Sérgio Perez
Com Davi Alcolumbre (União-AP) voltando à presidência do Congresso, o Centrão realmente coloca a faca no pescoço do governo. Pagou, levou; não pagou, está perdido. E não adiantará nada o esforço do ministro Flávio Dino tentando barrar o escárnio via Supremo. O Congresso dará sempre um jeito e cada votação terá um preço.
Na verdade, a administração federal virou balcão de negócios. A Codevasf, estatal que cuidava do desenvolvimento da região do vale do São Francisco, conseguiu ampliar ardilosamente a geografia, até fazer o Velho Chico chegar ao Amapá, vejam a que ponto chega a desfaçatez dessa gente.
PETROBRAS NA MIRA – Só no escândalo do parente do drputado baiano Elmar Nascimento (União) a mutreta da Codevasf envolveu mais de um bilhão. com b de bola. Isso mesmo.
Com Alcolumbre na presidência do Congresso, a Petrobras entra na mira para obter licença de pesquisa e extração de petróleo no litoral do Amapá. O governo será pressionado para autorizar logo a operação.
O Brasil precisa desesperadamente de novos campos de petróleo, mas a exploração da margem equatorial poderia começar pelo Rio Grande do Norte, mas o preferido é o Amapá de Alcolumbre.
TUDO DOMINADO – Na situação a que chegou a política brasileira, o Sul e o Sudeste estão dominados no Parlamento. Como resolver essas distorções?
Uma das medidas deveria ser a reforma do sistema representativo, com a adoção do modelo “um homem, um voto”, com os cidadãos tendo o mesmo poder de voto, sem o atual privilégio dos Estados com menos habitantes.
Nesse esquema, devemos defender o voto distrital puro, com “recall” para substituir o parlamentar que não esteja cumprindo suas promessas de campanha. Do jeito que está, o parlamentar não representa ninguém além dele mesmo, pois não há instrumentos de cobrança.