Fernando Montalvão é titular do Escritório Montalvão Advogados Associados
Quando se diz JEREMOABO EM RISCO, não quer dizer que estejamos próximo de algum cataclisma, como a mercê de um terremoto, furacão, tsunami ou de uma grande seca. Não, o risco é outro, é pior, é o risco da violência política iminente.
Embora passadas às eleições municipais de 2004, infelizmente, os palanques não foram desarmados, principalmente, para os que mamaram (bezerro desmamado) nas tetas da corrupção por 08 (oito) anos. O fato é que a busca desenfreada pela reconquista do poder vem causando grandes males a cidade e dividindo as pessoas. Antes, a disputa pelo poder era entre as famílias Sá e Nolasco. Passadas as eleições, a vida voltava ao cotidiano natural, mesmo com o dia a dia político de cada facção, as pessoas se reuniam, freqüentavam os mesmos lugares, se cumprimentavam e nutriam o respeito entre si. Hoje não, a coisa mudou. A violência é latente e as agressões são uma constante.
No último dia 23, véspera de São João, já cheguei a Jeremoabo por volta das 13 horas, em razão de meus afazeres da advocacia, retornando no dia seguinte, domingo, para Paulo Afonso, em torno de 11:00. A bem da verdade, estava levando meus filhos e netos, não para os festejos religiosos ou profanos de São João, os levei para uma visita a minha mãe, já com saúde precária. Após minha chegada, fiquei conversando com Zé Antonio, enquanto aguardava o desfile do casamento na roça. Perdemos a saliva e a voz, nada de casamento. Fui com minha família e convidados para o restaurante de Lurdinha, enquanto aguardava o casamento, nada de casamento. Somente as 18:00 mais ou menos, já no início da noite, passaram alguns cavaleiros, com Spencer na frente. Não tive ânimo para ir ao Arraiá e fui dormir cedo.
Já em Paulo Afonso, tomei conhecimento que a violência na concentração do casamento, correu frouxa, sob o comando do corruptista, o qual, segundo Spencer, em conversa que mantivemos por telefone, já aparentando sinais de embriagues, em cima do cavalo, esticava as pernas para ficar no alto e dava grito de incentivo de violência a seus liderados. Everaldo Gama e outros foram fortemente agredidos, tudo, como resultado da omissão do Comandante da Cia de Polícia Militar, que foi incapaz de planejar um policiamento ostensivo eficaz. Em frente a Prefeitura a anarquia foi generalizada.
Não é a primeira vez que Tista rodeado de seus puxa sacos agride pessoas. No ano passado, 2006, em frente da casa de Dedé (meu irmão), ele tentou pisotear de cavalo todos que estava na calçada. No momento, estavam ali minha esposa, meus filhos, meus netos de 04 e 03 anos, meus sobrinhos, parentes vindos de Salvador e de outros lugares. Não fosse a intervenção de Lú (Luís Montalvão) e Luciano, talvez tivesse acontecido coisa pior, o que tomei conhecimento no dia imediato, posto que no momento não estivesse ali. Ele, como sempre acontece, embriagado.
Jeremoabo hoje é uma cidade dividida e as pessoas não se respeitam mais, se agridem. É esse o risco de Jeremoabo. Uma liderança política, se é que mereça ser passivo da expressão, de forma, despudorada, inconformado com a derrota humilhante de 2004, a todo custo, tem a pretensão de demonstrar ante Spencer, o Prefeito Municipal, maior prestígio. Ledo engano. Decerto que os que com ele se aproveitaram da coisa pública por longos 08 anos, tenham o ardor. Da maneira com que a carruagem está sendo conduzida, dificilmente não ocorrerão mortes. É preciso rezar muito para São João para que isso não aconteça. Se a violência não for contida, no próximo ano, que será um ano eleitoral, estará fora de controle e o Jeremoabo pacato, que já era, mais uma vez, já era.
É bom lembrar que basta o Judiciário ágil e a candidatura dele já era. São 14 condenações por parte do Tribunal de Contas dos Municípios – TCM, e mais 02 condenações por parte do Tribunal de Contas do Estado – TCE, todas o mandando devolver o que ele se Apropriou Indebitamente, o dinheiro público. Está denunciado pelo Ministério Público Criminal por crime de malversação do dinheiro público. Já responde a três ações de improbidade administrativa, que tem curso na Comarca, além de outros procedimentos. Na Justiça Federal, Subseção de Paulo Afonso tramitam a Representação Criminal de nº. 2006.33.06.004165-8, já com a Polícia Federal desde 11.12.2006, e uma ação ordinária, de nº. 2006.33.06.000829-0.
É bom ficar de olho.
Lembrar-se-á, e Tista deve repensar o que vem fazendo de males para si, sua família e para o Município. Descende de duas famílias das mais tradicionais de Jeremoabo, Melo, pelo lado materno, Carvalho, pelo lado paterno, que nunca foram afeitas à violência, pelo menos, não tenho comigo nenhuma lembrança, e olhe que já estou com 56 anos de idade. Lembre-se ainda que um Juiz com caneta rápida e um Ministério Público atuante é o bastante para debelar atos de violência. Recentemente, o MM Juiz de Direito da Comarca já demonstrou como é sério e de decisão firme. Comenta-se, amiúde, que um ex-Prefeito já foi parar na cadeia.
De alta gravidade, lembro-me de dois capítulos ocasionais da vida política de Jeremoabo. O mais recente, a morte de Pin (que era meu tio, eis que irmão de minha mãe), e o mais remoto, envolvendo o pai de Tista, José Lourenço de Carvalho, Deda, um homem sério e sóbrio, que foi desafiado em sua residência por um promotor, Dr. Renato, que portava consigo duas armas a mão. Do capítulo, foi preso, injustamente, Tonho Magro, irmão de Deda e tio de Tista, um homem de bem que passou vários dias preso no Quartel do Exercito em Paulo Afonso. O Juiz da época, Dr, Raimundo Irmão, interceptou uma Rural, salvo engano, veículo destinado ao transporte do Prefeito, com armas e dois seguranças, Edgar e Expedito. . Eu estava no início de minha adolescência e tenho vagas lembranças.
De que vale a violência, senão constranger ou lesionar pessoas, ceifar vidas e resultar prisões, justas, e até injustas. É bom repensar Jeremoabo por que violência não leva a lugar algum.
Sobre a os festejos juninos em Jeremoabo, a sua descaterização, o resgate das tradições e forma de organização, tratarei posteriormente.
Paulo Afonso, 01 de julho de 2007. Fernando Montalvão.
Montalvão, Fernando. JEREMOABO EM RISCO. Montalvão Advogados Associados. Paulo Afonso - BA, 01 de julho de 2007. Disponível em: http://www.montalvao.adv.br e montalvaoaaassociados.adv.br/plexus/artigos_conxoespoliticas.asp
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