Folha de S. Paulo
Vídeo indica "mensalão" em Mato Grosso do Sul
O primeiro-secretário da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, Ary Rigo (PSDB), aparece em um vídeo revelando detalhes de um suposto esquema ilegal de pagamentos, com o dinheiro da Casa, para o governador André Puccinelli (PMDB), aos deputados e às autoridades do Tribunal de Justiça e do Ministério Público do Estado.
O vídeo foi gravado com uma câmera escondida pelo secretário de governo de Dourados, Eleandro Passaia, sem o deputado saber. O encontro ocorreu em 12 de junho, num hotel em Maracaju (162 km de Campo Grande).
A reportagem teve acesso a 32 minutos da conversa. Os vídeos em questão vazaram ontem no Youtube.
Para defesa, gravação não fala em propina; Puccinelli se diz tranquilo
O advogado do deputado estadual Ary Rigo (PSDB) afirma que as menções que o político faz, em vídeo gravado em junho deste ano, não se referem a propina, mas a repasses institucionais da Assembleia Legislativa.
Sua defesa diz que jamais houve entrega de dinheiro ao governador nem a autoridades dos outros Poderes. "Eles da Assembleia estão economizando e repassando para o governo. Os repasses eram institucionais", diz o advogado Carlos Marques.
Marques também nega que Rigo fosse responsável por uma mesada aos deputados. No vídeo, o tucano diz que cada deputado recebia R$ 120 mil e teria de "se contentar" com R$ 42 mil, porque a Assembleia "devolvia" R$ 6 milhões ao governador.
"Ele se referiu a quanto custa o gabinete do deputado, salário, verbas de gabinete, verba indenizatória. Ele não sacava o dinheiro e dava. Não existe isso", disse.
O advogado disse que Rigo vai se pronunciar sobre o contexto dos pagamentos que ele diz fazer a promotores e afirmou que o desembargador Claudionor Abss Duarte, citado na gravação por supostamente ter beneficiado um político, é "da mais absoluta seriedade e está acima de qualquer suspeita".
"Não vi nem estou preocupado. Pergunte para o Rigo", disse o governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB), ao ser questionado sobre o vídeo em que aparece o deputado tucano.
O secretário de Governo de Dourados, Eleandro Passaia, disse à Folha ter gravado a conversa com Rigo em 12 de junho a pedido da Polícia Federal. O secretário disse que "a gravação fala por si" e alegou que não faria outros comentários porque o caso está sob investigação da PF.
A Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul não quis se pronunciar. O Tribunal de Justiça de MS não se manifestou. A Folha não conseguiu falar com o desembargador Abss Duarte e como deputado Londres Machado (PR), mencionados por Rigo na gravação.
Dividido, STF decide sobre Ficha Limpa
Divididos, os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) julgam hoje o primeiro caso de político barrado pela Lei da Ficha Limpa.
O tribunal vai analisar recurso de Joaquim Roriz (PSC), cuja candidatura ao governo do Distrito Federal foi vetada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) por ter renunciado ao cargo de senador, em 2007, para evitar um processo de cassação.
Boa parte do que será discutido servirá como base para os demais casos de políticos "fichas sujas".
Governador do AP chora ao falar de prisão
Em seu primeiro pronunciamento desde que reassumiu o cargo de governador do Amapá, Pedro Paulo Dias (PP) chorou ontem ao lembrar de sua prisão pela Polícia Federal por nove dias, disse ser inocente e sugeriu que foi vítima de armação.
"Povo do Amapá, nesses dias de provação que passei, nas minhas reflexões de cada dia, o que sempre vinha ao meu espírito era a fé e a confiança em Deus e a certeza de provar a minha inocência."
Ele discursou no palácio do governo para uma plateia de assessores e servidores estaduais, que o aplaudiram. Em alguns momentos, foi interrompido pelos funcionários, que gritavam seu nome.
Dias foi um dos alvos da Operação Mãos Limpas, feita pela PF no último dia 10. Ele e outras 17 pessoas foram presas, dentre eles seu antecessor e candidato ao Senado, Waldez Góes (PDT).
Os dois são suspeitos de desvios em seis órgãos estaduais, com prejuízo estimado de R$ 300 milhões.
"A quem interessou esse tumulto, toda essa confusão?", questionou. Ele não citou nomes, mas cabos eleitorais dos presos atribuem a operação ao senador José Sarney (PMDB-AP). O objetivo, afirmam, seria ajudar a campanha de Lucas Barreto (PTB), seu aliado político.
