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quarta-feira, abril 27, 2022

Rosa Weber, no fundo, pergunta se Bolsonaro concorda com as opiniões de Daniel Silveira

Publicado em 27 de abril de 2022 por Tribuna da Internet

Rosa Weber deu dez dias para Bolsonaro prestar informações

Pedro do Coutto

Uma excelente reportagem de Bela Megale, Marianna Muniz, Jussara Soares e Daniel Gullino, O Globo desta terça-feira, coloca em destaque a preocupação do Supremo Tribunal Federal em encontrar a melhor forma para focalizar e reagir ao indulto decretado pelo presidente Jair Bolsonaro ao deputado Daniel Silveira por atentado à democracia, ofensas e ameaças físicas a ministros através das redes sociais da internet.

As declarações no fim de semana do ministro Luís Roberto Barroso causaram, por sua vez, uma forte reação do ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, baseado na opinião de militares do Alto Comando.

ESPAÇO DE TEMPO – O Supremo agora procura um espaço de tempo entre a ação e a reação para não acirrar demais o confronto que começa a se tornar inevitável a partir do instante em que Bolsonaro isenta Daniel Silveira, 24 horas depois de ter sido ele condenado pelo STF.

A reportagem no O Globo focalizou nitidamente o panorama que passou a envolver o choque de manifestações em sua primeira etapa. A melhor colocação, a meu ver, foi a da ministra Rosa Weber, relatora das ações ajuizadas por partidos políticos, tendo como objetivo anular ou neutralizar a atitude presidencial indultando Silveira numa clara agressão à Corte Suprema como um todo.

Não há como os ministros do STF deixarem de se solidarizar com o ministro Alexandre de Moraes e muito menos com os dez ministros que votaram pela condenação do acusado, maioria que demonstra a unidade e a força da decisão.  

PRAZO –   Mas as questões de força, de impacto e de confronto por seu turno dependem da forma com que são exercidas e a melhor forma foi a adotada pela ministra Rosa Weber. Ela, simplesmente, na tarde de sábado, deu um prazo de 10 dias a Bolsonaro para explicar as razões pelas quais decidiu pelo indulto 24 horas após a condenação, e que não foi solicitado pelos defensores do parlamentar.

Com isso, Rosa Weber coloca de forma bastante firme, porém suave, o ponto central da questão. Porque Bolsonaro terá que dizer os motivos que o levaram a tal decisão. Assim, deverá ficar claro o fato não só jurídico, mas político e essencial. Bolsonaro concorda ou não com os ataques de Silveira à democracia e as ameaças a ministros do Supremo, chegando ao ponto de incentivar agressões físicas?

MOTIVAÇÃO – Bolsonaro não poderá deixar de responder a questão, sob pena de deixar a sua posição cair no vazio. Qual o motivo de Bolsonaro? Este é o aspecto fundamental da questão num cenário que Weber desenhou sob o aspecto legal e jurídico do problema, mas cuja resposta ou a ausência dela conduzirá a uma revelação política.

O prazo de 10 dias, por outro lado, acentua que a ministra e o Supremo não manifestaram pressa na resposta que terão que dar a si mesmos, ofendidos e ameaçados que foram, e à própria opinião pública brasileira.

ELETROBRAS –  Em artigo publicado no O Globo desta terça-feira e no comentário feito na manhã de ontem, na GloboNews, Miriam Leitão focalizou claramente as contradições de alto porte que estão envolvendo o projeto do governo de privatizar o comando operacional e administrativo da Eletrobras.

Especialmente o que se refere a uma adição de preço a ser pago pelos consumidores domiciliares, industriais, comerciais e de serviços pela construção de termelétricas a um custo de R$ 52 bilhões. Miriam Leitão levantou as áreas previstas para essas térmicas, uma delas, de acordo com o projeto, estaria próxima a uma produção de gás.

Além da despesa de R$ 52 bilhões, a Eletrobras teria que, ainda por cima, construir gasodutos ligando as fontes de produção às termelétricas que surgiram num espaço deserto da imediata observação analítica.

DÚVIDAS – O caso Eletrobras encontra-se em exame no Tribunal de Contas da União e o ministro Vital do Rêgo já levantou diversas dúvidas sobre aspectos sombrios da privatização proposta pelo governo com base em projeto do ministro Paulo Guedes.

Agora surge a questão das termelétricas e dos gasodutos, sendo que o preço está fixado, mas as termelétricas e os gasodutos não tiveram as suas construções iniciadas.

PESQUISA –  Também na manhã de ontem, terça-feira, num de seus jornais da análise política, a GloboNews analisou uma recente pesquisa do Datafolha sobre as tendências de votos dos evangélicos nas urnas de outubro. A pesquisa foi apresentada por Elizabeth Pacheco.

Resultou praticamente numa diferença mínima a favor de Bolsonaro, com 37% contra 34% para Lula da Silva. Entre os homens evangélicos, Bolsonaro apresenta uma vantagem de seis pontos, mas entre as mulheres evangélicas, Lula tem nove pontos a mais a seu favor.

TWITTER – A compra anunciada do Twitter pelo bilionário conduz a uma série de dúvidas que acentuam a complexidade da operação. O empresário Elon Musk teria concordado em pagar US$ 44 bilhões por uma empresa que segundo a reportagem de Bruno Rosa, O Globo de ontem, tem um valor de mercado de US$ 39,4 bilhões. A operação tem a sua concretização prevista na compra de ações do Twitter ao preço de US$ 54 cada uma.

O Twitter tem uma receita de publicidade de R$ 4,5 bilhões por ano e a sua receita total é de R$ 5 bilhões. Portanto, a publicidade responde por 90% do faturamento. Tem 217 milhões de assinantes, mas em 2021 apresentou um prejuízo de US$ 221 milhões.

RENTABILIDADE – Fica a indagação a respeito da rentabilidade do investimento, pois se o confronto entre despesa e receita resultou em US$ 221 milhões negativos, como a rentabilidade anunciada será compatível com o desembolso feito? Algo ainda parece oculto na transação.

A compra por Elon Musk foi elogiada por integrantes do governo Bolsonaro e seguidores do presidente da República, além do Partido Republicano nos Estados Unidos que tem como objetivo que o Twitter restabeleça a conta de Donald Trump cortada quando da invasão do Capitólio. No Brasil, o Twitter, por exemplo, suspendeu as contas do deputado Daniel Silveira, do blogueiro Allan dos Santos e do caminhoneiro Zé Trovão.


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