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segunda-feira, outubro 31, 2022

Deputadas bolsonaristas já investigadas por atos antidemocráticos incentivam bloqueios em rodovias

 



Os bloqueios de caminhoneiros em rodovias por todo o país foram incentivados por pelo menos duas deputadas bolsonaristas, que já foram investigadas por atos antidemocráticos: Aline Sleutjes (Pros-PR), que é uma das vice-líderes do governo Bolsonaro no Congresso, e Carla Zambelli (PL-SP). A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) e a Confederação Nacional do Transporte (CNT), por sua vez, se manifestaram contra os bloqueios. Líderes da greve de 2018 também condenaram o fechamento das estradas.

Leia: PGR pede que diretor-geral da PRF preste esclarecimentos em 24 horas sobre bloqueios

Veja também: PM isola Esplanada dos Ministérios com receio de protesto de caminhoneiros

A deputada Aline Sleutjes divulgou um vídeo em um ponto de paralisação na rodovia PR-151 dizendo que o ato ocorria, porque os manifestantes não concordavam com o resultado das urnas. No vídeo, ela incentiva os atos antidemocráticos e questiona os manifestantes se concordavam com o resultado das urnas.

— A população não acredita que ontem nós tivemos essa derrota — afirmou.

Zambelli, uma das principais apoiadoras de Bolsonaro na Câmara, compartilhou em uma rede social vídeos das paralisações e escreveu: "Parabéns, caminhoneiros. Permaneçam, não esmoreçam".

As duas parlamentares foram alvo do inquérito de atos antidemocráticos aberto no Supremo Tribunal Federal (STF) e, depois do seu arquivamento, passaram a ser alvo do inquérito das milícias digitais, sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes.

Procurada, Zambelli afirmou: "Eu os parabenizei pelo patriotismo". Questionada se suas declarações significavam apoio aos bloqueios, a deputada respondeu: "Entenda como quiser". A assessoria de Sleutjes não respondeu.

O deputado eleito Marcos Antônio Pereira Gomes (PL-SC), conhecido como Zé Trovão, que é um dos líderes dos caminhoneiros, afirmou que foi a um local de paralisação de rodovia em Joinville (SC) verificar a situação, mas disse que não realizou incentivos ao bloqueio das estradas.

— Os parlamentares, como representantes legais dos seus estados, estão indo nos pontos para conversar, pedir que seja pacífico e que as coisas corram bem, pedindo calma, é isso que posso dizer sobre a participação dos parlamentares — disse ao GLOBO.

O deputado Nereu Crispim (PSD-RS), líder da Frente Parlamentar dos caminhoneiros autônomos, afirmou que o grupo não tem relação com os atos que estão bloqueando estradas pelo país.

— Desde ontem, quando começou esse movimento criminoso nas estradas, a frente parlamentar conversou com as lideranças. Os bloqueios não têm apoio dos caminhoneiros autônomos, nem das entidades, nem da frente parlamentar. Estão utilizando os caminhoneiros como bucha de canhão para esses atos antidemocráticos — afirmou.

O parlamentar diz que as articulações para os bloqueios são comandadas por parlamentares e empresários ligados ao agronegócio em grupos de WhatsApp e não contemplam nenhuma das pautas defendidas pelos caminhoneiros autônomos. Entre as demandas da categoria estão, por exemplo, a política de preço da Petrobras, a aposentadoria após 25 anos de trabalho e o piso para o frete.

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