Quem acompanhou o congresso do PSDB e leu as alterações de seu programa pode concluir que o candidato de Fernando Henrique nas eleições de 2010 não é José Serra, nem Aécio Neves. É Fernando Henrique e, na impossibilidade disso, Geraldo Alkmin. O programa partidário, alterado pelo ex-presidente, foi escoimado dos compromissos da social-democracia para com as principais questões sociais - é um dos sinais dessa intenção.
O ex-presidente espera que as circunstâncias futuras favoreçam a facção paulista do PSDB (a que José Serra, no fundo de suas idéias, não pertence), comprometida com o neoliberalismo, as privatizações e o alinhamento ao sistema financeiro. Por mais tente passar a imagem de árbitro desinteressado, estimula a disputa entre os governadores de São Paulo e de Minas, para que ocorra o impasse. Usou da mesma manobra, na campanha passada, ao dificultar a candidatura Serra e incitar Alkmin. No fundo, o que pretendia era inserir-se como tertius, mas naquela ocasião, rejeitado pela opinião pública, era-lhe difícil postular a indicação - e ninguém assumiu a responsabilidade de propor seu nome. Ele tem esperança de que em 2010 as coisas sejam diferentes.
O ex-presidente, que, no Planalto, sempre contou com a fidelidade do senhor Eduardo Azeredo no governo de Minas, foi duro com o correligionário, ao exigir que ele pague pelo que eventualmente possa ter feito. Com isso, o ex-presidente tenta passar a idéia de preocupação ética. É melhor ver as coisas de outra maneira. O ex-presidente procura fortalecer a facção paulista.
Conforme noticiou a Folha de S.Paulo, ao ser confrontado com o problema da reeleição, FH, desconfortado, explicou que o mandato de quatro anos lhe parecia curto e havia lacunas constitucionais. Toda a nação sabe como Sérgio Motta obteve, no Congresso, a aprovação da emenda que permitiu o segundo mandato. Fitas gravadas circularam na época, revelando a compra de votos na Câmara, e o governo teve que se esfalfar para evitar a CPI que desvendaria o processo.
O programa do partido procura usar em seu proveito tudo o que Itamar Franco fez. É assim que a introdução dos medicamentos genéricos no mercado, autoria do médico Jamil Haddad, seu ministro da Saúde de Itamar, é agora atribuída aos tucanos. O mesmo se dá com a implantação do Plano Real. Foi Itamar que revisou pessoalmente todo o projeto e assumiu a responsabilidade de encaminhá-lo ao Congresso, quando Fernando Henrique não era mais ministro da Fazenda. O ministro responsável pela implantação do Plano foi o embaixador Rubens Ricupero. Apesar disso, e para efeito eleitoral, Fernando Henrique já assinara as novas cédulas.
As conveniências políticas fazem com que Serra e Aécio não passem recibo do que percebem - mesmo porque, se o fizessem, estariam fortalecendo seus adversários comuns. Os dois devem manter-se unidos, enquanto as circunstâncias trabalham a favor de um ou de outro.
Uma prova de que o partido paulista manobrou o congresso foi a claque que, durante o discurso de Fernando Henrique, o interrompeu várias vezes com os gritos de "volta, volta!"; outra, o aplauso, de pé, dos presentes, na chegada de Geraldo Alkmin - que tratou com frieza o governador José Serra.
Ao atacar o governo Lula, Fernando Henrique disse que não é preciso ser vulgar para ser popular. Essa admoestação é intrigante, quando procede de quem, quando presidente, identificou os aposentados como vagabundos e o povo brasileiro como caipira. E que disse o que disse a João Moreira Salles recentemente (revista Piauí de agosto de 2007), leitura obrigatória para quem queira conhecer o seu verdadeiro pensamento político.
Fonte: JB Online
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