Charge do Amarildo (A Gazeta)
Roberto Nascimento
O ministro Alexandre de Moraes merece todas as homenagens pela coragem de enfrentar e colocar no banco dos réus tantos poderosos estrelados e ricos, membros da elite atrasada do Brasil.
É preciso lembrar que ele seria um dos principais atingidos pela conspiração, já que seria preso logo no primeiro ato da Junta do golpe, havendo até a possibilidade de seu assassinato pelo grupo militar auto denominado Punhal Verde e Amarelo.
CRÍTICAS E ACERTOS – A meu ver, o fato de ser tão criticado pelos golpistas demonstra o acerto das suas decisões judiciais. Na prática, desde a presidência do TSE o ministro Alexandre de Morais se agigantou para se tornar um impeditivo à tentativa de derrubada do governo Lula.
O golpe fracassou e foi colocado na conta de Moraes. Se tivesse sido desfechado, com apoio das Forças Armadas, seria vitorioso, estaríamos em nova ditadura, não haveria inquérito algum, nenhum de nós teria o direito de escrever sobre esses fatos, sob pena de sermos presos, torturados e até mortos ou desaparecidos, como Rubens Paiva, Wladimir Herzog e Stuart Angel Jones.
Os fatos que compõem a acusação foram tão contundentes e explícitos que os réus dificilmente escapam das condenações.
DIREITO DE DEFESA – É claro que terão amplo direito de defesa, no curso do devido processo legal. Se o plano golpista tivesse êxito, os defensores da democracia é que seriam os futuros réus, e não teriam a mesma sorte.
Viriam as prisões, torturas, desaparecimentos e mortes, tudo de maneira sumária, decidido pelo Comando Revolucionário, que tinha o número 1 e o número 2, ambos generais a serviço do futuro ditador civil, se é que os militares pretendiam continuar suportando Bolsonaro.
Os parlamentares, que hoje se apressam para votar a anistia e dar o dito pelo não dito, esquecem que seriam os primeiros a terem fechada a ”Casa do Povo”. E iriam sofrer as cassações em série dos mandatos de oposição. Foi assim na ditadura de 64 e seria da mesma maneira no futuro governo golpista. Alguém tem alguma dúvida?