Publicado em 4 de dezembro de 2024 por Tribuna da Internet
Vera Rosa
Estadão
Depois das conclusões da Polícia Federal sobre a trama golpista e dos percalços enfrentados nas disputas municipais, a cúpula do PT decidiu comprar nova briga com os militares e também com o Centrão, grupo que estaria sendo beneficiado por um “republicanismo excessivo” do governo.
A proposta de resolução política que passará pelo crivo do Diretório Nacional do PT, em reunião no próximo sábado, 7, destaca que o partido vai retomar as articulações para mudar o artigo 142 da Constituição e para impedir que militares da ativa disputem eleições e ocupem cargos civis.
LUGAR DE MILITAR – “Política não é e nunca foi lugar para as Forças Armadas”, diz um trecho do chamado “texto-base” da resolução, que ainda pode ser alterado.
Na teoria, comandantes militares concordam com isso, tanto que apoiaram uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), hoje parada no Senado, sobre o assunto.
Mas divergem de mudanças no artigo 142, que foi distorcido por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro – indiciado no inquérito do golpe – como justificativa para defender uma intervenção militar no País.
CULPA DE LULA – As estocadas da cúpula petista, porém, ultrapassam as fronteiras das Forças Armadas: o documento sustenta que o PT foi prejudicado nas últimas disputas para as prefeituras por um “republicanismo excessivo” do governo Lula.
O termo chegou a ser usado a portas fechadas, na reunião da Executiva do PT de 28 de outubro, após o mau desempenho do partido nas urnas.
Produzida pela tendência Construindo um Novo Brasil (CNB), integrada por Lula e majoritária no PT, a versão preliminar da resolução política afirma agora que inúmeras realizações da administração do PT foram “eclipsadas” pelo orçamento secreto.
IGUAL AO PIX – O argumento dos dirigentes é que, diante de R$ 50 bilhões em emendas parlamentares, “dinheirama distribuída num piscar de olhos, ou no átimo de um PIX”, candidatos do PT ficaram sem discurso “frente a nomes do Centrão e da direita”.
Não é só: mesmo sem defender em público a reforma ministerial, o partido recomenda que, em 2025, o governo se organize olhando para quem estará a seu lado em votações cruciais e também no palanque de 2026.
Na atual temporada, as emendas são alvo de um “estica e puxa” que tem irritado o Congresso, principalmente o Centrão, por causa de uma decisão do ministro do Flávio Dino. Apesar de liberar o pagamento das emendas, Dino exigiu que os parlamentares divulguem quem enviou e quem recebeu os recursos. É tudo o que eles não querem.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Fica claro que Lula não manda mais no PT. Os parlamentares petistas estão conscientes de que o prazo de validade de Lula está vencendo e já se preparam para o futuro sem ele. Em tradução simultânea, eles pensam (?) que o PT continuará a existir sem Lula, por isso já estão disputando antecipadamente seu espólio. (C.N.)