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sexta-feira, novembro 22, 2019

Governo Bolsonaro agora recorre à ONU contra desmatamento que atinge a Amazônia


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Desta vez, o governo teve de admitir a gravidade da situação
Pedro do Coutto
O governo Bolsonaro resolveu finalmente pedir apoio a ONU contra o desmatamento e as queimadas que ameaçam tanto o presente quanto o futuro da Amazônia. O resultado da última pesquisa realizada acendeu a preocupação do Palácio do Planalto sobre o tema cuja divulgação refletiu-se no panorama internacional. De fato, a questão possui grande amplitude, uma vez que pode atingir países ameaçados pelo aquecimento global.
Reportagem de André Borges e Mateus Vargas, O Estado de São Paulo de quinta-feira, focaliza o assunto que ocupou página inteira do jornal.
SUPERQUEIMADA – Na última segunda-feira o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais identificou uma devastação de 9.700 km², 29% superior a agressão ecológica verificada um ano atrás. E o presidente Bolsonaro afirmou que o processo de queimadas é um problema cultural como se natural fosse o desmatamento da maior reserva florestal do mundo.
O combate ao desmatamento não pode ser considerado uma consequência de um problema cultural, como afirmou o presidente. O governo tem obrigação de atuar evitando o atentado à ecologia brasileira.
Como eu disse há pouco, além de nacional, o desafio tem caráter mundial. O Palácio do Planalto precisa efetivamente agir para conter “um processo cultural”, cujos efeitos conduzem o país para uma escala que é na realidade uma não-cultura, como se o solo amazônico pudesse ser reconstruído com a mesma rapidez em que é destruído.
REFLORESTAMENTO – É óbvio que o replantio demora décadas, ao contrário do que acontece em face da destruição cada vez maior de áreas verdes. Entretanto, embora bastante grave, o problema não se esgota aí. Ao contrário, reflete-se no equilíbrio ecológico, além de atingir a grande presença de animais na região.
Esses animais, na medida em que o verde diminui, vão procurar condições de existir em áreas urbanas. Abre-se assim uma situação de perigo para populações que vivem na grande floresta brasileira. Além de brasileira a região amazônica abrange outros países sul-americanos que dependem diretamente do equilíbrio ameaçado pelas madeireiras e ruralistas.
 E OS ÍNDIOS? – Além disso existe também a população indígena, com sua cultura, seus hábitos, seu consumo. Finalmente, como André Borges e Mateus Vargas assinalaram, o Ministro Ricardo Salles reuniu-se com governadores da região e iniciou esforços junto à Petrobrás em busca de uma participação de 420 milhões de reais para fiscalização e repressão às investidas que sustentam os interesses antiecológicos.
No entanto, as verbas necessárias para o combate aos interesses ameaçadores não pode se restringir a uma etapa. Mas sim também a várias etapas que revestem o confronto para o qual o governo custou muito a admitir. Agora o problema ingressou finalmente na preocupação tanto do Planalto quanto da planície onde nos encontramos. Não se trata de anticultura, mas de sobrevivência.

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