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quinta-feira, janeiro 28, 2010

Reeleição de presidentes dos Tribunais de Justiça

Caminha em Brasília um projeto que cria grande novidade: a permanência desses personagens nos cargos. Nunca isso foi permitido. O principal artífice (artífice, então é isso) dessa modificação é o Ministro Gilmar Mendes, que não do Rio.

Além do mais, ele é presidente do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), que veio para moralizar e não para prorrogar.

A própria prorrogação

Nos círculos jurídicos de São Paulo, Rio e Brasília, muito comentada a conclusão: Gilmar Mendes gostaria de colocar entre as presidências “prorrogáveis”, a própria, no Supremo Tribunal. Como esse cargo é exercido em rodízio, é evidente que os outros ministros não concordarão. Mas não custa tentar.

Local de nascimento de presidente

Berto Fuchs
“Helio, há 104 anos não há um presidente paulista. Todos que você relacionou não eram de São Paulo e sim de outros estados”.

Comentário de Helio Fernandes
Excelente tua participação, mas que é verdadeira apenas em aparência. Até 1965, não existia domicílio eleitoral obrigatório, o cidadão nascia num estado e se candidatava a governador por outro, sem qualquer problema ou restrição. O que era justíssimo para um país de migrantes e imigrantes. Existem até levantamentos, mostrando que existem mais nordestinos do que paulistas em São Paulo.

Isso acabou a partir de 1965, quando Orlando Geisel e Golbery, “armaram” contra o general Lott, para ele não ser candidato a governador da Guanabara. Morava em Teresópolis que era do então Estado do Rio. Acharam que ele podia ganhar, queriam que ganhasse alguém da oposição, como Negrão de Lima.

Quanto aos presidentes da República “paulistas que não nasceram em SP”, nenhum problema. Deviam acabar esse odioso “domicílio”. Ciro Gomes fez o inverso: nasceu em São Paulo, fez carreira política no Ceará, voltou para o local de nascimento, eleitoralmente mais importante.

“Caro Francis”

Não chega a ser um filme, embora exibido em cinemas. Também não chega a ser uma exibição. Na minha sessão, apenas 4 pessoas, contando comigo. Como estava trabalhando, fui falar com o gerente. Informação: “A média tem sido essa, mas em 3 sessões, em dias diferentes, não havia ninguém”.

Patético, provinciano, parcial, prepotente, exorbitante, e sem o menor interesse. Não quero nem colocar o nome do diretor, seu primeiro filme, para que prejudicá-lo? É um monte de depoimentos deprimentes, para os que os faziam, não percebiam. O próprio Francis, se estivesse vivo, não permitiria tamanha depreciação.

Não se foi a intenção do diretor, mas ele apresentou um “caro Francis”, muito mais execrável do que o Francis da realidade. E escamoteou o Francis verdadeiro, como por exemplo, o jornalista mais injustiçado pela ditadura.

Em 1964, quando veio o golpe, ele escrevia a mais violenta coluna, (na Última Hora) contra os militares e a favor de Jango. Não foi cassado nem preso. Em 1968, no monstruoso AI-5, novamente ficou desconhecido, não foi cassado nem preso. Em 1970, foi então preso na Vila Militar, nada a ver com as prisões comandadas pelos torturadores.

Único ponto favorável do filme: mostrou o lado dúbio e não beligerante (como a Suíça das duas Guerras Mundiais) do “caro Francis” no assunto que mobiliza a humanidade dos 15 aos 60 anos. E agora, com o Viagra, tem prorrogação da preocupação.

Helio Fernandes/Tribuna da Imprensa

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