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sexta-feira, janeiro 31, 2020

População cresceu muito, porém as redes pluviais e os esgotos não foram expandidos


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A situação calamitosa em Belo Horizonte agrava-se a cada temporal
Pedro do Coutto
Ultimamente tem se repetido país afora uma onda de enchentes que leva ao desespero os habitantes das várias cidades onde acontecem alagamentos, com perda de vidas e também a destruição de casas que desabam, ruas e estradas que afundam, prejudicando milhares de pessoas com a lama que se alastra como uma verdadeira maldição.
A questão é bastante complexa, porém sabe-se que o problema não é causado apenas pelo acúmulo de lixo e de objetos jogados nos rios e lagoas. Há muitos outros aspectos a influenciar as enchentes.
CRESCIMENTO POPULACIONAL – Um ponto merece destaque. O fato é que, ao passar do tempo, a população tem crescido muito mais do que a modernização das galerias pluviais e dos sistemas de esgoto. Aliás, constata-se mais uma vez que metade das cidades brasileiras ainda não conta com rede de tratamento de esgoto. Em muitos casos, os dejetos inclusive são lançados diretamente em rios e lagoas.
Na cidade do Rio de Janeiro, há o exemplo emblemático da praia de Botafogo, praia que não pode ser usada por banhistas, devido à poluição dos esgotos sem tratamento, lançados diretamente na antiga enseada de Botafogo, cujas águas recebem também a descarga de óleo proveniente de barcos e iates que ficam ancorados no Iate Clube ou em suas imediações.
O EXEMPLO DO RIO – Uma cidade como o Rio de janeiro serve de exemplo para a comparação que se encontra no título deste artigo. A fonte é o IBGE. O Rio, em 1950, possuía apenas 2 milhões e 300 mil habitantes. Hoje a capital está com uma população calculada em 6 milhões e 900 mil pessoas. Como se vê, o número de habitantes multiplicou-se por 3 num espaço de 70 anos.
Agravando a situação nas grandes cidades, verifica-se um crescimento desordenado de unidades residenciais construídas de qualquer maneira. Hoje, as favelas cariocas reúnem hoje mais de 2 milhões de pessoas, 1/3 da população total.
Evidentemente um sistema de escoamento pluvial – nem cito o de esgoto – dificilmente pode suportar uma contribuição de um universo populacional que triplicou. No Brasil inteiro o fenômeno negativo está presente. O que foi feito pelos governos, ao longo do tempo, para enfrentar essa corrida que separa o crescimento do número de habitantes e as galerias pluviais. Estas não se expandiram, pelo contrário.
SEM ESCOAMENTO – Com a acumulação de dejetos e até objetos reduz-se sua capacidade de canalizar as águas de chuva forte para seu lançamento no mar. Isso na cidade do Rio de janeiro. Na capital paulista o destino final são os rios que permeiam a cidade.
Diante de todo este quadro, a realidade de hoje parece que não poderá melhorar amanhã. Em matéria de meio ambiente, os investimentos são muito pequenos para a enorme dimensão do problema.
Nas enchentes que sempre sucedem aos temporais, afundam-se as esperanças de que os governos façam alguma coisa.
OUTRO ASSUNTO – Esta semana, o governo Bolsonaro demitiu o presidente do INSS, que já foi substituído. O novo dirigente do Instituto diz que não será necessário contratar mais funcionários, mas não revelou quais as providências que deverão ser tomadas para reduzir as filas que envergonham o próprio país.
O fato concreto é que o serviço está parado. E não existe nenhuma justificativa para que isso tenha ocorrido, porque já houve tempo suficiente para os servidores se adaptarem às novas regras da Previdência.

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