Publicado em 2 de agosto de 2021 por Tribuna da Internet
Folhapress
Um operador financeiro pernambucano é uma das peças-chave para o indiciamento do líder do governo Jair Bolsonaro no Senado, o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE). De acordo com a Folha de S. Paulo, Eduardo Freire Bezerra Leite, 56 anos, conhecido como “Ventola”, é amigo do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e já foi investigado na Lava Jato, onde virou delator.
Ainda de acordo com o jornal, no último dia 31 de maio, um relatório da investigação policial da Operação Desintegração apontou que Bezerra e seu filho, o deputado federal Fernando Coelho Filho (DEM-PE), estavam envolvidos em casos de corrupção, lavagem de dinheiro e caixa dois.
VANTAGENS INDEVIDAS – O texto do relatório afirma que pai e filho receberam vantagens indevidas de R$ 10,4 milhões (em valores não atualizados) no período de 2012 a 2014, do operador financeiro que atuava por meio de uma empresa que prestava serviços de terraplanagem e aluguel de máquinas em obras. A PF diz, no entanto, que na prática o negócio servia sobretudo de entreposto para movimentações financeiras de empreiteiras.
O inquérito aponta ainda que o amigo de Lira emprestou em 2012 R$ 1,5 milhão à campanha de Fernando Filho à Prefeitura de Petrolina. Parte desse dinheiro foi destinada para uma concessionária de veículos dirigida por um primo de Bezerra no interior pernambucano.
Eduardo Freire disse durante delação que emprestou outros R$ 1,7 milhão para a campanha do político ao Senado, também sem registro na Justiça Eleitoral. “Apenas aceitou realizar o empréstimo nesse montante milionário por se tratar de um ministro de Estado, que estava se candidatando ao cargo de senador da República, e que gozava de amplo prestigio no meio político pernambucano e nacional”, confirmou a investigadores.
OPINIÃO ISOLADA – Procurada pela Folha, a defesa de Fernando Bezerra Coelho e de Fernando Coelho Filho disse que o relatório da Polícia Federal no inquérito “não passa de opinião isolada da delegada responsável”. A defesa de Eduardo Freire também foi procurada, mas informou apenas que não pode se manifestar devido ao compromisso de sigilo do acordo de colaboração.
O compromisso de colaborar com as investigações foi firmado pelo empresário pernambucano em 2017, na safra de delações do período do então procurador-geral Rodrigo Janot. O acordo foi negociado em conjunto com outros integrantes de seu grupo, como o sócio João Carlos Lyra.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Dá para entender por que Sérgio Moro e a Lava Jato são tão atacados. As investigações que fizeram são da maior importância e continuam produzindo resultados. Mas quem se interessa? (C.N.)