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quarta-feira, dezembro 19, 2007

Bispo cede sobre o São Francisco

D. Cappio faz proposta ao governo sem falar em suspender transposição
SOBRADINHO (BA) - Com oito quilos e meio a menos depois de 22 dias de jejum completados ontem, o bispo de Barra (BA), frei d. Luiz Flávio Cappio, apresenta debilidade física, já não dá entrevista nem atende telefone, mas se mantém lúcido e trabalhando nos bastidores em busca de uma saída que garanta que não haverá transposição das águas do Rio São Francisco.
No final da tarde de ontem, o coordenador da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Rubem Siqueira, divulgou a proposta do bispo a título de alimentar uma negociação com o governo federal, através do chefe de Gabinete da Presidência da República, Gilberto Carvalho.
A proposta já não fala em suspensão definitiva das obras da transposição já iniciadas, mas, em contrapartida, acrescenta sete itens que, se aceitos, excluem a possibilidade de "uma grande obra hídrica que concentre recursos, poder e uso intensivo das águas do São Francisco", avaliou Siqueira.
A proposta admite, entre outras questões, que se leve água para consumo urbano para Pernambuco e Paraíba, que detêm grandes déficits hídricos e apoio à União na introdução, ampliação e difusão de tecnologias de captação, armazenamento e manejo de água para a população rural e agropecuária.
Romeiros
"Estou muito firme no espírito e em paz", afirmou o bispo, enquanto cumprimentava um a um os romeiros que fizeram fila para receber sua bênção, no lado externo da Igreja de São Francisco, no Município de Sobradinho (BA), onde o religioso de 61 anos iniciou a greve de fome na manhã do dia 27 de novembro, pesando 72,5 quilos. Ontem estava com 64 quilos.
Mesmo com sinais vitais, funções fisiológicas e estado mental normais, os exames laboratoriais apontaram o valor de creatinina alterado, de acordo com o boletim médico divulgado pelo clínico geral que o acompanha, Klaus Finkam. A creatinina é um dos parâmetros da função renal. A alteração exige observação, segundo o médico, mas, por enquanto, não é preocupante em si. "Não significa ainda um problema renal", afirmou Finkam. "Vai depender do desenvolvimento daqui para a frente".
Em mais um termo de compromisso de responsabilidade assinado ontem com o médico, d. Cappio renovou sua disposição de continuar o jejum, assumindo todas as conseqüências do ato. Dom Cappio está disposto a morrer, se necessário, ninguém que o acompanha duvida disso.
No entanto, a avaliação que se faz entre seus familiares e movimentos sociais que se agregaram em torno da liderança do bispo e viram suas reivindicações fortalecidas, é que chegando ou não a morrer, d. Luiz Flávio Cappio já tem prestado uma grande contribuição aos pobres e oprimidos.
"Existe o antes e o depois de Luiz Flávio", afirmou, orgulhoso, seu irmão João Franco Cappio. Por não estar desidratado, o médico suspendeu o soro fisiológico que lhe vinha sendo administrado. Desde segunda-feira o bispo voltou a ingerir apenas água.
Benção
Os romeiros, desta vez de Petrolina - no lado pernambucano do Rio São Francisco, a 50 quilômetros de Sobradinho - que chegaram cedo em caravana formada por cinco ônibus, vans e carros passeio, lotaram a nave da igreja para cantar e rezar, sob a coordenação do bispo de Petrolina, dom Paulo Cardoso. Eram cerca de 400 fiéis. Frei d. Cappio não participou, ficou descansando na sacristia. Ele voltou a aparecer no final da tarde quando outros fiéis começaram a chegar para a missa da noite quando, ao final, ele abençoa a todos.
Solidários com a luta que reconhecem em seu favor, muitas pessoas fazem semi-jejum em apoio ao Bispo. Carlinda Maria de Jesus, 71 anos, viúva, faz uma refeição, à noite, desde sábado. Maria Auxiliadora dos Santos, 53, prefere comer - "bem pouquinho" - na hora do almoço. "Se essa transposição for feita, o rio vai morrer e todo mundo que depende dele", assegurou Carlinda.
"A gente ora para que o presidente Lula escute o bispo, queremos ele (d. Cappio) vivo e o rio revitalizado", resumiu Maia Neuma Alencar Siqueira, que não faz jejum, mas está integralmente solidária com a causa do bispo. "Nosso desejo é que o governo ceda, não deixe o bispo morrer e nem o que ele representa", complementou a freira salesiana Maria Araújo da Silva.
Apesar de toda popularidade e aprovação popular, o presidente tem sido alvo de críticas e decepção dos contrários à transposição. "O governo tem sido intransigente, não o meu irmão", diz João Franco Cappio, 71 anos, que com as irmãs Rita e Rosa Maria acompanha e aprova a luta do irmão religioso. "Espero que o presidente não leve para o resto da vida o coração pesado e a mente preocupada de ser o culpado da morte de um bispo da Igreja Apostólica Romana", advertiu ele.
Se vier a morrer, o corpo de frei d.Luiz Cappio será levado para Barra (BA). "Não sabemos de barco, pelo rio, de carro ou de avião", informou. "Ainda não pensamos nesses detalhes, por enquanto acreditamos que ele não precisará doar a própria vida".
Fonte: Tribuna da Imprensa

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