universidade Federal de Pernambuco, de 1989 a 2014, não havia uma diferença acentuada na preferência eleitoral de homens e mulheres nas eleições para presidente. Os principais candidatos neste período receberam proporções semelhantes de votos de homens e mulheres.

Mas a partir de 2018, quando Jair Bolsonaro se candidatou à Presidência pela primeira vez, começou a haver uma divisão clara entre intenções de voto de mulheres e homens.

Em relação à disputa presidencial de 2022, as pesquisas têm indicado uma diferença de 11 a 18 pontos percentuais entre homens e mulheres. Por exemplo, pesquisa Genial/Qaest divulgada em maio mostra que 24% das eleitoras pretendem votar no atual presidente, contra 39% dos homens. Já o percentual das mulheres que pretendem votar em Lula é de 50%, enquanto o percentual de apoio entre homens é de 42%.

Além disso, entre as mulheres, 50% têm avaliação negativa do governo Bolsonaro, enquanto essa percepção é compartilhada por 41% dos homens.

"Pela primeira vez, a questão do gênero se destaca na preferência por candidato. Isso surge com a candidatura de Jair Bolsonaro. E, entre mulheres, a rejeição a ele é muito maior que entre homens", destaca Nara Pavão.

Mas por que a gestão de Bolsonaro incomoda um percentual maior de mulheres que de homens?

Para a professora de ciência política Malu Gatto, da University College London, há três explicações para isso: o modelo de masculinidade que Bolsonaro representa e que inclui posições criticadas como machistas; a gestão da pandemia; e o estado atual da economia.

"Essa questão da masculinidade pode estar em indo em ambas as direções, ou seja, diminuindo o apoio das mulheres, mas também aumentando o apoio dos homens. Ele tem uma postura que enfatiza soluções tradicionalmente associadas ao masculino, como uma forma de governar mais agressiva, que inclui o culto à violência e às armas", diz.

"Isso gera identificação com parcela dos homens, mas rejeição entre mulheres. Além disso, muitas vezes o presidente classifica mulheres a partir de critérios estéticos, o que novamente o aproxima de um público masculino, mas pode afastar parte das mulheres."

Nara Pavão, professora da Universidade Federal de Pernambuco, também destaca que algumas posições do governo Bolsonaro que geram identificação entre homens, como a política armamentista, incomodam parcela importante das mulheres.

"As mulheres se preocupam muito com o combate à criminalidade, mas não a qualquer custo. Muitas são mães solo e têm filhos que estão na criminalidade ou filhos que podem ser alvo da violência policial nas favelas."

Preocupação com a saúde

Outro tema central para as eleitoras é a saúde e esse pode ser, segundo as especialistas, um dos fatores que acentuam a diferença de gênero na preferência eleitoral.

"Saúde é um tema caro às mulheres, porque boa parte das tarefas de cuidado — e isso está associado a estereótipos de gênero e à forma como somos socializadas — recai sobre elas. E a pauta da saúde não teve centralidade no governo Bolsonaro", diz Nara Pavão.

Gatto também destaca que a gestão do presidente na pandemia pode ter acentuado esse "gap" (distância) na preferência eleitoral de homens e mulheres.

"Dados de opinião pública coletados durante esse período da pandemia mostravam como as mulheres estavam mais preocupadas e mais dispostas a aceitar políticas públicas mais restritivas. Ou seja, as mulheres estão mais propensas a apoiar o uso de máscara, apoiar medidas de distanciamento social do que os homens e, na média, estavam mais preocupadas com a pandemia", diz.

"Então, pode ser que um outro fator impactando a maior rejeição das mulheres a Bolsonaro e sua menor propensão a apoiar Bolsonaro nesse cenário de 2022 seja justamente a maneira como ele atuou durante a pandemia."

O terceiro fator citado como capaz de influenciar a preferência eleitoral das mulheres é a forma como o tema da economia é abordado pelos candidatos a presidente.

