Arruda foi para a cadeia. Ao que tudo indica, fez por merecer. Não só foi descoberto em seu governo um megaesquema de corrupção como, ainda, há todos os indícios de que o governador tentou atrapalhar a investigação.
O ponto, porém, é: será que temos o que comemorar? Claro, é sempre bom quando um dos grandes corruptores cai. Mas quantos do mesmo gênero andarão à solta por aí, fazendo o mesmo ou pior?
Me exmplico. Vejam como o caso de Arruda chegou ao público: um dos membros do seu governo filmou o ato de corrupção explícita (quem se esquecerá da cena das meias cheias de dinheiro?) e resolveu levar tudo para a tevê.
Não houvesse o denunciante, como saberíamos de tudo? E, no Brasil, tem sido sempre assim. Lembram do Collor? Quem denunciou foi o irmão. E o falecido Pitta? Quem denunciou foi a ex-mulher. O mensalão do atual governo federal? Quem denunciou foi o Roberto Jefferson.
O que se tira de tudo isso? Que se não houver alguém muito próximo ao esquema para, por um motivo de descontentamento qualquer, resolver dar com a língua nos dentes, de nada ficamos sabendo.
Como não é comum que interessados num esquema decidam sair falando tudo o que sabem, podemos com justiça supor que é a minoria dos casos que vaza. Assim, para cada Pitta e para cada Arruda descoberto, quantos haverá que ninguém nunca denunciou?
Isso revela a fragilidade do nosso sistema. Nossa polícia funciona assim em outras áreas também. Homicídios, na grande parte dos casos, só são resolvidos por denúncias da população. Dependemos de testemunhas, mais do que da busca por provas técnicas.
O sistema é frágil também em outra ponta. A população muitas vezes sabe no que está se metendo, mas elege picaretas mesmo assim. Veja o caso do Arruda: ele já tinha seus precedentes. Havia sido obrigado a renunciar ao mandato de senador junto com o também falecido ACM. Mas o povo insiste no erro.
Depois não é surpresa que aconteça o que aconteceu: mais escândalos, mais corrupção, mais dinheiro desviado.
A prisão de Arruda é um indício de que este Brasilzão está tomando jeito. Está na hora de ir mais longe. E os primeiros que precisam tomar jeito somos nós, os eleitores. Picaretas? Nunca mais.