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sexta-feira, março 23, 2007

Juiza com uma vida de lutas e ideais chega a desembargadora

“A toga do juiz não tem o azul das alegrias, o verde da esperança ou o vermelho do triunfo, mas o negro da abnegação e da renúncia, do devotamento e do sacrifício”. As palavras do ex-senador João Mangabeira soam belas como um poema para a juíza Sara Brito, que hoje, às 17h, no Tribunal de Justiça, no CAB, será alçada ao cargo de desembargadora. Viúva do advogado Pedro Milton de Brito, ela se destacou como militante política na época da ditadura militar, na profissão que abraçou e agora ver coroada de êxito toda uma carreira dedicada aos supremos ideais de justiça. “Tal investidura muito significa no contexto de minha vida, sendo impossível dissociá-lo das lutas e dos sonhos de muitos, pelo restabelecimento do Estado Democrático de Direito e por um Poder Judiciário democratizado, sempre ajustado à teoria da harmonia e independência dos poderes, comprometido, somente, com a soberania do Direito, interpretado com isenção pelos magistrados, agentes do Poder mais importante para a estabilidade do sistema democrático e para o aperfeiçoamento das instituições”, declarou a futura Desembargadora. A juíza Sara Brito tem orgulho de ter participado das lutas pelo restabelecimento das liberdades democráticas. “ Recordo-me que cursava o 4º ano na Faculdade de Direito da UFBa e encontrava-me na residência universitária, em companhia de colegas, no dia 13/12/68, quando tivemos conhecimento de que o Presidente da República havia baixado o Ato Institucional nº 5, instalando-se uma ditadura militar ainda mais férrea, com poderes absolutos e ilimitados”. No Brasil da época foram extintas as garantias do Poder Judiciário, o Supremo Tribunal Federal despojado de suas prerrogativas e proibido de apreciar habeas corpus em caso de prisões por motivos políticos. Parlamentares foram cassados, a Ordem dos Advogados vítima de represálias e a imprensa censurada. “Logo depois, em virtude da militância política, fruto do inconformismo com o obscurantismo, tive minha matrícula cassada na Faculdade de Direito, no último ano, juntamente com outros colegas como Vitor Hugo Soares, João Dantas, Aurélio Miguel, Genebaldo Queiroz, Marcelo Cordeiro, Amalio Couto, Eduardo Monteiro, Rosalindo Souza, que havia sido presidente do Centro Acadêmico Rui Barbosa, e Demerval Pereira, os dois últimos mortos na guerrilha do Araguaia, heróis da resistência revolucionária”, relembra. Por intermédio de Elquisson Soares, então presidente do Diretório Acadêmico da Faculdade Cândido Mendes do Rio de Janeiro, Sara Brito conseguiu transferência para aquela instituição, onde cursou o último ano do bacharelado, tendo colado grau em ambiente solitário, no gabinete do Diretor Professor Raul Chaves, à quem tem uma dívida de gratidão por ter facilitado sua transferência, sem a companhia de familiares e amigos. “Após a graduação permaneci naquele Estado, na clandestinidade, por algum tempo, tendo convencimento do quanto arrisquei minha vida, porque é fato histórico de que nas horas de repressão política o arbítrio é ilimitado e irracional, não tendo sido diferente no Brasil, fasto desconhecido de muitos jovens, pois, vivíamos um época de abusos e violências que se praticavam por todo o País. Pessoas desapareciam e eram mortas impunemente, tendo convivido com muitas delas em Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo”. Indiciada e processada na Justiça Militar, como incursas nas penas da Lei de Segurança, Sara Brito cumpri pena, inicialmente, na Polícia Federal, sendo depois transferida para a Casa de Detenção, no Largo de Santo Antônio, e, confessa, até hoje sofrer seqüelas daquela época, “ em virtude de infecções nos olhos de que fui acometida, com certeza em razão da pouca higiene existente na cela onde ficava em companhia de mais três prisioneiras, de outros Estados, inclusive de Maria Helena Gotijo, cujo marido, Renato Gotijo, que também se encontrava preso na penitenciária Lemos de Brito, tornou-se, anos depois, Reitor da Universidade Federal de Minas Gerais”. A juíza Sara Brito prossegue relatando a sua estória: “Após a saída da prisão tornei-me companheira e cúmplice de Pedro Milton de Brito, advogado combativo, insubmisso, exemplo de fidelidade aos seus ideais, com uma firmeza de princípios e uma coragem