Publicado em 6 de março de 2024 por Tribuna da Internet
Thaísa Oliveira
Folha
O presidente Lula (PT) afirmou a senadores da base aliada na noite desta terça-feira (5) que é contra o fim da reeleição e que um único mandato de cinco anos, como preveem propostas em tramitação no Congresso, é pouco tempo para governar.
Segundo o relato de pessoas presentes, o presidente ponderou que o prazo é pequeno, por exemplo, para que um político consiga cumprir seu plano de governo ou entregar grandes obras.
É PRIORIDADE – O fim da reeleição para presidente, governadores e prefeitos é uma das prioridades do Senado neste ano e conta com o apoio de figuras importantes da Casa, como o próprio líder do governo, Jaques Wagner (PT-BA). De qualquer forma, as propostas não atingiriam Lula, que poderia disputar a reeleição em 2026.
Lula reuniu aliados da base para um happy hour no Palácio da Alvorada nesta terça — repetindo o que foi feito com deputados federais e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), duas semanas atrás.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), aproveitou o encontro para afirmar que há temas em que ele e o presidente vão convergir e outros nos quais irão divergir.
JUSTIFICATIVA – Embora Pacheco não tenha citado o discurso em que cobrou uma retratação pública de Lula pela comparação da ofensiva militar israelense na Faixa de Gaza com o Holocausto nazista, a fala foi vista pelos presentes como uma espécie de justificativa do presidente do Senado ao petista.
Pessoas que participaram do encontro afirmam que Lula agradeceu aos senadores pela aprovação de pautas importantes para o governo no ano passado e disse estar otimista e confiante com o futuro do país.
Apesar do clima de descontração, senadores cobraram maior diálogo com o Palácio do Planalto, especialmente com o presidente. Houve ainda críticas à comunicação do governo.
PRECISA MELHORAR – De acordo com presentes, o senador Marcelo Castro (MDB-PI) elogiou o desempenho da economia, mas disse que, do ponto de vista político, o governo precisa melhorar as redes sociais e que a esquerda tem perdido o domínio da narrativa na internet.
Já o presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), candidato à presidência da Casa na disputa do ano que vem, ressaltou que este foi o primeiro encontro de Lula com senadores no Palácio da Alvorada.
A observação sobre as dificuldades de comunicação com o Palácio do Planalto foi reforçada pelo líder do PSD, Otto Alencar (BA). A reclamação, disse ele no encontro, é partilhada por muitos parlamentares da bancada do partido no Senado.
SEM DIÁLOGO – Na mesma linha, o senador Omar Aziz (PSD-AM) afirmou que a maioria dos ministros tem ido bem, mas, sem citar nomes, ponderou que alguns demonstram dificuldades no diálogo com o Congresso.
O encontro contou com a participação dos ministros petistas Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil) e Paulo Pimenta (Comunicação). Coube a Jaques Wagner fazer o discurso de agradecimento aos colegas.
Assim como disse a Lira e aos líderes da Câmara há duas semanas, Lula afirmou que pretende fazer encontros informais como o desta terça mais vezes e que está à disposição dos parlamentares.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Lula é carismático e comunicativo. Sabe como fazer amigos. Se deixarem Lula falar, ele convence qualquer um. No entanto, os parlamentares já conhecem as manhas do petista e pagam para ver, como se diz no pôquer. (C.N.)