A Polícia Federal diz não agir por interesses políticos. Sarney nega participação em qualquer irregularidade.
Após o discurso, Dias foi alvo de um protesto organizado por cerca de 150 estudantes e integrantes de movimentos sociais. Eles o chamaram de ladrão e pediram sua volta à cadeia. Policiais militares tiveram de intervir para impedir briga entre os manifestantes e servidores.
Em seu discurso, Dias chorou ao falar de sua família. "O que eu passei não desejo para ninguém", afirmou.
"Você ser acordado às 6h da manhã, contra você um mandado de prisão, ter sua casa vasculhada, diante de seus filhos. Ter sua vida pessoal devassada", disse.
Era uma referência indireta à exposição de um caso que ele, casado, mantinha com uma assessora da Secretaria da Saúde.
Comissão de Ética abre investigação contra Secretário de Segurança
A Comissão de Ética Pública da Presidência abriu investigação contra o secretário nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça, Ricardo Balestreri.
O procedimento é baseado em reportagem da Folha de 6 de setembro, que revelou viagem de Balestreri e outros três servidores do ministério na França paga pela Helibras, subsidiária da Eurocopter no Brasil -empresa do setor de aeronaves que mais vende para o governo.
A viagem, para conhecer a sede, custou R$ 15 mil .
Um programa do ministério, sob o comando de Balestreri, repassa dinheiro para Estados, que compram, por licitação, aeronaves da Helibras e de outras empresas.
Dilma nega ter indicado Erenice ao cargo
A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, negou ontem em Salvador que tenha indicado a ex-ministra Erenice Guerra para sucedê-la na Casa Civil e atribuiu a nomeação a um critério fixado pelo presidente Lula.
Pela manhã, em entrevista ao programa "Bom Dia Brasil", Dilma ressaltou que não sabe de nenhum ato inidôneo de Erenice: "Até hoje eu nunca vi nenhuma prova, nenhuma ação inidônea da ex-ministra Erenice, o que não significa que ela não está acima da suspeita", disse.
Ministério Público apura uso eleitoral de TV estatal
O Ministério Público Eleitoral vai investigar se a NBR, TV estatal do governo, está sendo utilizada na campanha eleitoral, com o uso de funcionários públicos e equipamentos, para filmar comícios da candidata Dilma Rousseff (PT) com participação do presidente Lula.
Por determinação da vice-procuradora-geral eleitoral, Sandra Cureau, a Procuradoria instaurou um procedimento administrativo para apurar o fato, revelado pela Folha anteontem.
Existe no governo uma ordem para que cinegrafistas e auxiliares da NBR gravem todos os discursos do presidente da República nos eventos da campanha eleitoral. A TV NBR é o canal da EBC (Empresa Brasil de Comunicação) que noticia atos e políticas do governo.
Serra comete deslizes ao falar de Bolsa Família
Ao falar ontem sobre a promessa de criar uma espécie de 13ª parcela do Bolsa Família, o presidenciável tucano, José Serra, demonstrou desconhecimento do principal programa de transferência de renda do país.
Numa rápida entrevista em São Paulo, Serra falou dois minutos sobre o Bolsa Família. Nesse intervalo, cometeu dois deslizes.
Primeiro vinculou equivocadamente o valor do salário mínimo aos critérios de inclusão no programa.
"O salário mínimo de R$ 600 [outra promessa do tucano] vai ampliar quantitativamente o número de famílias do Bolsa Família. Porque hoje o critério está relacionado com o salário mínimo. Meio salário mínimo per capita, alguma coisa assim. O salário mínimo sendo mais alto mais famílias entram no Bolsa Família", declarou o tucano.
A artistas, tucano afirma que eleição "não está decidida"
Sob risco de derrota no primeiro turno, o candidato José Serra (PSDB) deu a medida de sua urgência ontem em encontro com artistas em São Paulo. Já na despedida, após ouvir do tucano um apelo por mobilização, o compositor Walter Franco se colocou à disposição.
"Me chama (sic)", sugeriu o músico. "Não dá para chamar. Não dá tempo mais. Tem que mandar e-mails, disparar telefonemas", recomendou Serra.
Minutos antes, Serra - que ainda tenta mostrar confiança na vitória - fez seu apelo aos cerca de 200 participantes do encontro.
