Companhia aérea que suspendeu operações esta semana deve R$22 milhões somente em passagens vendidas
SÃO PAULO - Apesar de afirmar que seus passageiros que pedirem reembolso serão pagos no valor original das passagens em até 30 dias, a BRA, que informou ontem a suspensão temporária dos seus vôos, condiciona o pagamento (são R$22 milhões em tíquetes vendidos) a um novo investimento na empresa. A companhia, com dívidas de cerca de US$100 milhões em bancos, estima em US$30 milhões o valor necessário para retomar suas operações e vem procurando novos fundos de investimento para sondar interesse em investir na empresa.
Os fundos que fazem parte da Brazil Air Partners, que no ano passado capitalizaram a empresa em US$70 milhões e entraram em atrito com o seu controlador, Humberto Folegatti, não se mostram dispostos a realizar novo investimento. “Temos discussões em curso entre os acionistas sobre a possibilidade de entrar um fundo de fora para capitalizar a companhia. Se um terceiro investidor entrar, isso permitiria que os atuais acionistas possam acompanhar o investimento”, disse o diretor da BRA Danilo Amaral. “O problema é tempo”.
O fator que mais pesou na paralisação da BRA, de acordo com ele, foi não conseguir mais pagar pelo combustível. Na prática, a avaliação de especialistas é que a companhia dificilmente voltará a operar. Lembram o caso de empresas como a Vasp, que também interrompeu operações por problemas financeiros e não conseguiu voltar a voar, principalmente depois da exposição de suas situações na mídia. A BRA, que em setembro possuía 4,6% dos vôos domésticos, fazia 26 rotas nacionais e três internacionais, com 35 vôos domésticos de segunda a sexta. (Folhapress)
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Passageiros encontram guichês fechados
Graciela Alvarez
O cancelamento de todas as operações da BRA Transportes Aéreos traz à tona o caos da aviação civil nacional, voltando a atormentar a vida de quem necessita do transporte aéreo. Ontem, em Salvador, muitos dos consumidores que tinham passagens compradas para voar com a companhia se aborreceram ao tentar obter uma satisfação. Quem se dirigiu ao Aeroporto Internacional Deputado Luís Eduardo Magalhães encontrou os dois guichês da empresa completamente vazios. Poucas informações somente com alguns funcionários das duas agências PNX Travel (vinculada à BRA), localizadas no terminal aeroportuário e no bairro do Itaigara.
“O que foi passado para a gente foi que os passageiros que não estão em trânsito devem solicitar o reembolso integral em uma das agências BRA. Acomodações em outros vôos apenas para passageiros que estão em trânsito. Se ele foi, tem que voltar”, esta era a informação que o funcionário da companhia, que preferiu não se identificar, dava aos clientes. A única alternativa oferecida pela empresa gerou uma revolta entre os clientes que, mais uma vez, se viram de mãos atadadas. “Isso não vai ficar assim”, gritou um consumidor, após perguntar sobre o prazo da devolução do dinheiro, que é de 30 dias para quem efetuou a compra à vista e de 30 a 60 dias para quem comprou com cartão de crédito.
O bilhete de volta da esteticista Luzia Fidelis é apenas um dos 70 mil vendidos pela BRA até março de 2008. Para ela, que estava com duas passagens marcadas para voltar de Natal para Salvador no dia 19 deste mês, a suspensão das operações da companhia trouxe um grande prejuízo financeiro. “Como comprei as de ida em outra empresa tive que comprar as de volta também, mas não achei vôo para a mesma data, vou ter que gastar mais para ficar mais um dia em Natal”, revela.
Para Fidelis, que decidiu solicitar o reembolso na agência PNX Travel do Itaigara, essa situação é uma verdadeira irresponsabilidade: “Eles já sabiam que estavam no vermelho e continuaram fazendo promoções para enganar os bestas. Para mim, o que deveria ser diversão virou uma preocupação”, finaliza ela. De acordo com uma funcionária da agência, que também optou por não se identificar, o estabelecimento só está atendendo para reembolso. “Foi tudo muito rápido. O único comunicado que recebemos foi da nossa gerência, que nos informou que a partir de hoje (ontem), a BRA não fazia mais nenhuma operação”, declara ela, triste por também ser um dos 1,1 mil funcionários da empresa a perder o emprego.
Quem procurou o balcão de informações da Infraero no aeroporto de Salvador também não obteve sucesso, pois o órgão orientou todos os atendentes a solicitar que os consumidores procurassem a empresa. “Isso é um absurdo. Mais uma vez estamos entregues ao caos. Quero ver onde isso vai parar”, reclamou, indignado, um aposentado que viajaria pela BRA para Guarulhos neste fim de semana.
Fonte: Correio da Bahia
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