Carlos Newton
Há pessoas que, definitivamente, não têm medo do ridículo. Gostam de se exibir, não resistem a uma câmara ou um microfone e saem dizendo disparates. Era assim com Lula da Silva, autoproclamado o homem mais honesto da humanidade, com Dilma Rousseff, a estocadora oficial de vento da ONU, e é assim também com Jair Bolsonaro, o garoto-propaganda mundial da cloroquina.
Itamar Franco e Michel Temer sabiam se comportar, embora o mineiro se excedesse no carnaval e o paulista gostasse de manter isso, viu. E até Fernando Henrique Cardoso, o mais vaidoso de todos eles, era mais comedido e se expunha menos.
CAVALÃO DESEMBESTADO – Apelidado de “Cavalão” nos seus tempos de caserna, com a chegada ao poder Bolsonaro ficou desembestado . Assim que assumiu o governo, iniciou uma interminável sucessão de declarações imbecis, tipo:
“Nazismo é uma ideologia comunista”; “O erro dos militares foi torturar e não matar”, “O Brasil não pode ser o país do turismo gay. Quem quiser vir aqui fazer sexo com uma mulher fique à vontade. Agora, não pode ficar conhecido como paraíso do mundo gay”; “Se o presidente da OAB quiser saber como é que o pai dele desapareceu no período militar, conto pra ele…”; “É impressionante a imprensa dar espaço para uma pirralha dessa aí”, disse, referindo à adolescente sueca Greta Thunberg, a gestão dele tem sido um nunca-acabar de declarações idiotas.
IMAGEM DESTRUÍDA – Bolsonaro não consegue entender que o Brasil é um país importante e tudo o que seu presidente afirma tem repercussão interna e externa. Com apenas dois anos de governo de Bolsonaro, pode-se repetir Lula da Silva e dizer, sem medo de errar, que nunca antes, na História deste país, se viu um festival igual de bobagens e afirmações negacionistas, especialmente em relação ao coronavírus e à covid-19.
A imagem do país está destruída no exterior, nossos diplomatas são motivo de chacotas e a imprensa mundial demonstra haver consenso sobre a figura caricata de Jair Bolsonaro, que jamais poderia ter sido eleito para presidir o país.
O único consolo é que se trata de um político autocarburante, que consome a si mesmo, sem necessitar que ninguém acenda o fósforo. A partir de agora, com o fim do auxílio emergencial, sua popularidade está destinada a desabar, e Jair Bolsonaro tem um encontro marcado com o fracasso.
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P.S. – No período colonial, o botânico francês August de Saint’Hilaire dizia: “Ou o Brasil acaba com as saúvas ou as saúvas acabam com o Brasil”. Dois séculos depois, as formigas predadoras não conseguiram destruir o país, mas o cavalão Bolsonaro faz um esforço danado com esse objetivo. (C.N.)