Cobertura da imprensa beira o ódio , diz Lula
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse em discurso no Tocantins que considera "sagrada" a liberdade de imprensa, mas que isso não significa o direito a "inventar coisas o dia inteiro".
Segundo o presidente, que ontem esteve em Porto Nacional (59 km de Palmas) para inaugurar um trecho de 256 km da ferrovia Norte-Sul, a imprensa tem a liberdade para "informar corretamente a opinião pública" e "fazer críticas políticas".
No sábado, o presidente já havia dito em comício da candidata do PT Dilma Rousseff, em Campinas (no interior de São Paulo), que iria "derrotar alguns jornais e revistas que se comportam como partidos políticos".
Marina e Serra lideram votação na USP, aponta Datafolha
Marina Silva (PV) aparece na frente entre os alunos da USP (Universidade de São Paulo), José Serra (PSDB) é o preferido dos professores e Dilma Rousseff (PT), dos funcionários, aponta pesquisa Datafolha em parceria com a ECA/USP (Escola de Comunicação e Artes).
No total, Marina tem 30% das intenções de voto na maior universidade pública do país, empatada tecnicamente com Serra (27%). Dilma obteve 21%, e Plínio de Arruda Sampaio (PSOL), 7%.
Prazo para pedir 2ª via de título é adiado para dia 30
O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) decidiu prorrogar por mais uma semana o prazo para que os eleitores solicitem a segunda via do titulo. Os ministros do tribunal acataram, por unanimidade, sugestão do corregedor Aldir Passarinho Júnior.
Esse prazo terminaria amanhã, mas foi prorrogado para o dia 30 -três dias antes do primeiro turno.
Mais de 92 mil pessoas procuraram os cartórios eleitorais de São Paulo para obter a segunda via do título de eleitor ontem e na segunda-feira.
Justiça vai retirar obra de Bienal, diz curador
Segundo um dos curadores da 29ª Bienal de SP, a Justiça Eleitoral pediu a retirada da obra "El Alma Nunca Piensa Sin Imagen" (a alma nunca pensa sem imagem) da mostra, que abriu ontem para convidados (e abre neste sábado para o público).
Agnaldo Farias, curador ao lado de Moacir dos Anjos, diz que a diretoria da Fundação recebeu notificação considerando a obra ilegal.
"A justiça considerou o trabalho uma propaganda eleitoral. Não pode ter imagem de candidato em lugares públicos. A gente não pode contestar a decisão, porque corremos o risco até de ser presos", disse Farias
Criticado, Tiririca agora declara o que pretende fazer se for eleito
Depois de ter dito em sua propaganda na TV e em entrevista à Folha não saber o que faz um deputado federal, o palhaço Tiririca (PR) colocou em seu site de campanha as propostas que pretende defender na Câmara.
Entre as ideias que pretende levar adiante caso seja eleito estão incentivos fiscais para circos e um projeto de lei que regulamenta os partos e obriga que eles sejam realizados pelo médico que fez os exames pré-natal, além de projetos contra a discriminação dos nordestinos.
Tiririca pega carona no carro-chefe dos programas sociais do governo federal e diz querer lutar pela ampliação do Bolsa Família.
Anastasia tem 42% contra 34% de Hélio Costa na disputa pelo governo, diz Ibope
O candidato do PSDB ao governo de Minas, Antonio Anastasia, mantém a dianteira sobre o candidato do PMDB, Hélio Costa, segundo pesquisa Ibope divulgada ontem. A diferença entre eles oscilou de nove para oito pontos.
Anastasia registrou 42% das intenções de voto, contra 34% de Costa. No levantamento anterior, divulgado no dia 13, o tucano tinha 41% contra 32% do peemedebista.
Os indecisos são 16%. Brancos e nulos somam 5%. Somados, os outros candidatos têm 3%. Nesse cenário, Anastasia venceria a eleição no primeiro turno.
Na simulação de segundo turno, o tucano tem 40% e o peemedebista, 34%.
