Certificado Lei geral de proteção de dados

Certificado Lei geral de proteção de dados
Certificado Lei geral de proteção de dados

terça-feira, janeiro 11, 2011

Quem se desgasta é o Supremo

Carlos Chagas

Das decisões e definições que o país espera de Dilma Rousseff, a mais premente é a nomeação do décimo-primeiro ministro do Supremo Tribunal Federal. Fica difícil aquela corte funcionar incompleta, como acontece desde agosto, por preguiça ou esperteza do já agora ex-presidente Lula. Com dez ministros, questões importantes estão ficando em cima do muro, como a Lei da Ficha Suja e, ainda agora, o caso Césare Battisti.

Parece injusto o desgaste sofrido pelo Supremo, expondo as votações a empates por 5 a 5, quando sua destinação constitucional é de dar a última palavra em quaisquer questões que lhe sejam submetidas.

Juristas de alto saber e reputação ilibada não faltam. Muito menos se imagina o Senado em pé-de-guerra com o Executivo, abrindo a hipótese de rejeitar a indicação, coisa que jamais ocorreu. Continua alta a cotação do Advogado Geral da União, Luís Inácio Adans, ainda que outros nomes existam em profusão.

Em fevereiro o STF examinará a controversa questão Battisti, dividindo-se as opiniões. Para uns, nada mais há a fazer, quando transferiu a decisão ao então presidente Lula, que rejeitou a extradição do réu para a Itália. Estaria resolvido o caso? Muitos entendem que não. O Supremo poderia opinar a respeito de suposta quebra do tratado Brasil-Itália e enviar o indigitado cidadão ao seu país de origem. Agora, imagine-se a possibilidade de um novo 5 a 5, capaz de desgastar ainda mais a imagem da corte.

Tempo dá, para a presidente da República evitar o impasse. Em tese, o décimo-primeiro ministro pode ser indicado a qualquer momento. Nada impede que o Senado se reúna extraordinariamente, ainda em janeiro, para examinar a indicação. Mesmo ficando a reunião para fevereiro, já sob a égide de um novo Senado, tudo se resolveria. Necessário, mesmo, é o governo definir e propor um nome.

DEPOIS DO CARNAVAL

Este ano o Carnaval cairá entre 5 e 8 de março. Já começaram os preparativos, ocupando boa parte do noticiário dos meios de comunicação. A expectativa favorece aquela indolente prática cabocla que costuma adiar as principais decisões de cada um, matreiramente adotada também pela política, a administração pública e muitas empresas. “Depois do Carnaval resolveremos” parece uma lei não escrita pairando sobre o país. E por que não “depois da Semana Santa”, “depois das férias de julho”, “depois da Semana da Pátria” e “depois das festas de Natal e Ano Novo”?

Até março decorrerão boa parte de janeiro e todo o mês de fevereiro. Tempo mais do que necessário para o planejamento e até a execução de bons propósitos, projetos e programas públicos e privados. Lá e cá, torna-se necessário agir. Ou será melhor, mesmo, esperar o Carnaval?

AS NOVAS MESAS

No Senado, a dúvida restringe-se às funções do PT na nova mesa. O governo parece inclinar-se para a primeira vice-presidência ser entregue ao seu partido, evitando a repetição dos últimos quatro anos, quando conforme queixas do ex-presidente Lula, o oposicionista Marconi Perilo, do PSDB, criou-lhe problemas. Há discordâncias. Se a presidência está garantida para a continuação de José Sarney, do PMDB, alguns petistas sonham com a primeira secretaria, posto de poder real e pecuniário. De qualquer forma, trata-se de um detalhe.

Na Câmara, a coisa pode esquentar. Como maior bancada, o PT indicará Marco Maia, mas o PMDB pode botar água no chope dos companheiros, em parte votando numa candidatura alternativa, seja de Aldo Rebelo, seja de Sandro Mabel, dos pequenos partidos. Muitos peemedebistas, assim, dariam o troco à presidente Dilma Rousseff por não terem sido aquinhoados com os ministérios e demais cargos pretendidos. A equação permanece inconclusa, em especial porque a chefe do governo suspendeu as nomeações até a eleição dos presidentes da Câmara e do Senado. Pode ter sido um risco.

PUXÃO DE ORELHA

Corre na Esplanada dos Ministérios que depois de haver levado a última bronca do presidente Lula, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, recebeu a primeira da presidente Dilma. Num caso por haver anunciado que até as obras do PAC sofreriam cortes orçamentários. No outro, por ter declarado que a chefe do governo vetaria qualquer projeto estabelecendo o salário mínimo acima de 540 reais.

Na suposição de o Congresso elevar o reajuste proposto ainda pelo presidente Lula, seria significativo desgaste para Dilma Rousseff ter que vetá-lo. Melhor seria negociar para a diferença ficar pequena. Até porque, mesmo representantes do PT, como o senador Paulo Paim, já disseram que votarão pela maior quantia.

Por tudo isso, a presidente da República não gostou da forma categórica com que Mantega antecipou-se a uma iniciativa que será só dela. Ganhou um puxão de orelha…

Fonte: Tribuna da Imprensa

Em destaque

“Querem jogar no colo da direita, mas atentado não afeta anistia”, diz relator

Publicado em 16 de novembro de 2024 por Tribuna da Internet Facebook Twitter WhatsApp Email Valadares afirma que a anistia vai prosseguir no...

Mais visitadas