Publicado em 2 de março de 2023 por Tribuna da Internet
Camila Bomfim
GloboNews
O procurador Lucas Furtado, do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), pediu ao tribunal nesta quarta-feira (1º) a abertura de uma apuração sobre suposto desvio de finalidade de Ricardo Feitosa, ex-diretor de Inteligência da Receita.
Feitosa teria acessado ilegalmente dados de opositores da família Bolsonaro, conforme apontado por reportagem do jornal “Folha de S.Paulo”.
INTERESSES DA FAMÍLIA – Em documento encaminhado ao TCU, Lucas Furtado diz que é preciso apurar se Feitosa supostamente agiu para “atender a interesses privados da família Bolsonaro”.
Na representação, Lucas Furtado pede ao TCU que apure desvio de finalidade de Ricardo Feitosa “no intuito de supostamente atender a interesses privados da família Bolsonaro” e que tenha acesso e acompanhe a investigação interna da Receita sobre o ex-diretor Ricardo Feitosa.
Além disso, quer apurar se a suposta atuação ilegítima do servidor Ricardo Pereira Feitosa contou com a conivência ou omissão da cúpula do órgão à época, ou seja, o ano de 2019 e seguintes, de modo a esclarecer toda a cadeia de responsabilidades pela atividade ilegal empreendida.
UM CASO SÓRDIDO – Documentos obtidos pelo jornal “Folha de S.Paulo” mostram que Ricardo Pereira Feitosa acessou e copiou dados fiscais sigilosos do então procurador-geral de Justiça do Rio de Janeiro, Eduardo Gussem, e de dois políticos que haviam rompido com a família Bolsonaro: o empresário Paulo Marinho e o ex-ministro Gustavo Bebianno.
Segundo o jornal, Ricardo Feitosa, então coordenador-geral de Pesquisa e Investigação da Receita, acessou os documentos nos dias 10, 16 e 18 de julho de 2019, no primeiro ano da gestão do presidente Jair Bolsonaro.
Na época, não havia nenhuma investigação formal em curso na Receita contra essas três pessoas.
NOMEAÇÃO ESTRANHA – Eduardo Gussem era responsável pelas investigações do suposto esquema de rachadinha dentro do gabinete do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), quando ele era deputado estadual no Rio de Janeiro.
No esquema, ocupantes de cargos eletivos embolsariam parte da remuneração dos assessores, que é dinheiro público. A investigação está parada no Ministério Público do Rio.
Segundo a reportagem, Ricardo Feitosa acessou, entre outros documentos, as declarações completas de Imposto de Renda do então procurador de Justiça. E fez cópia das informações declaradas pelo procurador no período de sete anos, de 2013 a 2019.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – É inconcebível que a Receita Federal tenha sido usada pela família Bolsonaro para atender a interesses particulares e livrar de processo o senador Flávio Bolsonaro, assim como perseguir adversários políticos do então presidente. É sórdido e revoltante. (C.N.)