Queda livre é uma expressão que no geral é compreendida como a “condição de aceleração causada pela gravidade e atrito com o ar”. Na física é compreendida como “o movimento resultante unicamente da aceleração provocada pela gravidade”. Na política é quando uma candidatura despenca.
Pesquisando na wikipedia sobre “quedra livre” encontrei o seguinte relato:
“Três pilotos sobreviveram a quedas livres de cerca de 20.000 pés (6.000 m) sem um paraquedas na Segunda Guerra Mundial; Tenente I. M. Chisov foi um piloto de bombardeio russo, Sgt. Alan Magee era um atirador americano em um B-17, e o Sgt. Nicholas Alkemade era um atirador britânico em um bombardeiro Lancaster. Estima-se que uma pessoa caindo na posição "caixa" alcance uma velocidade terminal de cerca de 200km/h (120 mph) depois de uma queda de somente 1.000 pés (300 m), ou seja, os 19.000 pés (5.700 m) de queda que eles sofreram não tornaram estas quedas mais perigosas, exceto pelo fato da falta de oxigênio em altas altitudes. Os três homens perderam a consciência durante suas quedas, e dois deles aterraram em terrenos cobertos com neve profunda, o que provavelmente foi um fator decisivo para a sobrevivência de suas quedas.”
Embora já houvesse vaticinado sobre a implosão do DEM nas próximas eleições de 03 de outubro, a candidatura de Paulo Souto (DEM-BA) entrou em quedra livre assustadora. Ex-governador, Senador da República e representante mor do esfacelado carlismo baiano, na última pesquisa de opinião divulgada pelo IBOPE ele pontuou apenas com 15% das intenções de votos, com uma retração de 4%, em relação a pesquisa anterior.
Quem do DEM sobreviverá depois do impacto de 03 de outubro? Quem recobrará a consciência? Qual a repercussão que isso terá em Paulo Afonso? As respostas ficarão para depois. Quer que eu diga a verdade? Isso é problema deles.
Para o Senado da República, César Borges, remanescente do carlismo, ainda disputa a dianteira com Lídice e Pinheiro, enquanto José Ronaldo e Aleluia se encontram na turma do fundo e quem é da turma do fundo está fora.
Vou contar uma história: Eu cursava o 1º ano ginasial no Colégio São João Batista, em Jeremoabo, tendo como professor de matémática Antenor Ferreira. Na sala havia um grupo de alunos que sentava no fundo da sala, chamado a “turma do fundo” . Era um conversê danado. Antenor entrava na sala de aula e de bate pronto anunciava : Quem for da “turma do fundo”, fora. Pois é. Se Aleluia e José Ronaldo que teriam eleições garantidas para a Câmara Federal, são da turma do fundo, estão fora.
Até certo ponto lamento por José Ronaldo. Filho de Paripiranga, fez carreira política em Feira de Santana e eleito Deputado Estadual, foi líder de Paulo Souto na Assembléia Estadual. Na época eu tinha contato com ele e embora do DEM (PFL), até onde o conheço, é um homem honrado. José Ronaldo é aquela pessoa no lugar errado e na hora errada.
Nas últimas eleições estduais eu prestava serviços jurídicos a diversos Municípios e vários sob a administração do DEM (antigo PFL, farinha do mesmo saco). Nos últimos 15 dias que antecederam ao pleito, quase que diriamente, a turma de Paulo Souto telefonava aos Prefeitos pedindo empenho, embora não revelasse o motivo de tanto desespero, o crescimento da candidatura de wagner. A máquina estadual estava na mão deles. Hoje a situação piorou. Como as viúvas do carlismo estão sem a máquina administrativa do Estado, dir-se-á que eles estão sem “eira e nem beira”, perdidos como cego em meio ao tiroteio.
O esforço de Paulo Souto será para suplantar Gedell e não ficar em último. Ambos irão cair para a 2ª divisão. Reconheçamos, será um esforço inglório. Podemos até dizer que será o “triste fim de Policarpo Quaresma” (romance de Lima Barreto, do pré-modernismo brasileiro). Como eu gosto de usar expressões populares, eu digo que a candidatura Souto “deu bode”. Entre nós quando uma coisa deu errada, dizemos que “deu bode”.
WALDIR PIRES. Não somente é uma lenda viva da história política brasileira, como ainda é um dos mais respeitáveis, dentre os homens da República. É uma pena que Jaqques Wagner desprezou isso. Waldir Pires era Procurador da República no golpe militar de 1964 que destituiu o ex-presidente João Goulart e se exilou na França no pós-golpe. Depois da anistia retornou ao Brasil para ser eleito Governador da Bahia. Se afastou do cargo para concorrer a vice-presidente da República, na chapa de Ulisses Guimarães, cujo projeto que não deu certo. Sacrificou a si e seu mandato por um sentimento maior. Me lembro de sua visita a Paulo Afonso quando Ministro de Estado e Zé Ivaldo era o Prefeito. Do aeroporto até o centro da cidade o povo fez fila para vê-lo. No centro da cidade, sol a pinho no verão paulafonsino, milhares de pessoas para ouví-lo. Apenas a visita de Ulisses Guimarães a Paulo Afonso se assemelhou a de Waldir. Nem mesmo a visita do então Presidente, José Sarney, quando também Prefeito Zé Ivaldo, causou tamanha comoção. Waldir Pires é o maior fiador da candidatura de EMILIANO JOSÉ a Deputado Federal. Ambos estarão aqui hoje.
TIRANDO DO BAÚ. No Brasil os partidos políticos empre foram fracos e sem identidade política, levando o eleitor a votar na pessoa e não na legenda. Havia e há uma identificação direta eleitor-candidato. Hoje o PT é forte e deixaria de sê-lo se Lula se retirasse, por força do lulismo. No passado recente a identificação do eleitor se fazia em razão direta de sua opção. Se partidário de Getúlio, era getulista; Lacerda-lacerdista, e assim sucessivamente. Entre os baianos tivemos os partidários dos Governadores Balbino e Juracy Magalhães, chamdos de balbinistas e juracisistas. Os vianistas (Luiz Viana) e os carlistas (ACM). No início da década 60, eu era ainda menino, concorreram ao Governo do Estado Waldir Pires e Lomanto Júnior. A identidficação era waldiristas e os lomantistas.
FRASE: "Meu desafio, e o desafio de todo candidato democrata, é assegurar que o povo entenda que há uma opção aqui entre avançar e voltar atrás". Barack Obama.
Paulo Afonso, 11 de setembro de 2010.
Fernando Montalvão.
Advogado.