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sábado, outubro 29, 2022

Risco agora é o de tumulto na votação e na apuração das urnas - Editorial




As instituições precisam continuar firmes para enfrentar os instintos antidemocráticos de Bolsonaro

A nona eleição presidencial desde a redemocratização do país, que termina domingo, será, ao que tudo indica, a mais disputada de todas, com pequena distância entre o eleito e seu rival. Marcada por paradoxos, ela é a primeira a ser travada com força total com o uso generalizado das redes sociais, um dos fatores para o baixo nível das campanhas e pela mirrada discussão de propostas para o futuro. É de longe a mais polarizada desse período republicano - já antes do primeiro turno, mais de 80% dos eleitores já tinham decidido em quem votar.

Pela primeira vez um presidente enfrenta um ex-presidente e, também pela primeira vez, o detentor do cargo, Jair Bolsonaro, não lidera as pesquisas e permaneceu em segundo lugar após o primeiro turno. Há mais peculiaridades. Não é a primeira vez que se denuncia eventuais roubalheiras nas urnas, mas é inédito que as denúncias partam do vencedor do pleito, como ocorreu de 2018 até agora. Ademais, a máquina do Estado, principalmente na República Velha, jogava todo seu peso a favor do candidato do partido do governo. É curioso, agora, que o presidente da República preveja que será roubado nas urnas (que nunca falharam nos quesitos exatidão e lisura) por quem não detém o poder nem tem condições de fazê-lo.

Desde que as pesquisas para as eleições deste ano começaram a ser feitas, o ex-presidente Lula mantém o favoritismo, tendo recebido 6,5 milhões de votos a mais que os dados a Bolsonaro no primeiro turno. Até a semana passada, a diferença entre eles havia se estreitado, indicando, ainda que em câmera lenta, uma ascensão do presidente na reta final da campanha, sinal de uma virada possível após a contagem dos votos.

As pesquisas mais recentes parecem indicar que o momento favorável a Bolsonaro já foi maior. A semana derradeira do período eleitoral começou com um inacreditável tiroteio e lançamento de granadas de um aliado de Bolsonaro, e ex-aliado de Lula, Roberto Jefferson, líder do PTB, contra a Polícia Federal que fora até seu domicílio para conduzi-lo a prisão fechada.

O bizarro episódio colocou a campanha bolsonarista na defensiva. O estrago eleitoral foi ampliado com a divulgação das fórmulas que estavam no laboratório do Dr. Silvana, no Ministério da Economia: fim da indexação do salário mínimo e das aposentadorias, fim da dedução dos gastos com saúde e educação no Imposto de Renda. O ministro Paulo Guedes negou a existência desses estudos. Pesquisa Datafolha divulgada ontem mostrou pequena oscilação para baixo do presidente. Apontou aumento do apoio a Lula entre os mais pobres e queda de Bolsonaro nessa faixa. Lula tem 49% e seu rival, 44% do total de votos.

Bolsonaro acionou a última fase de sua estratégia, a de causar tumulto no dia das eleições e não aceitar eventual derrota. O presidente pediu a seus apoiadores que se concentrem nos locais de votação até o fim da apuração e ao PL, seu partido, que se inscrevam como fiscais de urnas. Além disso, recorreram ao Tribunal Superior Eleitoral alegando que milhares de peças da campanha do presidente não haviam sido veiculadas em rádios de todo o país.

Como em todas as acusações que o presidente faz, não há provas. Não foram milhares de peças, foram 790 na petição de seus advogados que, mesmo diante do número reduzido, não apresentaram provas. O ministro Alexandre de Moraes arquivou o inquérito, alegando que a tarefa de fiscalização da propaganda eleitoral compete aos partidos e indicou que pode processar o PL por incentivar a balbúrdia às vésperas do segundo turno.

Nada menos que nessa hora providencial, o ministro da Defesa, em nome dos militares, apareceu com sugestões de “oportunidades de melhoria” no sistema de fiscalização no segundo turno. O ministro se negou a divulgar o resultado da auditoria do primeiro turno por ser parcial - um argumento que pode indicar que nada foi encontrado até agora, mas poderá ser. Bolsonaro, por sua vez, foi direto. Os militares teriam informado a ele que é “impossível dar um selo de credibilidade ao processo”.

A última chance de obter pontos decisivos na corrida eleitoral será no debate de hoje na TV Globo. Mas a convicção do presidente, instilada em seus apoiadores radicais, é a de que se ele perder será porque foi roubado. A desconfiança do presidente contra as urnas provoca tensões e maus presságios que percorrerão toda a jornada eleitoral. As instituições precisam continuar firmes para enfrentar os instintos antidemocráticos de Bolsonaro.

Valor Econômico

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