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domingo, março 26, 2023

Lira ameaça Lula e pode causar “apagão” do governo se perder queda de braço com Senado

Publicado em 25 de março de 2023 por Tribuna da Internet

Lira diz ao STF que tramitação de MPs é assunto interno do Congresso |  Agência Brasil

Lira fala grosso, empareda Lula e avisa o STF a não se meter

Daniel Weterman e Levy Teles
Estadão

Partiu do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o pedido para uma conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nesta sexta-feira, 24. No encontro, segundo apurou o Estadão, Lira avisou ao presidente que vai promover um “apagão” no governo se a Câmara não recuperar o controle sobre a tramitação e o conteúdo das medidas provisórias.

A reunião no Palácio da Alvorada durou apenas uma hora.

COISA DE LOUCO – A ameaça de Lira de não votar as medidas provisórias pode forçar o governo a extinguir os ministérios criados após a posse, perder o novo programa Minha Casa, Minha Vida e até mesmo ficar sem a formatação do Bolsa Família – propostas assinadas por medidas provisórias.

O presidente da Câmara chamou Lula para uma reunião antes da viagem do petista à China para forçar o chefe do Planalto a arbitrar a crise entre a Câmara e o Senado desencadeada pela tramitação dessas propostas e começar a negociar uma agenda com o Congresso, que passa pela formação de uma base aliada do Planalto.

Antes de receber Lira, o petista se reuniu com ministros na tarde desta sexta e a decisão foi que essa crise deve ser resolvida pelo Congresso. Lira e Lula se reuniram logo depois.

QUEDA DE BRAÇO – Se Rodrigo Pacheco insistir com o retorno das comissões mistas, Lira já avisou que nenhum deputado vai participar dos colegiados e que a Câmara não vai votar nenhuma MP do Executivo, impondo um “apagão” no governo. No meio da briga, líderes do Senado ameaçam acusar o presidente da Câmara de cometer crime de responsabilidade.

Desde o início da pandemia de covid-19, as medidas provisórias do governo são votadas primeiro no plenário da Câmara e depois no plenário do Senado. Na prática, o modelo dá aos deputados a última palavra sobre o conteúdo dos projetos, pois o texto volta para a Casa inicial se houver mudanças, além de dar poder a Lira para pautar os textos e dar o pontapé inicial nas discussões.

Descontente, o Senado quer retomar o rito tradicional e instalar comissões mistas – formadas por deputados e senadores – para analisar as propostas antes do plenário das duas Casas, dividindo o poder sobre as MPs, conforme determina a Constituição.

BRIGA DE GALOS – O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), assinou sozinho um ato determinando a instalação das comissões e ameaça procurar deputados diretamente para compor os colegiados.

Lira, por outro lado, já avisou que nenhum líder da Câmara vai indicar membros para as comissões mistas. E mesmo que as propostas sejam votadas por esses colegiados, elas parariam quando chegassem ao plenário da Câmara, deixando o governo sem saída. A crise gira em torno de quem dará a palavra final sobre as medidas e de quem terá mais protagonismo sobre o conteúdo desses projetos.

“O prejuízo vai ser para o governo atual”, disse o presidente da Câmara em coletiva de imprensa, na quinta-feira, 23. Eleito com 464 votos para presidir a Câmara, maior votação da história da Casa, Lira é um dos presidentes mais poderosos que a Câmara já teve e o governo sabe que os deputados farão o que ele decidir.

MPS DE BOLSONARO EM PAUTA – Antes de uma solução sobre os projetos de Lula, Lira pautou para a próxima semana a votação de 13 medidas provisórias do ex-presidente Jair Bolsonaro que ainda não foram analisadas pelo Congresso. Aí mora outra ameaça para o novo governo.

Os deputados se preparam para colocar “jabutis”, ou seja, medidas estranhas ao tema principal das propostas, que impactariam o governo do PT.

Outra ameaça do presidente da Câmara é pedir para que Pacheco instale comissões mistas para as MPs de Bolsonaro, que teriam que ser analisadas antes das propostas de Lula, ameaçando a vigência dos projetos assinados pelo atual presidente.

PT APOIA LIRA – O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), decidiu ficar ao lado de Lira na briga. “As comissões mistas são constitucionais e têm de existir, mas são o verdadeiro terror. Fui líder de governo durante a era Dilma, as comissões mistas muitas vezes eram usadas como instrumento de pressão contra o governo e não acho isso bom”, afirmou.

Inicialmente, articuladores do Planalto aceitaram as condições de Lira, pois veem que o movimento é menos arriscado e garante que as medidas sejam votadas e não percam a validade, o que começaria a ocorrer no dia 2 de junho. O cálculo que o governo fez é o seguinte: melhor deixar como está, com Lira pautando as primeiras medidas provisórias, e instalar as comissões mistas para as que serão assinadas daqui para frente.

Aliados do governo, no Senado, porém, tentam convencer que dessa forma Lula ficará refém de Lira e não conseguirá governar e emplacar uma agenda própria.

CRISE AGRAVA – A crise ameaça o Palácio do Planalto. Lula ainda não aprovou nenhum projeto no Congresso e não tem uma base de apoio garantida no Legislativo, prestes a completar 100 dias de governo. Os próximos capítulos podem sair de qualquer controle do Planalto. O presidente já assinou 13 medidas provisórias desde que assumiu. Elas perdem a validade se não forem aprovadas pelo Congresso em um prazo de 120 dias.

O “apagão” pode forçar o governo a extinguir os ministérios criados após a posse, retomar a estrutura dos órgãos adotada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, perder o novo programa Minha Casa, Minha Vida e até mesmo o formato do Bolsa Família – propostas assinadas por medidas provisórias.

A situação também ameaça o andamento de questões econômicas e que impactam nas empresas dos mais diversos setores. Uma das medidas provisórias de Lula por dá poder para a Fazenda Nacional desempatar votações a favor da União em julgamentos do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), órgão que decide, por exemplo, as dívidas que o governo cobra de empresas.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG 
– A brigalhada exibe a esculhambação reinante entre os três Poderes. Como dizia nosso amigo Carlos Chagas, que nasceu em Três Pontas, no interior de Minas Gerais, estamos em tempo de vaca não reconhecer bezerro. É a síndrome do semipresidencialismo que bate à porta do Planalto. (C.N.)

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