Começou tensa a votação do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Salvador (PDDU). O processo iniciado na tarde de ontem transformou o plenário da Câmara Municipal de Vereadores (CMS) em palco de muita polêmica e troca de ofensas entre vereadores e representantes civis. Na galeria, manifestantes de várias partes da cidade se confrontavam, sendo necessárias cerca de duas horas para acalmar os ânimos. A expectativa é que a matéria seja votada ainda hoje, mesmo sob protestos de lideranças políticas, comunitárias e entidades técnicas. Palavras de ordem contra o prefeito João Henrique Carneiro e o projeto do PDDU eram confrontadas com frases de apoio à matéria e aos vereadores que se posicionaram a favor do plano. Os partidos PPS, PCdoB e PSB encaminharam, no início da sessão, à Mesa Diretora da Câmara Municipal um ofício solicitando a destituição do líder da oposição, vereador Téo Senna (PTC). No mesmo documento, a coligação indica Virgílio Pacheco (PSB) como o novo líder da minoria. Para o vereador Paulo Câmara (PSDB), a permanência de Senna é insustentável. “Não dá para manter Téo e Sandoval (líder do governo), trabalhando pela aprovação do PDDU”, justifica. O pedido foi indeferido pela Mesa. O presidente da Câmara, Valdenor Cardoso (PTC), que presidiu a sessão, leu o artigo 44 do regimento interno da Casa, que estabelece as normas para a indicação das lideranças. De acordo com Cardoso, salvo raras exceções, os líderes das bancadas só podem ser definidos no início da legislatura. Portanto, Téo foi mantido no cargo e recebeu apoio de alguns vereadores, como Paulo Magalhães Júnior, que saiu em defesa do líder da oposição e chamou de “incoerente”, a coligação que pediu a saída do líder da minoria. Mas as confusões não pararam por aí. Um manifestante saiu da galeria e invadiu o plenário com um abacaxi nas mãos, a maioria dos vereadores era impedida de falar pelas manifestações da população e as queixas de que o presidente Valdenor Cardoso estava desrespeitando todo regimento interno durante a sessão provocavam indignação, principalmente nas bancadas do PT, PCdoB e PSB. “É inadmissível que um projeto com tal importância seja discutido dessa forma irresponsável e truculenta. Isso tudo que vem acontecendo é um desrespeito aos interesses da população de Salvador. Mas eu continuo acreditando que a força do povo é maior que o arbítrio dos autoritários”, bradou a vereadora Olívia Santana (PCdoB), pré-candidata a sucessão municipal de 2008. Mesmo sob tanta polêmica, no final da tarde o líder do governo solicitou ao presidente da Casa que o plano fosse colocado na ordem do dia, dando início oficialmente ao processo de votação do plano. A expectativa era de que a sessão invadisse a madrugada e recomeçasse hoje. Havia também a possibilidade remota de transformá-la em extraordinária e tentar votar a matéria ainda na madrugada de hoje, o que poderia ser uma estratégia do governo de vencer a oposição pelo cansaço, já que os 347 artigos e as mais de 200 emendas teriam que ser discutidos individualmente. Até o fechamento desta edição a discussão dos artigos sequer havia sido iniciada, o que apontava para a continuação da votação do PDDU hoje. (Por Carolina Parada)
ACM Neto ganha em Salvador, diz Sandro Régis
Expressão indiscutível do soutismo na Assembléia Legislativa, o deputado Sandro Régis (PR) entende que a entrevista que o ex-governador Paulo Souto deu ontem na Rádio Itaparica marca o início da luta do DEM e partidos aliados para “a grande batalha” que serão as eleições municipais de 2008. “Vamos disputar em praticamente toda a Bahia e chegaremos ao poder em muitos municípios importantes, inclusive, e principalmente, Salvador, com o deputado ACM Neto”, disse o parlamentar. Lembrado de que o candidato à reeleição João Henrique provavelmente contará com o apoio das duas maiores lideranças baianas no poder – o governador Jaques Wagner, pelo PT, e o ministro Geddel Vieira Lima, pelo PMDB –, Régis provoca: “Não sei se João Henrique, avaliado o pior prefeito do Brasil, vai querer o apoio público de Wagner, que está muito mal, pois seu governo foi eleito numa expectativa e até agora nada aconteceu. A saúde, a educação e a segurança pública pioraram muito neste ano”. Para o deputado, a situação nessas três áreas não é “a mesma coisa” das gestões anteriores, como os governistas “querem fazer crer”. Ele diz que nunca houve “hospitais sem médicos” nem “greves