Finalmente, quase um ano depois, a morte do servidor da Secretaria Municipal da Saúde, SMS, Neylton Souto da Silveira, pode ter os motivos conhecidos. Documentos apreendidos ontem no apartamento, do atual consultor da SMS, no bairro do Costa Azul, Antônio Luis Araújo Pitiá, podem revelar porque Neylton morreu. Escuta telefônica autorizada pela Justiça flagrou a mulher de Antonio Pitiá dizendo a uma amiga que ele reuniu documentos num envelope, que deveria ser entregue a determinada pessoa caso lhe acontecesse algo. Neylton foi morto a pancadas, no dia 6 de janeiro deste ano, por vigilantes da SMS, no Comércio, onde trabalhava. Em janeiro, Pitiá era coordenador administrativo e trabalhava próximo a Neylton. A delegada da Policia Civil Kiyomi Kuratani, responsável pela operação de apreensão do material, disse que mais de 35 contratos foram encontrados entre os documentos guardados por Pitiá, e muitas fotocópias de licitações feitas com várias entidades. Os papéis foram levados para o Ministério Público Estadual, MPE,onde deverão ser analisados em até 30 dias. A promotora Armenia Cristina Santos, que acompanha a apuração do caso Neylton acredita que os documentos apreendidos possam revelar questões de improbidade administrativa e explicar as razões que levaram à execução do servidor da Secretaria da Saúde. O pensamento majoritário é de que ele morreu porque descobriu irregularidades e não concordou em participar do esquema. O MPE vai entrar em recesso e a análise dos documentos vai acontecer a partir do dia fevereiro. Ontem, Antônio Pitiá e o então secretário da Saúde, Luiz Eugênio Portela, deveriam ser ouvidos no Fórum Rui Barbosa, na última audiência do ano do processo que apura a morte de Neylton. Mas a audiência acabou sendo cancelada e remarcada para 15 de fevereiro, por causa de problemas familiares enfrentados pelo advogado de Tânia Maria Pimentel Pedroso, uma das acusadas de ter ordenado o crime, Marco Antônio Sadeck. O pedido de busca e apreensão do material encontrado no apartamento de Pitiá foi feito pelo Ministério Público Estadual (MPE) e deferido pela Justiça, conforme relatou a promotora de justiça Armenia Cristina Santos. Ela explicou que conseguiu chegar aos documentos depois de uma escuta telefônica autorizada judicialmente, com base em evidências que apontavam para a existência de provas importantes. “A esposa do senhor Antônio Pitiá dizia para uma amiga que se acontecesse algo grave com ele, os papéis deveriam ser entregues a uma determinada pessoa, ainda não identificada. Questionado sobre a guarda dos papéis, Antônio Pitiá alegou que nada teria nada a ver com a morte do servidor municipal Neylton Souto da Silveira. Disse que guardava os documentos em seu poder para o caso de acontecer alguma situação de acusação contra ele. Conforme o consultor, o material seria cópias de trabalhos desenvolvidos na própria secretaria.
Pitiá esconde o jogo e não fala de ameaças
; O MPE não tem dúvidas de que o consultor teme por sua vida, mas Antônio Pitiá não quis dar detalhes sobre o assunto, nem confirmou se sofreu ameaça de morte. “Só devo explicações ao MPE”. Neylton Souto da Silveira foi brutalmente assassinado no inicio do ano, no prédio da Secretaria Municipal de Saúde, localizado no bairro do Comércio. Os vigilantes Jair Barbosa Conceição e Josemar dos Santos, acusados de cometer o crime, continuam presos. Eles apontaram a ex-subsecretária da SMS, Aglaé Amaral Sousa e a então consultora do órgão, Tânia Maria Pimentel Pedroso, como mandantes do homicídio. Elas negam o crime, ou qualquer tipo de envolvimento com o mesmo. As mulheres respondem pelas acusações em liberdade.
Fonte: Tribuna da Imprensa
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