Carlos Newton
Em meio à intensa cobertura do coquetel happy hour que o presidente Lula da Silva ofereceu aos senadores da base aliada nesta terça-feira, dia 5, no Palácio da Alvorada, apenas o jornalista Valdo Cruz, comentarista de política e economia da GloboNews, deu a real importância a uma das múltiplas declarações do chefe do governo, ao dizer aos parlamentares que é hora de “virar a página” com os militares.
Valdo Cruz conta que a avaliação foi feita em uma rodada de conversas informais, quando um senador trouxe ao debate a posição de militares que se envolveram no planejamento da trama golpista durante o governo Jair Bolsonaro.
MUDANÇA DE TOM – Antes que a conversa seguisse, Lula sugeriu uma mudança de tom com os militares. O presidente perguntou aos senadores se todos sabiam que o atual comandante do Exército, Tomás Paiva, só tinha 4 anos de idade quando foi dado o golpe em 1964. Na verdade, ele tinha menos, 3 anos, porque nasceu em 20 de setembro de 1960, aponta o jornalista da GloboNews.
Lula então destacou que os militares hoje no comando das Forças Armadas eram crianças à época e querem virar a página. E acrescentou que o mundo da política deveria fazer o mesmo e ajudá-los.
Na avaliação feita pelo presidente aos parlamentares no Palácio da Alvorada, o mundo da política segue tendo uma posição crítica aos militares, por achar que eles sempre querem dar um golpe, o que acaba gerando uma posição refratária das Forças Armadas, colocando-as na defensiva.
NOVA OPORTUNIDADE – Segundo o relato de Valdo Cruz, o petista disse que é hora de dar uma oportunidade a essa nova geração militar para mostrar que estamos em outro momento. E o que aconteceu no governo Bolsonaro foi uma velha guarda flertando com o golpe, mas a geração mais nova não embarcou nesta aventura.
Em tradução simultânea, todos sabem que Lula vem defendendo, em sucessivas declarações, rigor total na punição a Bolsonaro pelo golpe. A novidade é essa defesa de uma anistia unicamente aos militares, com Lula pregando “virar a página” somente no que concerne à ação dos integrantes das Forças Armadas, num flagrante ataque de bajulação verde-oliva.
E o pior é que Lula toma essa posição apressadamente, quando ainda nem se sabe ao certo se o líder do golpe era Bolsonaro ou seu parceiro Braga Netto. Bem, entre um capitão e um general, em quem vocês apostam?
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P.S. – Temos comentado aqui na Tribuna que Lula não está bem e não diz coisa com coisa. Na quarta-feira, ridicularizou a candidata de oposição na Venezuela, que era favorita e foi impedida de disputar eleição. Na verdade, Lula está se tornando uma caricatura de si mesmo, como aqueles atores de Hollywood que tentam fingir que não envelhecem. (C.N.)