A pesquisa Ibope foi realizada entre os dias 18 e 20 de setembro. Foram entrevistados 2.002 eleitores em Minas. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
A pesquisa está registrada no TRE sob o número 73370/ 2010 e foi contratada pela TV Globo e pelo jornal "O Estado de S.Paulo". (PAULO PEIXOTO)
Collor afirma que não houve confisco da poupança quando ocupava a Presidência
O debate entre os candidatos ao governo de Alagoas teve bate-boca e troca de acusações entre o governador Teotonio Vilela Filho (PSDB) e o ex-governador Ronaldo Lessa (PDT), além de perguntas a Fernando Collor de Mello (PTB) sobre o período em que foi presidente da República (1990-1992).
Lessa acusou Teo de envolvimento com o esquema de corrupção relativo à construtora Gautama, em 2007.
Vilela acusou Lessa de deixar um rombo de R$ 480 milhões nas contas do Estado quando deixou o governo.
PV pede que Procuradoria apure invasão de escritórios políticos
O PV vai pedir à Procuradoria-Geral Eleitoral que investigue a invasão de três escritórios do partido, nas madrugadas de domingo e segunda-feira. Foram levados papéis, computadores e fitas com programas eleitorais.
As ações ocorreram em São Paulo, Brasília e Rio Branco, cidade natal da presidenciável Marina Silva.
Os verdes dizem suspeitar de espionagem ou sabotagem contra a campanha. Reservadamente, admitem que os furtos também podem ter sido motivados por disputas internas na sigla.
"Ainda é cedo para falar, mas não foram assaltos comuns", disse o coordenador-executivo da campanha, João Paulo Capobianco.
Correio Braziliense
Ficha Limpa, uma quase unanimidade
A lei da Ficha Limpa, que terá parte de sua aplicação julgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) durante a tarde de hoje, é apoiada por 85% dos brasileiros. Os dados divulgados pela pesquisa Perfil do Eleitor do Ibope/Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) mostram ainda que o apoio à legislação é especialmente maior nas regiões Centro-Oeste e Norte, onde 91% dizem concordar com a barração dos fichas sujas.
“Fiquei decepcionada com todos os políticos em que votei na eleição passada. Escolhi pelas propostas na televisão, mas nenhum cumpriu o que prometeu. Para eu escolher um candidato agora, ele vai ter que ser direito, cumprir o seu papel e o que prometeu”, garante a dona de casa Cleonice Santiago, de 40 anos.
Moradora do Varjão, Cleonice reúne várias das características traçadas pela pesquisa Ibope/AMB. Assim como boa parte dos eleitores brasileiros, ela apoia a ficha limpa, não confia na classe política, acredita que são os políticos os principais beneficiados pela política e não sabe a quem recorrer para relatar irregularidades eleitorais. Pior, se por ventura topasse com um caso de compra de votos, silenciaria. “Se ouvisse boatos sobre compra de votos, jamais denunciaria. Aqui, quanto mais ficar quieto melhor, até para não criar inimizade na vizinhança”, justifica.
Apelo aos ministros do STF
Mais de 40 entidades engajadas na aplicação imediata da Lei da Ficha Limpa encaminharam ontem um manifesto ao ministro Carlos Ayres Britto, do Supremo Tribunal Federal (STF). Eles defendem que a Corte se posicione pela constitucionalidade da lei. O ato, liderado pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), ocorreu ontem, véspera do julgamento de um recurso do ex-governador do Distrito Federal Joaquim Roriz (PSC), que tenta reverter decisão que o tornou inelegível. O caso que será julgado em plenário hoje à tarde é emblemático, por se tratar da primeira vez em que a Suprema Corte brasileira vai analisar a Lei da Ficha Limpa.
O resultado do julgamento servirá de parâmetro para a análise de centenas de candidaturas que foram barradas com base na nova lei, que proíbe a candidatura daqueles que foram condenados por órgãos colegiados e dos que renunciaram a mandato eletivo para escapar da cassação. Esse é o caso de Roriz, candidato ao Governo do DF. O relator do recurso que será julgado hoje é o ministro Ayres Britto. Em mais de uma ocasião, ele se manifestou favorável à validade da lei já para estas eleições.
Ex-ministra deixa conselho de estatal
A ex-ministra Erenice Guerra não ocupa mais o cargo de conselheira da Eletrobras. A estatal informou ontem, por meio de nota, que a antiga responsável pela Casa Civil entregou uma carta pedindo o desligamento da função que ela assumira em março passado. Erenice e o filho Israel Dourado Guerra são suspeitos de tráfico de influência e de montarem um esquema de lobby dentro do ministério. Ainda não há definição dos substitutos de Erenice na Casa Civil — que está ocupada interinamente por Carlos Eduardo Esteves Lima — ou no conselho da Eletrobras.
