Marcelo Migliaccio
Como diz o economista Flávio Comin, assessor especial para Desenvolvimento Humano da ONU e um dos autores do relatório divulgado pelo Pnud, é preciso ter cautela ao avaliar a nova classificação do Brasil entre os países de alto desenvolvimento humano.
- É a questão do copo meio cheio ou meio vazio. Para mim, o copo está meio vazio - diz Comin.
Totalmente vazios estão os pratos de Márcia, 21 anos, e Angélica, 17. Todas as noites, elas saem do Morro do Tuiuti, em São Cristóvão, e da Favela Nelson Mandela, em Manguinhos, para pegar sobras de alimentos, muitos vencidos, num supermercado de Copacabana.
Por volta das 21h30, a reportagem do JB encontrou as duas catando qualquer coisa que pudesse ser aproveitada numa montanha de sacos de lixo na esquina da Avenida Prado Júnior com Rua Ministro Viveiros de Castro. Em meio a baratas e um mau cheiro insuportável, as amigas rasgavam os plásticos com pressa. Ao lado, brincando na imundície, os filhos de Márcia - Kauã, 3 anos, e Kauê, 1 ano e 4 meses.
- Se a gente não fizer isso não come, moço - diz Márcia, incrivelmente maquiada e com uma roupa que em nada sugeria indigência.
- Vamos logo! Daqui a pouco, o caminhão da Comlurb vai passar e levar tudo! - apressa Angélica, que teve mais sorte e deixou seu bebê com a mãe na favela.
Márcia diz que o pai de seus filhos "era ladrão e morreu de tiro". Garante que já fez faxina e trabalhou numa gráfica, embora nunca tenha possuído carteira assinada.
- Estudei até a 5ª série, mas está difícil arrumar emprego - conta.
A chupeta de Kauã cai no chão, mas a mãe só diz alguma coisa quase por obrigação.
- Não põe na boca! - manda Márcia, sem se importar se sua ordem foi cumprida. - Ele nunca pegou nenhuma doença.
A realidade das duas mulheres é vivida por milhões de brasileiros dentro de suas casas. Pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgada ontem revelou que, com o atual nível de investimento em saneamento básico, só em 2122 a totalidade da população brasileira terá acesso a rede de coleta de esgoto. Mais da metade dos brasileiros não tem esgoto recolhido. No Amapá, só 1,42% dos habitantes têm acesso ao benefício.
Conforme divulgou o Instituto Trata Brasil, que encomendou o estudo, sete crianças brasileiras morrem por dia em conseqüência da falta de saneamento básico no local onde vivem. O instituto considera que o ideal seria investir em saneamento o equivalente a 0,63% do Produto Interno Bruto. Hoje, o investimento na área é de 0,22%. (Com agências)
Fonte: JB Online
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