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sexta-feira, junho 21, 2024

Governo se omite na pauta de costumes e sofre derrotas em temas econômicos

 Publicado em 20 de junho de 2024 por Tribuna da InternetTwitterPublicado em 20 de junho de 2024 por Tribuna da Internet

Charge do JCaesar | VEJA

Charge do JCaesar | VEJA

Dora Kramer
Folha

O governo decidiu não se envolver nas chamadas pautas de costumes e concentrar esforços na agenda econômica, a fim de evitar derrotas em série para um Congresso de perfil conservador. Pois eis que vem perdendo embates (factuais e retóricos) na economia e não ganha nada ao se omitir em questões como aborto, drogas e combate ao crime.

Por outra, perde a oportunidade de construir marca e levar adiante um projeto de políticas públicas relativas à segurança e à saúde. Sem contar que se arrisca a figurar como conivente nos recentes retrocessos encaminhados por deputados e senadores.

JOGA PARADO – Abdicar da vontade de acertar não livra ninguém da possibilidade de errar. Como, de resto, tem acontecido.

Enquanto joga parado na seara onde há demandas reais da sociedade, o governo começa a sofrer desconfiança no mundo do dinheiro (empresarial e financeiro) e a ver aumento do desgaste no Congresso justamente na área à qual escolheu dar prioridade.

Passado o primeiro ano de bonança com a PEC da Transição, o arcabouço fiscal e a reforma tributária, começaram os tropeços, aos quais foram feitos remendos mediante o seguinte truque: o Executivo soltava a bomba, em geral como medida provisória, recuava diante da reação negativa, negociava e acabava levando parte do que havia inicialmente proposto.

ESGOTAMENTO – A fórmula, pelo visto na devolução da MP dos créditos do PIS/Cofins, se esgotou. Vai ser preciso outro tipo de organização nas tratativas com o Parlamento que apenas o argumento sobre a necessidade de aumentar a arrecadação.

Medir temperaturas e aplacar divergências antes da tomada de decisões seria o óbvio, notadamente quando se tem uma correlação de forças desfavorável.

No entanto, um travo de arrogância parece presidir as ações, que evidentemente provocam reações. O diagnóstico da problemática foi feito, mas a “solucionática” proposta não tem dado certo. Segue absolutamente ineficaz.

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