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quarta-feira, março 05, 2025

“Ainda estou aqui” deixa na academia americana a marca da arte brasileira

Publicado em 5 de março de 2025 por Tribuna da Internet

Longa conquistou o Oscar de melhor filme internacional

Pedro do Coutto

A vitória do filme de Walter Salles foi, sem dúvida alguma, além da obra de arte, uma vitória da consciência nacional brasileira sobre o seu passado, iluminando uma página dolorosa da vida nacional. O longa-metragem sobre a advogada e ativista Eunice Paiva, conquistou o Oscar de melhor filme internacional e se tornou a primeira produção brasileira a ganhar uma estatueta na principal premiação do cinema mundial.

A obra confirmou o favoritismo na categoria e superou seu principal concorrente, o francês “Emilia Pérez”, marcado pelas polêmicas envolvendo a protagonista Karla Sofía Gascón, bem como o dinamarquês “A Garota da Agulha”, o alemão “A Semente do Fruto Sagrado” e o letão “Flow”. Essa foi a quinta indicação de um longa brasileiro na categoria de melhor filme internacional e a primeira vitória, que consagra uma das produções mais bem-sucedidas da história do cinema nacional.

EUNICE PAIVA – “Isso vai para uma mulher que, depois de uma perda tão grande no regime tão autoritário, decidiu não desistir. Esse prêmio vai para ela: Eunice Paiva. E vai para as duas mulheres extraordinárias que deram vida a ela: Fernanda Torres e Fernanda Montenegro”, disse Salles no palco do Oscar.

“Ainda Estou Aqui” estreou no Festival de Veneza de 2024, onde ganhou o prêmio de melhor roteiro, e conta a história de Eunice Paiva (Fernanda Torres), mãe de cinco filhos cuja vida foi virada do avesso após o sequestro, prisão e desaparecimento de seu marido, o ex-deputado Rubens Paiva (Selton Mello), pelo regime militar. A obra é inspirada no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, filho de Eunice e Rubens, e já levou mais de cinco milhões de espectadores aos cinemas no Brasil.

A casa em que a família de Rubens Paiva morou, na Urca, na Zona Sul do Rio, é testemunha da violência da prisão sem volta, sem explicação ou o cadáver de alguém sem culpa formada e que se transformou numa peça da história que se adicionou a torturadores e torturados e também aos mortos que desapareceram em condições que acrescentaram páginas de horror e que tem personagens ocultos até hoje ao longo do tempo.

OBRA DE ARTE – O filme “Ainda estou aqui” deixou na academia  de Hollywood a marca da obra de arte, que se reveste da ideia de localizar no tempo um episódio que jamais deve ser esquecido porque fere profundamente todos aqueles que de uma forma ou de outra participaram encapuzados, o que no fundo assinala uma confissão de si mesmos com o desprezo pela condição humana.

O corpo de Rubens Paiva não foi devolvido pelos que o assassinaram. Carregarão para sempre o peso de um fato que permanece entre as sombras do passado. E enquanto houver rastros de um crime como o que ocorreu com Rubens Paiva, haverá sempre uma lembrança como a que o filme de Walter Salles trouxe através da arte para a história, expondo com a sua obra a verdadeira dimensão do que se passou nos porões da ditadura.

 

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