Raul monteiro
A possibilidade de o senador ACM Jr. (DEM) ceder às pressões de seu partido, do ex-governador Paulo Souto (DEM) e do candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, e aceitar o desafio de concorrer à reeleição, segundo circula nos bastidores, tem causado forte apreensão no comando das campanhas do senador César Borges (PR) e da deputada federal Lídice da Mata (PSB), que também concorrerá ao Senado na chapa do governador Jaques Wagner (PT).
Compartilhando da avaliação que já fazem o PSDB e o DEM nacionais, tanto apoiadores de César, que disputará a reeleição na chapa do candidato a governador Geddel Vieira Lima (PMDB), quanto de Lídice temem que a entrada em cena de ACM Jr. polarize a disputa entre ele e o deputado federal Walter Pinheiro (PT), desestabilizando completamente o cenário imaginado até agora. Pinheiro fará dupla com a socialista na chapa de Wagner.
“Uma coisa todo mundo já tem claro: a candidatura de ACM Jr. ajuda a ele próprio, a Paulo Souto e a Serra. Para os demais, o efeito de seu ingresso na disputa por uma das duas vagas ao Senado que estarão disponíveis para a Bahia pode causar um estrago de proporções gigantescas”, afirma uma fonte do Democratas que acompanha de perto o desenrolar da negociação em torno da candidatura do filho do ex-senador ACM.
Segundo ele, ACM Jr. permanece como a primeira opção de voto mais consolidada de todos os candidatos ao Senado postos até agora, exatamente em função do espólio eleitoral do ex-senador, em que César está de olho e do qual poderia usufruir sozinho, caso o filho de ACM não entrasse na disputa. No campo de Lídice, a expectativa é a de que, no momento em que fique claro que ACM Jr. será candidato, os petistas se agrupem exclusivamente no apoio a Pinheiro.
Com a eventualidade de uma polarização entre o candidato do PT e o do carlismo pelas duas vagas ao Senado, o cenário pode voltar a se complicar para a socialista.
“No caso de Borges e Lídice, só há algo que eles podem fazer para que não sejam colhidos com a surpresa desagradável de uma candidatura como a de ACM Jr.: rezar”, confirma um próprio petista, já prevendo a possibildade cada vez mais latente.
Chances são de 99%
Reforçando a tese, a coluna Radar on-line, da revista Veja, publicou ontem que está “praticamente rompido o acordo político-eleitoral fechado há uns dois meses na Bahia. É o trato que reuniu Geddel, ACM Neto, Paulo Souto e César Borges.
O fio que romperá o acordo tem nome e sobrenome: Antonio Carlos Magalhães Junior. ACM Júnior decidiu sair candidato à reeleição. Assim, atrapalha a tentativa de reeleição de César Borges: ambos correm na mesma raia, pelos mesmos votos e hoje os herdeiros do carlismo podem tudo, menos imaginar que elegerão dois senadores em outubro.
A candidatura dele põe em situação delicada ACM Neto, fiador, pelo lado do carlismo, do acordo de dois meses atrás. Das duas, uma: Neto não conseguiu bancar o trato ou preferiu rompê-lo. A um familiar, ACM Júnior garantiu na semana passada que as chances de sair candidato são de 99%”.
Fonte: A Tarde