Caberá agora ao governo indicar o novo ocupante do cargo. Isso pode acontecer durante a próxima reunião do Conselho Administrativo, marcado para a próxima semana. A União, acionista majoritária da estatal, tem cinco das sete cadeiras do conselho. Entre eles, representantes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), do Ministério de Minas e Energia e da Secretaria do Tesouro Nacional (STN). Ontem, o nome e o currículo de Erenice ainda estavam na página da estatal.
Serra e as promessas bilionárias
As promessas do candidato do PSDB à Presidência, José Serra, de elevar o mínimo para R$ 600, ampliar o número de beneficiários e instituir o 13º do Bolsa Família custariam cerca de R$ 50 bilhões aos cofres públicos. O tucano aposta no discurso das bondades sociais para atrair o eleitorado de menor renda e também os aposentados. Em referência ao embate deste ano dos pensionistas com o governo para conseguir reajuste maior da aposentadoria, Serra ressaltou que, em seu governo, os idosos terão 10% de aumento.
O presidenciável é econômico com as palavras ao explicar de onde pretende tirar dinheiro para arcar com as promessas. Diz apenas que no Orçamento existem muitas “gorduras” e que se a “roubalheira” fosse extinta, haveria recursos para tudo. Os R$ 49,1 bilhões em despesas geradas com as promessas de Serra, no entanto, correspondem a todo montante de investimento previsto para o setor público em 2011, incluindo o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Campanha à base de boatos
andidato a governador pelo PSDB, o ex-prefeito de Curitiba (PR) Beto Richa caminhava alegre, entrando de loja em loja, cumprimentando eleitores na rua São José dos Pinhais, sul da periferia curitibana. De repente, em uma loja de roupas, ele franze a testa. A expressão de felicidade desaparece totalmente quando a dona do estabelecimento faz a pergunta: “É verdade que o senhor vai fechar o Armazém da Família?”. Dali em diante, a fisionomia de Beto se alterou: “Quem lhe disse isso? É mentira!”, comentou, para alívio da eleitora, que prefere não revelar o nome. “Todo dia é isso. Espalham mentiras”, desabafou Beto. O armazém é um local onde a população de baixa renda compra produtos 30% mais baratos.
A cena acima dá uma ideia do clima acirrado que tomou conta da campanha estadual. Apontado em julho como um dos estados mais fáceis para o PSDB vencer, o Paraná virou, nos últimos 15 dias, um ponto de interrogação para todos os políticos. A diferença pequena entre o ex-prefeito de Curitiba Beto Richa (PSDB) e o senador Osmar Dias (PDT) transformou a sucessão para o governo estadual em disputa polarizada, baseada em uma onda de boatos sem fim.
Na pauta, PAC ou Dilma?
O governo reuniu prefeitos de cidades de até 50 mil habitantes para mostrar como é fácil receber dinheiro da segunda fase do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC 2, uma ideia que só sairá do papel no ano que vem, quando o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva não estará mais na cadeira. Resultado? A mobilização de aliados na campanha da candidata do PT ao Palácio do Planalto, Dilma Rousseff.
Em dois dias de encontro , passaram 729 representantes das prefeituras, segundo dados da Secretaria de Relações Institucionais. O objetivo foi explicar como é “simples” utilizar R$ 3,1 bilhões disponíveis, a partir de 2011, para a construção de creches, quadras poliesportivas e unidades básicas de saúde nas cidades. Os participantes do encontro saíram com a certeza de melhorar os municípios e de mostrar para os eleitores como Dilma os ajuda a se desenvolver, segundo as palavras de um deles.
O Estado de S. Paulo
'TV Lula' contrata empresa que emprega filho de Franklin
A Empresa Brasil de Comunicação (EBC), do governo federal, contratou por R$ 6,2 milhões uma empresa que emprega o filho do ministro da Comunicação Social, Franklin Martins, presidente do Conselho de Administração da estatal, conhecida como “TV Lula”.
A Tecnet Comércio e Serviços Ltda. venceu, no penúltimo dia de 2009, a concorrência para cuidar do sistema de arquivos digitais da EBC, um dos grandes projetos do governo.
E-mails da própria EBC obtidos pelo Estado mostram que o ministro Franklin Martins pediu “prioridade zero” para o assunto, embora pareceres feitos em dezembro alertassem quanto à falta de recursos orçamentários para o projeto.
