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quinta-feira, dezembro 27, 2007

Operação Condor: OAB apóia decisão da Itália

RECIFE - O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cezar Britto, elogiou a decisão da Justiça italiana de mandar prender 13 brasileiros entre as 140 pessoas para quem expediu mandado de prisão por suposto envolvimento na chamada Operação Condor, uma ação articulada de repressão dos governos militares sul-americanos nos anos 70 e 80 contra oposicionistas.
Britto disse, em nota oficial, que a Justiça italiana fez o que "há muito" cabia ao Brasil fazer: "Mostrou feridas não cicatrizadas em nossa memória. Para que cicatrizem, é preciso que se saiba como foram abertas. E só a verdade é capaz de fazê-lo".
O presidente da OAB avalia que "não se negligencia impunemente com a História". E acrescentou: "A recusa sistemática do Estado brasileiro em pôr a limpo o que se passou no período da repressão política, nas décadas de 60 a 80, nos expõe agora ao constrangimento de uma censura externa para a qual não temos defesa moral".
A Justiça italiana não forneceu ainda os nomes dos 13 brasileiros que tiveram ordem de prisão decretada nem comunicou o fato ao governo brasileiro. Extra-oficialmente, as autoridades brasileiras avaliam que os citados devem ser as pessoas supostamente envolvidas nos desaparecimentos de dois argentinos. Os dois desapareceram no Brasil em 1980.
"A OAB tem defendido obstinadamente, ao longo do tempo, o cabal esclarecimento de todas as mazelas perpetradas pelo regime ditatorial de 1964. Aos que invocam a Lei de Anistia como argumento para manter debaixo do tapete o lixo da História, respondemos que anistia não é amnésia. Impede a responsabilização penal de determinados delitos, mas não que os conheçamos - e os censuremos", afirma Cezar Britto.
"Um país que não conhece sua História corre o risco de repeti-la - sobretudo quanto aos seus erros. Temos desprezado esse princípio elementar, e o resultado é que a América Latina reincide com freqüência na ilusão autoritária, que perpetua o atraso e torna a política campo de ação atraente aos aventureiros da pior espécie. Que esse episódio nos sirva de lição - e de estímulo - para que nos reencontremos com nossa própria História", conclui o presidente da OAB, na nota oficial.
Fonte: Tribuna da Imprensa

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