Publicado em 18 de fevereiro de 2025 por Tribuna da Internet

O Brasil agradeceria caso conseguisse se livrar desses dois
Fabiano Lana
Estadão
Neste exato momento político o Brasil conta com uma janela de oportunidade. De superar, de deixar definitivamente para trás, poderosos líderes políticos que, a sua maneira, se pautaram pelo populismo e por dividir o país entre os “bons”, no caso os que os apoiam, e os “maus”, os da oposição.
Políticos que vieram de uma conjuntura internacional pré-muro de Berlim e possuem uma visão antiquada do mundo. Que em 2025 olham muito mais para trás do que para o futuro.
ESGOTAMENTO – Sim, os políticos em questão são Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro. De um lado as seguidas pesquisas mostram que há uma rápida erosão da popularidade de Lula – temos o Datafolha como o exemplo mais recente.
O estilo petista de gerir o Estado por meio de aumento contínuo dos gastos públicos parece ter encontrado um esgotamento. A sociedade simplesmente não quer mais pagar a conta de uma gestão que vê ineficiente, como ficou comprovado com a chamada crise do Pix. Não se trata de um problema de comunicação, mas de concepção.
De outro lado, há um ex-militar que nunca se deu ao trabalho de esconder sua paixão pela ditadura brasileira. Que abusou de verbos como torturar, fuzilar, estuprar, para se referir aos adversários políticos. Que fez da grosseria e da vulgaridade um dos pilares da sua carreira.
E MAIS… – Bolsonaro é um político que bajula e se inferioriza frente a mais poderosos como o presidente americano Donald Trump. Que por décadas votou juntinho com o Partido dos Trabalhadores contra qualquer proposta que significasse modernizar o Estado brasileiro – tome-se como maior exemplo o Plano Real. Que, por provável tentativa de golpe, corre gigantesco risco de passar uma temporada razoável na prisão.
Ambos, sempre a sua maneira, são nostálgicos de ditaduras, mesmo que sejam com sinais ideológicos trocados. Souberam manipular e conduzir bem uma multidão capaz de defender qualquer um dos seus atos e palavras, por mais bizarras que tenham sido em algumas ocasiões – e muitas vezes com notável agressividade.
Tome-se o exemplo as falas de Bolsonaro do auge da pandemia da Covid.
FALAS DE LULA – Vamos observar agora como os acólitos irão se comportar com as falas do Lula, perigosamente próximas daquele incompreensível dialeto proferido pela ex-presidente Dilma, o dilmês (vocês ouviram a digressão de Lula sobre o ovo de ema no Amapá?).
Muito diferentes entre si, Bolsonaro e Lula trabalham com o medo do outro. Política é como nuvem, diz o clichê, você olha e está de um jeito e pouco depois está diferente. Mas nesse período o País só ganharia se a classe política e os segmentos atuantes da sociedade começassem a trabalhar com novos candidatos, com novas cabeças mais arejadas – antes que oportunistas de ocasião como os Gusttavos Limas e Pablos Marçais da vida ocupem este espaço.
Enquanto isso, o PSDB, que antes representava o centro ideológico brasileiro, segue indeciso se irá se suicidar ou não.