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quinta-feira, junho 23, 2011

Battisti recebeu proposta para trabalhar como tradutor, diz defesa

Ex-ativista italiano ficou preso quatro anos no Brasil. Nesta quarta, Battisti obteve autorização para viver e trabalhar no Brasil

22/06/2011 | 20:00 | G1/ Globo.com

Libertado da prisão e com autorização para permanecer no Brasil, o italiano Cesare Battisti recebeu uma proposta para trabalhar com tradução de livros, segundo relatou seu advogado de defesa, Luiz Eduardo Greenhalgh, ao G1.

Battisti, que já publicou livros, deve continuar a escrever no Brasil.

"A editora que publica os livros dele ofereceu a possibilidade de ele também, além de escrever seus próprios livros, ajudar na tradução. Ele fala italiano, português, francês e espanhol. Acho que ele vai ajudar na tradução de alguns autores indicados pela editora. Vai aumentar um pouco o salário dele", disse Greenhalgh.

A reportagem não conseguiu contato com a editora.

O Conselho Nacional de Imigração, vinculado ao Ministério do Trabalho, concedeu nesta quarta-feira (22) autorização de permanência para o ex-ativista de esquerda. Com o documento, o italiano poderá viver e trabalhar por tempo indeterminado. A autorização de permanência é um pré-requisito para a concessão do visto definitivo, que neste caso é tarefa do Ministério da Justiça.

Questionado se o italiano pretende escrever sobre sua vida e a batalha judicial por sua extradição, o advogado respondeu que acha isso provável. "É a saga dele", justificou.

Ainda de acordo com a defesa, Battisti não quer conceder entrevistas, afirma Greenhalgh, e encarou a decisão do Conselho Nacional de Imigração com "naturalidade".

"Ele não se entusiasmou nem se deprimiu. Acho que ele tem compreensão de que agora é um novo período da vida dele e acho que ele espera poder viver em paz daqui por diante", disse o advogado.

No dia 8 de junho, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu manter o italiano no Brasil. Battisti ficou mais de quatro anos preso no Brasil, aguardando o desfecho do pedido de extradição feito pelo governo da Itália. Acusado de quatro assassinatos, ocorridos na Itália, durante a luta armada na década de 70, Battisti foi condenado à prisão perpétua em seu país de origem.

Os ministros do STF mantiveram a decisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que, no final do ano passado, negou o pedido de extradição feito pelo governo da Itália.

Um dia após deixar a prisão em Brasília, o italiano telefonou para as duas filhas adolescentes, que vivem na França, e pediu para que elas o visitem no Brasil.

"É possível que elas venham aqui visitá-lo proximamente. Sei que ele pediu para as filhas virem ao Brasil porque está com saudade", contou Greenhalgh.

Fonte: Gazeta do Povo

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