Ministro afirma que venceu quem cobrou preço menor
Procurados pelo Estado, o ministro Franklin Martins, a direção da EBC e o comando do grupo Tecnet/RedeTV disseram não ver nenhuma irregularidade na licitação. O ministro afirmou que seu filho Cláudio Martins "não teve qualquer influência no resultado da licitação em questão". "Ela foi vencida pela Tecnet por uma razão muito simples: ofereceu o menor preço no pregão eletrônico", acrescentou. O superintendente de Operações da Tecnet e da RedeTV, Kalede Adib, afirmou que Cláudio Martins não participou da concorrência. "Ele é um cara competente, garanto que não agiu nesse caso. E ele não vai ficar em casa de pijama porque o governo não paga para isso". Segundo Adib, a EBC é a única emissora cliente porque a Tecnet não tem interesse em vender o produto para concorrentes da RedeTV. "Vencemos porque temos um excelente produto e já pago, portanto, conseguimos entregar por esse preço (R$ 6,2 milhões)".
Erenice deixa conselho da Eletrobrás
Depois de deixar a Casa Civil na semana passada sob a suspeita de nepotismo e favorecimento a um suposto esquema de tráfico de influência, a ex-ministra Erenice Guerra se desligou do Conselho de Administração da Eletrobrás. Ela também deve perder sua cadeira no Conselho de Administração do BNDES. Ontem, a substituição era dada como certa nos bastidores do banco.
CGU quer rever contrato da MTA com Correios
Um dia após o presidente dos Correios, David José de Matos, anunciar a manutenção dos contratos - que somam R$ 60 milhões - da estatal com a empresa Master Top Airlines (MTA), o ministro Jorge Hage (Controladoria-Geral da União) disse ontem que um deles foi feito sem licitação e pode ser suspenso. A MTA foi pivô da crise que derrubou Erenice Guerra da Casa Civil. O contrato analisado por auditores da CGU foi assinado em maio deste ano, no valor de R$ 19,6 milhões, para o transporte aéreo de cargas em seis trechos diferentes. Outros três contratos dos Correios com a MTA tratam do transporte de cargas entre São Paulo e as cidades de Recife, Salvador e Manaus. Parte deles só perderá a vigência em julho de 2011.
Lula acusa imprensa de inventar
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou ontem a investir em sua ofensiva contra a imprensa. "Liberdade de imprensa é sagrada para fortalecer a democracia, mas não significa que se deve inventar", afirmou, durante inauguração de um pátio multimodal em Porto Nacional, no Tocantins. Lula vem numa escalada de ataques aos meios de comunicação. O motivo são as recentes denúncias que ligam a Casa Civil da Presidência a tráfico de influência. O caso derrubou a ministra Erenice Guerra, cujo filho atuava em lobby para aprovar projetos dentro do governo, mediante cobrança de altas comissões. Erenice era sucessora e braço direito da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, potencial prejudicada pelo escândalo.
Serra é ignorado em debates de candidatos estaduais
Pouco citado nos horários eleitorais dos candidatos a governador, o presidenciável José Serra (PSDB) tampouco foi mencionado pelos postulantes ao governo nos debates estaduais realizados ontem pela Rede Record e suas afiliadas. A exceção foi em São Paulo. Geraldo Alckmin citou Serra em suas considerações finais em um debate no qual o tema dominante foi segurança. Além de Alckmin, participaram do encontro em São Paulo Aloizio Mercadante (PT), Celso Russomanno (PP), Paulo Skaf (PSB), Fábio Fe1dmann (PV) e Paulo Bufalo (PSOL). Mercadante acusou o governo tucano de ter permitido o crescimento do PCC nos presídios. Alckmin replicou dizendo que aumentou o número de vagas para detentos e que o número de homicídios caiu.
O Globo
Presidente da estatal em xeque
A queda de braço entre a direção dos Correios e os donos de franquias pôs na berlinda o atual presidente da estatal, David Matos. Ele é o autor de uma carta, contestada na Justiça, para incentivar os franqueados a participar de uma licitação, que permitiria a legalização dos contratos.
No documento, ele se compromete a ajustar os termos acordados com os agentes vencedores da disputa posteriormente, o que não é permitido pela lei.
