Rafael Balago
Folha
Em discurso nesta sexta-feira (13) sobre a pandemia, o presidente dos EUA, Donald Trump, admitiu pela primeira vez que pode não estar no cargo em breve. “Esta administração não fará um ‘lockdown’. Espero que, o que quer que aconteça no futuro, quem sabe qual administração será, eu acho que o tempo dirá, posso dizer a vocês que esta administração não fará um ‘lockdown'”, disse o republicano, no jardim da Casa Branca.
Esse foi o primeiro discurso do atual líder americano em dias. Trump, 74, apareceu com o cabelo praticamente branco, em vez de loiro, como era visto até a semana passada.
MANDATO NO FIM – Desde a eleição, ele não tinha afirmado publicamente que considera a possibilidade de deixar o cargo em janeiro e de outro governo assumir o país. Seu mandato vai até 20 de janeiro.
No sábado (7), o democrata Joe Biden foi apontado como vencedor da eleição realizada na terça (3), mas Trump se recusa a assumir a derrota. O presidente fez discursos e postagens dizendo que é o verdadeiro ganhador e repete que houve fraude nas eleições, sem apresentar provas.
Nesta sexta, ele destacou os esforços do governo para acelerar a produção de vacinas para combater a Covid-19 e disse que haverá distribuição gratuita de imunizantes feitos pela Pfizer, depois que eles forem aprovados. As doses serão dadas primeiro a funcionários de saúde, idosos e grupos de risco.
VACINAS EM ABRIL – Trump não precisou as datas, mas estimou que as vacinas poderão estar acessíveis para todos nos EUA até abril de 2021. Na segunda-feira (9), Biden também havia prometido distribuir vacinas de forma gratuita.
Projeções confirmaram também os resultados dos três últimos estados onde a disputa era considerada indefinida: Biden venceu no Arizona e na Geórgia, e Trump, na Carolina do Norte.
Assim, o placar nacional projetado pelos dois veículos está em 306 votos no Colégio Eleitoral para Biden e 232 para Trump. Por coincidência, o republicano conquistou 306 delegados em 2016, e Hillary Clinton, 232, na projeção feita a partir dos votos populares. Na votação final dos delegados, no entanto, Trump teve 304 votos, porque dois delegados mudaram de lado na hora de votar.
GRANDE SIMBOLISMO – A vitória do democrata na Geórgia neste ano tem grande simbolismo, pois o estado era considerado triunfo garantido pelos republicanos, que ganharam todas as disputas ali desde 1992. Biden também foi o primeiro desde 1960 a conquistar a Presidência sem vencer na Flórida e em Ohio num mesmo pleito.
Nos EUA, não há um órgão nacional de apuração, e a aclamação do vencedor é feita pelos órgãos de imprensa, a partir de projeções matemáticas feitas enquanto os votos estão sendo apurados.
Durante toda a campanha eleitoral, Trump deu diversas declarações de que ganharia a disputa e que só perderia a reeleição se houvesse trapaças. O republicano aposta em processos na Justiça para tentar reverter o resultado. No entanto, importantes membros de seu partido já reconhecem a vitória de Biden, que teve 5 milhões de votos a mais. Assim, uma reviravolta no resultado é considerada bastante improvável.