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sexta-feira, fevereiro 21, 2025

Queda livre na avaliação de Lula se explica apenas pela economia?

Publicado em 21 de fevereiro de 2025 por Tribuna da Internet

Popularidade de Lula cai, e reprovação supera aprovação pela primeira vez,  aponta pesquisa

Charge do Clayton (O Povo/CE)

Joel Pinheiro da Fonseca
Folha

A relação do governo Lula com a sociedade azedou. Em dezembro, foi a opinião do mercado. O vídeo do ministro Haddad misturando corte de gastos com isenção do imposto de renda foi a gota d’água da confiança dos investidores, que tiraram dólares do Brasil a uma taxa recorde. Em janeiro, foi a opinião popular, dessa vez pelo vídeo do deputado Nikolas Ferreira sobre o Pix. Era esperado algum efeito, mas o tombo revelado pelo Datafolha surpreendeu.

Apenas com os dados socioeconômicos seria difícil explicar essa piora. Pobreza e miséria atingiram os menores níveis da história, segundo o IBGE. O desemprego caiu para 6,2%. Há quem diga que o desemprego baixo é uma miragem criada pelo Bolsa Família, que tiraria pessoas da procura por emprego. Não é o que os dados mostram: tanto a subutilização de mão de obra quanto o número de desalentados estavam em queda.

NÚMEROS SUSPEITOS – Há quem suspeite dos números do IBGE. Mas esses números são corroborados por todas as outras medidas. Os dados do Caged (que conta o número de trabalhadores com carteira assinada) mostram aumento de cerca de 1,7 milhão de empregos com carteira assinada em 2024.

Novembro viu a maior quantidade de carteiras assinadas da história do Brasil. A massa salarial — ou seja, a soma total do que é pago aos trabalhadores — também cresceu e chegou ao seu recorde no último trimestre do ano passado.

No lado do consumo, o varejo não via um crescimento forte assim desde 2012. De acordo com a PMC do IBGE, o aumento foi de 4,7%. Segundo os dados da Serasa Experian, o aumento foi de 3,8%. Você e eu provavelmente consumimos mais também. E, no entanto, algum de nós acha que o governo vai bem?

DENTRO DO PADRÃO – A inflação estourou a meta do Banco Central, mas para nossa história 4,83% não é fora do padrão. Será que o povo está mais sensível do que nunca à inflação, ou ainda passou a acompanhar o boletim Focus e já antecipa a crise fiscal?

Neste momento, todos apontam a inflação dos alimentos, muito acima do IPCA, a 7,7%. Algo não me convence numa explicação que pare por aí. O preço do café subiu 50% no ano até janeiro de 2025, é verdade.

Em 2011 ele subiu 53%, e nem por isso a aprovação do governo foi para o chão. É o aumento de alguns preços que leva à percepção negativa ou é a percepção negativa que leva à seleção de alguns aumentos de preço para explicá-la?

SITUAÇÃO DIFÍCIL– A queda abrupta de dezembro para cá também indica que não foi só por causa dos alimentos, já que a alta deles vem desde agosto. Seja como for, se a piora na avaliação for apenas efeito do preço dos alimentos, o governo está com sorte. A previsão é que a inflação deles caia também.

Basta não fazer nenhuma loucura e dar sinais de que o governo leva a sério o ajuste fiscal que o dólar deve seguir em queda e, com ele, a inflação aqui dentro. Eu só duvido que isso baste para recuperar a boa vontade perdida.

Talvez, só talvez, a piora na percepção não seja mera derivação direta da economia. Mais do que encontrar aquele dado objetivo que explica o tombo, me parece que a guerra pela percepção e pela boa vontade do eleitorado tem uma autonomia própria, e nessa o governo — na verdade, toda a esquerda — perde de lavada. É preciso conquistar a confiança para que as pessoas vejam mais o bem do que o mal.

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