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segunda-feira, dezembro 24, 2007

Funeral do terceiro mandato

Considerando que 2007 teve tudo para ser o pior ano do governo Lula, não há como recusar-lhe, em nome da igualdade, o reconhecimento de que nosso país chega a dezembro em condições muito melhores do que se esperava. A derrota do imposto do cheque, em boa hora, rompeu com a mesmice parlamentar generalizada e criou o marco da imprevista metamorfose do próprio Lula.
O fim da CPMF tinha tudo para se transformar no funeral do terceiro mandato, principalmente por se seguir à retumbante derrota de Hugo Chávez no plebiscito que o impediu de fazer dessa forma de consulta a via de acesso da democracia ao socialismo do século 21. O PSDB e o DEM atiraram no que perderam de vista desde quando o perfil social-democrata estava na moda eleitoral e acertaram no terceiro mandato, aqui e na Venezuela. Não é por outra razão que o fagueiro PSDB e o amuado DEM passeiam por toda parte a felicidade de vencedores. Restaure-se a errata do livro que, em língua espanhola, alertava o leitor para corrigir a frase "donde está escrito por fuerza de las cosas, léa-se por debilidad de los hombres".
O que, com boa vontade, se entende por oposição de insucessos, desde que o mensalão e o valerioduto deram em nada, tinha tudo para ser arquivado com a decisão sobre a CPMF. Mesmo com a vitória, a oposição não recuperou as faculdades políticas integrais. Continua à espera de uma explicação racional para uma situação que tanto pode ser vista como vitória oposicionista quanto derrota governista, sem prejuízo da inversão do resultado.
Tanto faz como tanto fez? Depende do ponto de vista. Viu-se, com o saldo da liquidação do imposto do cheque, que Lula, quando perde, comporta-se como vencedor. E a oposição, quando vence, age como derrotada. Se, quando um não quer, dois não brigam, quando dois não querem, a conta vai para a democracia.
A CPMF foi o nome de código para uma crise latente que tudo recomendava ficar longe da sucessão. Por mais que o presidente Lula dissesse que não aceitaria o terceiro mandato, mais se duvidava. Recusar era pouco. O ar estava irrespirável e a democracia andava de lenço no nariz. As razões de Lula para rejeitar o terceiro mandato eram todas pessoais e a oposição insistia num documento presidencial, no melhor padrão republicano, com firma reconhecida. O lulismo e o petismo afinal se entenderam para impedir os controladores de vôo baixo de entrarem em greve. Evitaram que de Guarulhos levantasse vôo, antes da hora, a candidatura do ministro Jobim.
Melhor deixar para lá. Com dois anos pela frente, ninguém tem condições de fazer cálculos sem errar. A derrota do imposto do cheque beneficiou mais o próprio Lula do que a oposição, considerando que as conseqüências, sobretudo as imprevisíveis, poderiam fazer, pelo caminho mais longo, a nossa restauração democrática encalhar. Não se notam sinais de impaciência presidencial com a sucessão. Lula é outro homem público. O insucesso da CPMF valeu por uma terapia intensiva. Vencedores se entendem melhor do que derrotados. Governo e oposição acertaram juntos na mesma loteria classificada (evidentemente, no bom sentido) como jogo de azar. Lula e social-democratas dividiram o primeiro prêmio. Um precisava ser derrotado, o outro não sobreviveria por muito tempo se não colhesse uma vitória na árvore de Natal da República. Ficou faltando apenas o presidente vestir-se de Papai Noel e, depois de se apresentar na televisão, reivindicar pessoalmente o privilégio de continuar escrevendo a História, mesmo por linhas tortas ou pela mão do acaso.
Fonte; JB Online

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