Anna Virginia Balloussier
Folha
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) chegou ao aeroporto de Orlando, na Flórida, na noite desta quarta (29) para sua viagem de retorno ao Brasil. No embarque, ele afirmou à rede CNN Brasil que vai viajar pelo país ao retornar, mas não para liderar a oposição ao presidente Lula (PT).
Fora há três meses do país, Bolsonaro não quis dar entrevista à Folha, dizendo que “vocês falaram muito de mim, agora, nas eleições”.
SEM LIDERAR – “O PL detém quase 20% das bancadas da Câmara e do Senado. Digo: não vou liderar nenhuma oposição. Vou participar com o meu partido, como uma pessoa experiente, 28 anos de Câmara, quatro de presidente, dois de vereador e 15 de Exército, para colaborar com aqueles que assim desejarem”, afirmou ele à rede de TV.
À Folha ele não respondeu sobre a intimação feita pela Polícia Federal para depor sobre o caso das joias presenteadas pela Arábia Saudita.
Na entrevista à CNN, na sala VIP do aeroporto, Bolsonaro também criticou Lula, disse que a gestão petista não tem como dar certo, reclamou de invasões do MST nas últimas semanas e elogiou o papel da bancada de direita.”Temos hoje em dia uma direita que cada vez mais se aglutina, sabe o que quer, sabe o que deseja, tem um alvo, um objetivo, não é oposição irresponsável, oposição pela oposição.”
PÁGINA VIRADA – Afirmou que o resultado da eleição de 2022 “foi bastante apertado”, mas definiu o pleito do ano passado como uma “página virada”. Afirmou que vai, junto com o PL, participar de articulações visando as eleições municipais de 2024 e que pretende fazer um ou duas viagens pelo Brasil a cada mês.
Disse que não sabe sobre seu futuro, mas que não está aposentado. Um dos focos da oposição, afirmou Bolsonaro na entrevista, é a CPI sobre o 8 de janeiro, tema que mobiliza partidos adversários a Lula. “Não vou querer substituir os parlamentares [da oposição]. Eles é que vão nos dar o norte. Eu, no momento, sou um político sem mandato. Vou estar ao lado da nossa bancada. Acredito que a CPMI saia.”
A chegada é prevista para o início da manhã de quinta. Após entrar no avião, Bolsonaro chegou a ser aplaudido e posou para fotos com apoiadores que iam até a primeira fila atrás dele. Um passageiro, porém, gritou “cadeia”.