indômita, atuante em defesa dos direitos e das liberdades públicas, com relevantes serviços prestados à causa da Justiça, por cujos postulados sempre se abateu, e à advocacia baiana, que sempre dignificou, intolerante com o autoritarismo desvairado, em todos os seus aspectos, e que também deu sua contribuição no processo das lutas do povo brasileiro em busca da democracia”. A poucas horas de ocupar o cargo de Desembargadora, Sara Brito diz ter orgulho de formar par na caminhada da resistência com o ex-procurador da República Pedro Milton de Brito, proibido de tomar posse em 1973 por orientação do Serviço Nacional de Informações, e conclui afirmando que “Deus me dará forças para continuá-la, reaquecendo a minha fé na força irresistível do Direito, que sempre triunfa , porque ele é eterno, o autoritarismo é que é efêmero, consciente de que a independência do Poder Judiciário constitui patrimônio coletivo e confiante de que os irrecuperáveis do autoritarismo e seus seguidores jamais tentarão, novamente, implantar nova ditadura militar no Brasil, com conseqüências nefastas, como ocorreu, para as instituições, inclusive o Poder Judiciário”. Vida longa para a eterna guerreira e nova Desembargadora da Bahia. (Por Nelson Rocha)
Zé Eduardo crava o primeiro lugar no Ibope
Mais do que nunca a força dos apresentadores baianos tem se revelado importante instrumento de consolidação da audiência no Estado. Enquanto Raimundo Varela avança cada vez mais no horário do meio-dia com o Balanço Geral na TV Recorde, no horário das 13h é a vez do também dinâmico e batalhador Zé Eduardo, no Se Liga Bocão da TV Aratu. “ Eu sou um cara que está procurando um lugar ao sol... e já consegui. Eu sou primeiro lugar no Ibope hoje”. A frase é dita com a convicção dos vencedores e um brilho no olhar. José Eduardo Figueiredo Alves, 37 anos, percorreu um longo caminho e abriu muito a boca nos microfones das emissoras em que trabalhou para poder chegar à liderança de um horário televisivo. Com o “ Se liga Bocão”, apresentado de segunda à sábado, sempre a partir das 13h na TV Aratu, Canal 4, a audiência do dinâmico apresentador cresce e se fortalece, principalmente entre a camada carente do Estado. Na semana de 26.02 a 04.03, na faixa horária das 13h30 às 13h45, ele cravou 22,4 pontos no Ibope, reservando o segundo lugar para a toda poderosa Globo que registrou 11,1 pontos de audiência. No mesmo período, das 13h45 às 14h, o polêmico Zé Euardo registrou 22,00 pontos, enquanto a emissora carioca tinha que aceitar apenas 12,2 pontos. A surpresa maior ficou para o horário das 14h às 14h15, ainda no mesmo período, quando Bocão abriu 23,9 pontos, deixando a Vênus Platinada mais uma vez atrás, com apenas 14,6. - Eu atribuo este sucesso primeiro a mostrar a verdade nua e crua, do jeito que ela é, e também à parte social do programa que é muito forte. Em apenas cinco meses, nós conseguimos atender 198 casos, como prótese de dentes, cirurgias, tudo isso com a ajuda do povo. Não temos ajuda de políticos nem de empresas particulares. O povo chega aqui e doa camas, berços, cestas básicas. Já chegamos a arrecadar até duas toneladas de alimentos, doadas a cinco creches. O segredo do sucesso é justamente o povo se ver na tv. A concorrência estava acostumada com a mesmice”, diz o apresentador. Filho do radialista José Oswaldo, casado e pai de dois filhos, Zé Eduardo começou na comunicação empunhando o microfone do Departamento de Esportes da Rádio Cultura, passou pela TV Bahia, Itapoan e hoje divide o seu tempo entre a produção e apresentação dos seus programas na Aratu e Rádio Transamérica. “ Eu tenho essa pegada do rádio, mas não sabia que tinha essa pegada popular”, confessa para, em seguida, revelar que ter resgatado o folclórico repórter de rua Zé Bim para o programa resultou num “ casamento perfeito” de dois comunicadores que estão hoje na boca do povo. As repórteres Aline Castelo Branco e Eliana Cardoso dão o toque feminino ao “Se liga Bocão”, enquanto que o eterno pugilista Hollyfield completa a turma que vai ao ar. As pautas de reportagens envolvem toda uma equipe de produção que está atenta 24 horas por dia aos acontecimentos da cidade. As principais matérias saem do site Se liga Bocão.com, hoje com mais de 3.800 denúncias enviadas por e-mail. (Por Nelson Rocha)
Fonte: Tribuna da Bahia

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