Publicado em 27 de março de 2023 por Tribuna da Internet
Pedro do Coutto
O tema do aborto no país atravessa o tempo. As primeiras pesquisas foram na década de 70, ocasião em que ficou constatado que em muitos casos eram realizados através de procedimentos rudimentares que obrigavam que uma escala de 20% das mulheres tivessem que contar com atendimento complementar da rede pública.
O planejamento familiar era uma base para que pessoas, principalmente de renda menor, pudessem evitar nascimentos que no momento não desejavam, sobretudo no início de suas vidas sexuais. Na época, eram cerca de 200 mil casos, 20% dos abortos praticados, que acarretavam a necessidade de atendimento complementar, com uma média de internação de dois dias.
PESQUISA – Agora, reportagem de Lucas Altino, O Globo, com base em pesquisa nacional realizada pela Universidade Nacional do Brasil e pelo Instituto Anis, focaliza que a prática do aborto está envolvendo cerca de 14% das mulheres até 42 anos de idade, com destaque para as que possuem até 19 anos, correspondendo à metade dos procedimentos totais.
Destaca Débora Diniz, que coordenou a pesquisa junto com Marcelo Medeiros e Alberto Madeiro, que os casos que geram necessidade de atendimento complementar elevam-se a cerca de 250 mil por ano. Quando o planejamento familiar foi posto em discussão no Brasil houve muitas resistências contrárias. Mas hoje se vê que não tem base na realidade.
O problema atravessou o tempo, deixando um rastro de exemplos negativos e até de falecimentos. Esse problema social gigantesco só se resolve ou se atenua por ações concretas e residem no programa de planejamento familiar.
CONSIGNADOS – O problema do empréstimo consignado que aposentados e pensionistas do INSS assumem junto aos bancos, às vezes até por iniciativa desses, revelam o grau de carência e necessidade de milhões de pessoas, como provam os números que pontuam que cerca de 18 milhões de segurados, 60% do total, possuem créditos consignados. Os juros são efetivamente muito altos, mas os bancos reagiram ao corte determinado pelo ministro Carlos Lupi numa iniciativa difícil de alcançar êxito de uma só vez.
Os juros estavam em 2,14% ao mês, o que em um ano, com o cálculo dos montantes, eleva-se a mais de 30%. Como os salários, incluindo o salário mínimo, foram reajustados muito abaixo desse patamar, basta verificar a dificuldade dos pensionistas e aposentados em pagar as suas dívidas. No caso do consignado não tem como evitar o pagamento. Então o que fazer?
Só lhes resta o caminho de sucessivos empréstimos, cada vez mais onerosos e várias vezes superiores à inflação. Pois a inflação de 2021 foi de 10,5%. Mas a de 2022, ficou em 5,7% de acordo com o IBGE. A inflação recuou e nem por isso os juros declinaram. Pelo contrário.