A avaliação é que, ao assumir tal responsabilidade, Matos pôs o cargo em xeque. Segundo fontes do Planalto, ele foi pressionado pela ex-chefe da Casa Civil Erenice Guerra a assinar a tal carta. Erenice esteve por trás da disputa com os franqueados.
MP: investigação em estatais
Representante do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União, o procurador Marinus Marsico encaminhou ontem à presidência do TCU pedido para que o órgão investigue possíveis irregularidades na aplicação de recursos públicos no Ministério da Saúde, na Eletrobras, na Anatel, no Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), na Eletronorte e nos Correios.
O pedido baseia-se nas denúncias de corrupção e tráfico de influência envolvendo a Casa Civil e outros órgãos do governo, divulgadas na imprensa.
"Os fatos narrados são de extrema gravidade e nos parecem capazes de justificar a atuação dessa Corte de Contas (...) As informações apontam para possíveis atentados aos princípios da moralidade, da legalidade, da legitimidade e da economicidade, além de evidenciarem possíveis danos ao erário público", diz a representação.
Pacote chega atrasado
Apenas três meses do fim do governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva agora decidiu vetar o loteamento político de cargos nos Correios, estatal com faturamento anual de R$ 13 bilhões que foi o epicentro das maiores crises políticas do governo.
O primeiro passo foi dado ontem. O diretor de Recursos Humanos dos Correios, Nelson Luiz Oliveira de Freitas, foi escalado para fazer uma espécie de intervenção branca na estatal.
Homem de confiança do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, Freitas recebeu a missão de fazer um diagnóstico da empresa. Na prática, hoje ele é o homem forte do Planalto nos Correios, enquanto o atual presidente, David José de Matos — afilhado político da ex-chefe da Casa Civil Erenice Guerra — virou uma espécie de rainha da Inglaterra.
No MA, médica presa por comprar voto
A partir de um pedido do Ministério Público, a Polícia Federal prendeu ontem, em São Luís, uma médica acusada de fazer consulta em troca de promessa de voto para a reeleição da governadora Roseana Sarney (PMDB).
No domingo, como mostrou ontem O GLOBO, motoqueiros de Codó, no interior do Maranhão, ganharam três litros de gasolina, cada, para participar de uma carreata de Roseana e outros candidatos na cidade. O flagrante do GLOBO será investigado pelo Ministério Público Eleitoral no Maranhão.
No consultório da médica foram apreendidos ontem santinhos de campanha de Roseana, do candidato a deputado federal Luciano Moreira (PMDB) e dos candidatos a deputado estadual Ricardo Murad e Manoel Ribeiro.
Contra compra de voto, limite de saques em RR
A Procuradoria Regional Eleitoral em Roraima impetrou na terça-feira, no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RR) uma ação cautelar para proibir, entre os dias 27 de setembro e 4 de outubro, os saques bancários acima de R$ 20 mil, a não ser que haja uma prévia autorização judicial.
O objetivo da medida é combater a compra de votos às vésperas das eleições.
A Procuradoria pediu ainda que todas as instituições financeiras e pessoas jurídicas que eventualmente prestem serviços bancários no estado informem diariamente ao TRE todo e qualquer saque feito acima de R$ 10 mil, a partir da terça-feira.
A ação foi motivada por operações da Polícia Federal na capital e no interior em que foi apreendido dinheiro em espécie, que supostamente seria utilizado para a compra de votos.
Versalhes da corte candanga
Um Palácio de Versalhes cenográfico, erguido para uma noite, num terreno avaliado em R$ 5 milhões.
No salão decorado com orquídeas, peças de antiquário, uma fonte reluzindo o tom ouro do ambiente e 200 garçons servindo champanhe Veuve Clicquot. Nas mesas, copos de cristal fabricados para a ocasião, que reuniu a nata da corte candanga.
Chamado de "Zé Pequeno" por Durval Barbosa, o empresário José Celso Gontijo, meses atrás flagrado em vídeo pagando propina ao delator do mensalão do DEM, não economizou para o casamento da filha, que no sábado reuniu 1,4 mil pessoas em um banquete, inclusive o governador do Distrito Federal, Rogério Rosso (PMDB).
Uma mansão de 10 mil metros no Lago Sul, uma das áreas mais caras da cidade, foi comprada especialmente para celebrar a união de Tamara Gontijo, caçula do empresário, com José Rudge.
Fonte: Congressoemfoco