Nara Pavão argumenta que, para parcela importante das mulheres, não agrada a defesa de pouca interferência do Estado na economia, corte de gastos públicos, e promessas sobre privatização — discursos muito utilizados pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, e Bolsonaro em si.

Pavão destaca que as mulheres são, em muitos casos, as provedoras de suas famílias e principal referência de cuidado para filhos e outros parentes. Portanto, adotam uma postura pragmática em relação a propostas sobre economia e se engajam com políticas que representem mudanças diretas no seu dia-a-dia.

"Não é que as mulheres não se preocupem com a economia. Elas se preocupam. Mas elas pensam a economia não em termos de desenvolvimento econômico. Elas pensam em termos de políticas sociais", diz a professora da Universidade Federal de Pernambuco.

"O tema da economia não foi debatido pelo governo Bolsonaro em termos que se conectam com as mulheres. Grande parte delas gosta de gasto social. Ela quer educação, quer saúde, porque precisa desse amparo para dar conta de todo o cuidado que recai sobre si."

Mulheres são mais adeptas à democracia

'Mulheres tendem a cumprir mais as regras e normas, e têm maior apreço pela democracia, diz professora da Universidade Federal de Pernambuco'

Nara Pavão acrescenta um quarto elemento possível para a diferença acentuada na opinião de homens e mulheres sobre a eleição presidencial: o fato de as mulheres terem mais apreço pela democracia, segundo pesquisas de opinião.

"As mulheres são muito mais democráticas do que os homens e estão menos dispostas a abrir mão da democracia. Isso se dá porque mulheres, em geral, respeitam mais regras e normas, até porque elas são punidas socialmente num grau muito maior que os homens se desviam das regras", diz a professora.

Para Pavão, o comportamento de Bolsonaro de criticar instituições, questionar o sistema eleitoral e comprar briga com Judiciário e Legislativo é mais mal visto por mulheres que por homens.

"Pensando que o governo Bolsonaro tem flertado com atitudes antidemocráticas, isso pode, sim, ser um ponto de alienação das mulheres", diz.

Mas Malu Gatto destaca que o presidente tem tempo para tentar reverter a rejeição entre mulheres e lembra que a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, já está participando de eventos com eleitoras para tentar conquistar esse público.

"Em 2018, essa diferença por gênero era uma novidade. Agora, Bolsonaro e a campanha dele já têm essa informação e podem trabalhar para minimizar esse impacto até a eleição de outubro", diz.

As mulheres indecisas poderão definir resultado

Por enquanto, pesquisas eleitorais mostram Lula com 44% a 46% das intenções de voto no primeiro turno, e Bolsonaro, com 29% a 32%. Por enquanto, grande parte da movimentação nas pesquisas tem vindo da transferência de votos de candidatos da chamada terceira via que desistiram de disputar, como o ex-juiz Sérgio Moro.

Nesta segunda (23), foi a vez de o ex-governador de São Paulo, João Doria, anunciar que não vai concorrer. Mas, conforme a campanha avança e as candidaturas se consolidam ou deixam de existir, a principal disputa por votos vai se dar no âmbito dos indecisos.

E aí, novamente as mulheres têm papel fundamental. Segundo pesquisa Genial/Quaest de maio, 12% das mulheres ainda não escolheram um candidato. Entre os homens, esse percentual é de 7%.

"A psicologia comportamental fala sobre como mulheres tendem a ser mais avessas a risco do que homens. E isso tem a ver com informação. A gente ainda está em maio e as eleições são em outubro. Então, eu acho que as mulheres estão tentando entender um pouco mais o cenário político e acumular informações para não tomar uma decisão precipitada", avalia Gatto.

"Essa diferença em pontos percentuais entre os indecisos homens e mulheres é importante. Uma das coisas que vários analistas políticos estão falando é que essa eleição vai ser decidida pelas pessoas que ainda não declararam voto e que ainda não têm certeza sobre os seus votos. E, no caso da eleição para presidente, esse público é composto majoritariamente por mulheres."

BBC Brasil

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