Carlos Newton
Nosso amigo Francisco Bendl indaga por que existe essa praga da corrupção que atinge o mundo, com maior ou menor incidência de um país para outro, mas existindo até mesmo nas nações que punem com extrema severidade esse tipo de crime, como a China e a Rússia. Realmente, é uma das principais questões da atualidade.
Assim como Bendl, nos últimos anos tenho pensado muito a respeito, a partir da constatação de que nos tempos modernos as pessoas perderam uma característica antiga – a simplicidade, que marcava as relações num tempo em que não havia tamanha desigualdade social. A diferença entre as pessoas e as classe sociais era muito menor.
ÉRAMOS IGUAIS– Os ministros do Supremo, juízes, parlamentares e autoridades, todos iam de bonde para o trabalho, interagiam com a população, não havia essa “metidez”, os carros chapa branca, os cartões corporativos etc.
Mas o que será que motivou essa ambição desmedida, essa competição insana e esse consumismo suicida que marcam a sociedade nos dias de hoje e, sem a menor dúvida, são as forças motoras da praga que chamamos de corrupção.
TUDO POR DINHEIRO – As pessoas se tornam corruptas e corruptoras apenas por um motivo – dinheiro para ascenderem na escala social, movidas pela ambição, pela competição e pelo consumismo (não necessariamente nesta ordem).
As pessoas hoje agem de forma irracional, querem cada vez mais dinheiro, e nesse particular o melhor exemplo dessa insaciabilidade é o ex-governador Sergio Cabral, que chega a ser um caso patológico.
Esses novos hábitos sociais criaram um clima permanente de insatisfação, que reúne os sete pecados capitais – avareza, inveja, gula, luxúria, ira, preguiça e soberba. Mas, como Bendl pergunta, qual a origem disso tudo.?
NOEL PERCEBEU – Com sua genialidade, Noel Rosa percebeu o início dessa mudança social aqui no Brasil. Em 1933, compôs “Não Tem Tradução” (mais conhecida como “Cinema Falado”), cuja letra dizia tudo em alguns versos, como: “O cinema falado é o grande culpado da transformação…”; “Essa gente hoje em dia que tem a mania da exibição…”; ou “E esse negócio de alô, alô boy e alô Johnny só pode ser conversa de telefone…”.
Noel Rosa era um cronista musical, que falava da cidade e de suas características sociais. Não lhe passou despercebido esse fenômeno social provocado pelo cinema, que de lá para cá só veio se agravando, porque agora é a televisão que invade as casas, incentivando a ambição, o consumismo e a competição.
FELICIDADE – Hollywood vende uma imagem artificial de felicidade, exibindo aquelas mansões maravilhosas, com extensos gramados e jardins, piscinas limpinhas, onde não se vê uma só folha caída, tudo arrumado e limpo, e não se vê um só empregado.
Na vida de real, o milionário não fica sozinho um instante, tem de conviver com um número enorme de empregados e seguranças para manter a mansão, sua vida é uma chatice.
Em tradução simultânea, os produtores e artistas nos vendem ilusões de uma felicidade fictícia, que as pessoas tentam conquistar de todo jeito, inclusive por meio da corrupção.
P.S. – No decorrer de minha vida de jornalista, conheci muita gente famosa e bem-sucedida, inclusive o homem mais rico do país, Jorge Paulo Lennan, quando jogava tênis toda manhã no Fluminense. Sinceramente, não lembro de ter conhecido nenhum milionário realmente feliz. No entanto, já encontrei um número enorme de pessoas absolutamente felizes, que vivem sempre com um sorriso no rosto, mas nenhuma delas era rica. Um desses exemplos, modesto funcionário da clínica Aldeia, em Niterói, era chamado de “Sorriso”, Sua alegria de viver era impressionante, vivia sorrindo, mas nem tinha dentes. Deve ser por isso que existe o ditado: “O dinheiro não traz felicidade”.
P.S 2 – Desculpem os erros Me distraí e postei esse artigo sem rever o texto. Bendl pediu que cada um de nós aqui na TI opinasse sobre o tema. Já atendi ao amigo, e o espaço está aberto a vocês. (C.N)