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sábado, abril 02, 2022

Jair Bolsonaro ataca novamente ministros do Supremo e se afasta do caminho das urnas

Publicado em 2 de abril de 2022 por Tribuna da Internet

Bolsonaro defendeu ditadura e diz para ministros se calarem

Pedro do Coutto

Num evento no final da tarde de quinta-feira no Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro voltou a atacar o Supremo Tribunal Federal, referindo-se indiretamente a Luis Roberto Barroso, Edson Fachin e Alexandre de Moraes, acentuando assim que decidiu novamente afastar-se do caminho das urnas e partir para um processo de radicalização iniciado com a ordem do dia do general Braga Netto a respeito do 31 de março.

O ministro Edson Fachin na manhã de ontem, sexta-feira, em declarações à GloboNews, convocou o Tribunal Superior Eleitoral e afirmou que a democracia já está sob ataque. O processo político se complica. Aliás, a complicação deve decorrer, penso, do resultado de alguma pesquisa que apontou algum resultado ruim para Bolsonaro e que está ainda para ser divulgada.

AUMENTOS – É verdade que a pesquisa do Datafolha que revelou um avanço de sua candidatura em relação ao levantamento anterior foi realizada em meio ao aumento da gasolina, do diesel e do gás de cozinha que levou à substituição do presidente da Petrobras.

Essa hipótese de algum novo insucesso na candidatura de Bolsonaro foi abordada num comentário brilhante da jornalista Natuza Nery no final da tarde de quinta-feira, também na GloboNews, tão logo foi divulgado o pronunciamento do presidente da República atacando mais uma vez ministros do STF.

No evento no Planalto, em que esteve presente o deputado Daniel Silveira, cuja figura inclusive foi destacada pelo presidente,  Bolsonaro afirmou-se novamente contrário às urnas eletrônicas dizendo: “O que é que falta? Que alguns poucos não nos atrapalhem. Se não tem ideias, cale a boca! Bota a tua toga e fica aí sem encher o saco dos outros! Como atrapalham o Brasil”

CRÍTICAS – Na quarta-feira, ao participar de campanha política no Rio Grande do Norte, o presidente Bolsonaro já havia iniciado as críticas às urnas eletrônicas afirmando que os votos impressos serão contados. Não disse como será feita tal contagem. Mas destacou: “O povo armado jamais será escravizado. E podem ter certeza que por ocasião das eleições de 2022, os votos serão contados no Brasil. Não serão dois ou três ministros do STF que decidirão como serão contados esses votos”.

O processo político assim ingressou numa atmosfera altamente densa, através da qual o presidente da República revela por ação tácita ter se afastado do caminho das eleições para se reeleger. Falou em tom exaltado e se referiu a inimigos que habitam a Praça dos Três Poderes de Brasília. Sem citar nominalmente a ministra Rosa Weber, ele se mostrou irritado com o despacho que não arquivou manifestação da Polícia Federal de que ele não tenha tentado interferir nas investigações da PF.

Bolsonaro, na sequência, defendeu a ditadura de 64 a 85, dizendo: “Na ditadura, todos aqui tinham direito de ir e de vir, de sair do Brasil, trabalhar, constituir família, estudar”. Críticos do pronunciamento presidencial lembraram, de acordo com Marianna Holanda e Matheus Vargas, Folha de S.Paulo de ontem, que houve milhares de denúncias de torturas que não foram apuradas ao longo do período da ditadura militar. Como se observa, o pronunciamento de Jair Bolsonaro não está absolutamente conexo.

CASO DOS PASTORES – Em certo momento, ele condenou o que fizeram com o ministro Milton Ribeiro “que nos deixou temporariamente”, frisou, após o caso dos pastores e das verbas orçamentárias.

Portanto, Bolsonaro admitiu diretamente que Ribeiro poderá voltar à pasta da Educação. Em outro trecho, reagiu contrariamente àqueles que o criticam por não tomar vacina e usar a máscara. “O problema é meu, a vida é minha. Não vou tomar vacina.”, acentuou.

REPERCUSSÃO – O episódio e sua repercussão representam mais um episódio da sucessão presidencial. Nesse, inclui-se a desistência de Sergio Moro que vinha obtendo 8% das intenções de voto, segundo o Datafolha, e as decisões de João Doria e Eduardo Leite que renunciaram aos governos de São Paulo e do Rio Grande do Sul.

 Mas isso não significa exatamente que vão ser candidatos à Presidência da República. A desincompatibilização vale também para o Senado Federal e a Câmara dos Deputados. Eduardo Leite, ao meu ver, tem um caminho muito difícil, pois mesmo na hipótese de Doria desistir da candidatura ao Planalto, ficaria horrível para o PSDB retomar um projeto  que havia sido interrompido pelas prévias realizadas entre os tucanos.

O quadro sucessório tornou-se mais restrito, porque se um candidato que tem 8% dos votos desiste, que dirá aqueles que têm 2%, como é o caso de João Doria, e 1% como é o caso de Simone Tebet. A atmosfera ficou novamente muito pesada e a democracia, como Fachin destacou, encontra-se novamente sob ataque.

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