Certificado Lei geral de proteção de dados

Certificado Lei geral de proteção de dados
Certificado Lei geral de proteção de dados

sexta-feira, março 03, 2023

Ao que parece, governo Lula não pretende entender a natureza do conflito na Ucrânia


Lula diz que EUA participarão de fundo amazônico após conversa com Biden

Lula se comporta como se fosse um grande líder mundial

William Waack
Estadão

Até aqui o governo brasileiro não parece ter entendido a natureza do conflito na Ucrânia. Ou pretende não entender. Não se trata de ação armada fruto de “um equívoco”, como o presidente Lula descreve a invasão deflagrada por Putin.

Na sua essência, o conflito é parte relevante da contestação da nova ordem mundial que vigorou desde a Segunda Guerra Mundial.

CHINA E RÚSSIA – A ascensão veloz da China ao papel de desafiadora do “hegemon” (EUA), por si só, já seria o grande fator de contestação. É o que faz clássicos do hiper-realismo duvidarem que não venha a ocorrer grave conflito militar entre as superpotências.

Mas tanto China como Rússia “aceleraram” o processo. Ambas enxergam o Ocidente como uma grandeza em declínio. Especialmente Putin, que juntou o velho imperialismo russo de mais de dois séculos com seu entendimento da “decadência moral” dos países ocidentais.

O resultado é uma profunda transformação na qual o que parecia garantido – um regime internacional baseado em respeito a regras e integração cada vez maior de comércio e cadeias produtivas, a tal globalização – está recuando na própria substância.

FIGURAS DE RETÓRICA – Nesse novo contexto, multilateralismo e “governança” global passaram a ser figuras de retórica, às quais o governo brasileiro parece abraçado. Assim, é difícil imaginar um eixo sul-sul, em oposição a um “norte”, quando se percebe que pelo menos dois integrantes dos Brics estão de um lado no conflito, e não apenas na Ucrânia.

A guerra na Ucrânia não é um episódio isolado, diante do qual vamos é ficar quietinhos, aproveitar as oportunidades, tratar de não ofender ninguém e posar de bom moço repetindo platitudes inúteis sobre “paz” e oferecendo-se para negociar entre beligerantes – o caminho trilhado por Lula até aqui.

São forças históricas de imensa amplitude em ação, e que conduzem países como o Brasil (potência média de influência regional) não propriamente a escolher um “lado”. Mas, sim, a optar por um “mundo”.

ERRO DE CÁLCULO – A guerra em curso desmentiu até aqui os cálculos estratégicos de China e Rússia, que presumiam sobretudo incapacidade de ação conjunta e coesão por parte do adversário.

O campo de batalha da Ucrânia demonstrou não só a atual superioridade tecnológica ocidental, que a autocracia chinesa é capaz de superar.

A lição fundamental é a de que sociedades abertas no fundo mudam mais rápido, adaptam-se melhor (a Alemanha abandonou o pacifismo) e têm melhor desempenho na relação entre poder civil e operações militares. O que se explica pelos valores em torno dos quais essas sociedades se desenvolveram e prosperaram. E o Brasil é parte do mundo ocidental.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG  Excelente análise de William Waack, ao evidenciar a atuação bisonha de Lula, que pensa (?) ser capaz de liderar um cessar-fogo na Ucrânia. “Ah, coitado”!, diria a humorista Gorete Milagres. (C.N.)


Em destaque

Saiba quem são os desembargadores alvos de operação da PF que investiga esquema de venda de decisões judiciais

  Saiba quem são os desembargadores alvos de operação da PF que investiga esquema de venda de decisões judiciais terça-feira, 26/11/2024 - 1...

Mais visitadas