de dois meses” no passado, e que o aumento apontado pelo governador para o Programa Saúde da Família “foi desmentido pelo Ministério da Saúde”. Contestando a propaganda veiculada ultimamente pelo governo, ele afirma: “Não sei de que Bahia ele está falando”. Sobre as perspectivas da candidatura de ACM Neto, na opinião do deputado, a situação é diferente, porque nas andanças por Salvador tem sentido “a vontade do povo de elegê-lo para a prefeitura”, além do apoio que terá de Paulo Souto, “que é nosso maior patrimônio, um nome de credibilidade e respeito que nenhuma força política tem na Bahia”. A divisão dos governistas também vai pesar, “pois, do PT ao PCdoB, ninguém está se entendendo”. (Por Luís Augusto Gomes)
Mas ainda há indefinição no PR de César Borges
No entanto, ainda continua confusa a situação do PR estadual, principalmente se for levado em conta os últimos passos dados por outros dos seus principais integrantes. A cada fato novo, novos desdobramentos e interpretações. O último deles está relacionado à votação que sepultou a emenda da CPMF, quando o senador César Borges votou contrário, irritando o Palácio do Planalto e o governador Jaques Wagner. “Todos no partido já sabiam da minha posição contrária à CPMF”, disse Borges, afirmando que a sua posição não foi nenhuma surpresa. Com o esquentamento das discussões em torno da sucessão de Salvador em 2008, o partido passa por novos “desen-contros”, já que alguns dos seus líderes têm opinado sobre o tema, mas muitas vezes em posições de confronto. Enquanto o senador César Borges já declarou que acha difícil compor com o prefeito João Henrique “porque ele não correspondeu”, outros podem concordar mas não ter a mesma preferência de nomes. “O partido ainda não tem uma posição oficial. Por enquanto, foram expostas apenas algumas posições individuais de alguns membros do partido. Vamos fazer as consultas necessárias e no momento oportuno vamos deliberar sobre o assunto”, disse Borges. Embora tenha comparecido à convenção do PSDB, que tem o ex-prefeito Antônio Imbassahy como candidato, há quem aposte que o senador vai trabalhar para o partido fechar com a possível candidatura do deputado federal ACM Neto (DEM). Borges, contudo, insiste que o PR ainda não definiu quem vai apoiar na disputa do próximo ano. “O ideal era o partido ter uma candidatura própria em Salvador. Como não há mais tempo, agora é procurar fazer uma aliança dentro da visão de ter o melhor para Salvador”, admitiu. O apoio a ACM Neto não seria nenhuma surpresa, já que os dois sempre foram amigos. Certamente prevendo o futuro, Neto trabalhou para que o DEM desistisse de recorrer à Justiça para recuperar o mandato de Borges. Nesta empreitada, o senador teria ainda um outro importante aliado. Trata-se do deputado federal Maurício Trindade, até recentemente o maior incentivador da candidatura do radialista Raimundo Varela. (Por Evandro Matos)
“El País” diz que D. Cappio desafia Lula
Uma reportagem publicada ontem no jornal espanhol “El País” afirma que o bispo D. Luiz Cappio é um “dom Quixote da ecologia” que desafia o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A matéria, que apelida d. Cappio de “bispo verde”, relata a greve de fome que o religioso baiano realizou por quase um mês até perder a consciência, em protesto contra a obra de transposição do Rio São Francisco. “Cappio não é um ingênuo e nem um fundamentalista. Todos o consideram um homem de fé que tem 40 anos dedicados aos mais pobres e a estudar o Rio São Francisco, símbolo para ele da vida que oferece água aos camponeses ribeirinhos, e cujos 2,8 mil km percorreu durante um ano junto com um sociólogo e um agricultor para, em seguida, escrever um livro”, descreve o “El País”. O artigo lembra que o bispo vem realizando protestos contra a transposição do Rio São Francisco desde 2005. Naquele ano, outra greve de fome foi interrompida depois de 11 dias, quando Lula concordou em receber e escutar o religioso. Mas o presidente quebrou sua promessa todas as vezes, afirma o diário. “O projeto de levar água ao nordeste pobre e semi-árido é uma possibilidade tratada desde os tempos do império, mas que ninguém se atreveu em levá-lo adiante, temendo um desastre ecológico, a morte do rio e os problemas que sofreriam os 12 milhões de pessoas que vivem às margens do rio”, diz o correspondente do jornal.
Fonte: Tribuna da Bahia
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