Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação/Arquivo
Xi Jinping e Lula08 de abril de 2025 | 08:46China responde a Trump, diz que EUA fazem chantagem e que vai ‘lutar até o fim’ em escalada de tarifas
O Ministério do Comércio da China afirmou na manhã desta terça (8), horário de Pequim, que o país vai “lutar até o fim” na escalada de tarifas, após ameaça do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de uma nova taxação, de 50%, sobre os produtos chineses.
Na semana passada, Trump anunciou que eles seriam atingidos por uma tarifa de 34% a partir de quarta (9), além dos 20% que ele já havia imposto no início do ano, elevando o total para 54%. O governo chinês, então, anunciou uma retaliação, válida a partir de quinta (10), com taxação de 34% sobre as importações americanas, o que fez o republicano falar em mais tarifas.
No comunicado online creditado a seu porta-voz, o Ministério do Comércio diz que “os EUA ameaçam escalar as tarifas contra a China, o que é um erro em cima de outro e mais uma vez expõe a natureza chantagista do lado dos EUA, o que a China nunca irá aceitar”.
Acrescenta que, “se o lado americano insistir em ir por esse seu caminho, a China irá acompanhá-lo até o fim”. Se a nova escalada de Trump for implementada, Pequim tomará novas “contramedidas para proteger seus direitos e interesses”.
O órgão repete que “as chamadas ‘tarifas recíprocas’ impostas pelos EUA à China não têm base e são um bullying unilateral”, enquanto “as contramedidas que a China adotou são inteiramente legítimas, de modo a salvaguardar sua soberania, segurança e interesses de desenvolvimento e a manter a ordem comercial internacional”.
Paralelamente, o Renmin Ribao ou Diário do Povo, jornal do Partido Comunista da China, vem publicando comentários que reafirmam a capacidade do país de resistir à pressão americana. Na edição de segunda, avaliou que “o céu não vai cair” com as tarifas americanas. “Focar em fazer as nossas coisas bem e fortalecer a confiança em responder efetivamente aos impactos das tarifas”, aconselhou.
Nesta terça, destacou que “pressão e ameaças nunca são o caminho certo para lidar com a China”, que “tem a capacidade e a confiança para lidar com o choque”. Argumenta ser “uma economia muito grande com um sistema industrial completo, que está a caminho de ser uma potência industrial”.
Em mídia social, reproduzido em contas populares da plataforma Weibo como Yuyuan Tan Tian, ligada à CCTV, o comunicado do ministério vem recebendo comentários nacionalistas como “Nós não somos a China de 1840”. É referência ao início do chamado Século da Humilhação, em que o país perdeu guerras e se submeteu a demandas de potências externas.
O jornalista e influenciador Hu Xijin, também em mídia social chinesa, viu na nova ameaça de Trump um ultimato que bloqueia o caminho para um acordo negociado.
“Washington trata a China como um pequeno país da Ásia ou da América do Sul, pensando que vai recuar assustada”, escreveu. “O importante é que a sociedade chinesa será capaz de lidar com isso e que um novo espírito pioneiro aparecerá. Se continuarmos a trabalhar duro, a China continuará a crescer.”
Na plataforma WeChat, o também influenciador Ren Yi, conhecido por seu apelido online Tu Zhuxi ou Presidente Coelho e tido como bem conectado em Pequim, citou fontes sem identificação para listar quais seriam os passos seguintes, caso Trump implemente a nova tarifa de 50%.
A lista, pela ordem: suspender a cooperação em torno do fentanil, droga que se disseminou na sociedade americana; restringir ainda mais as compras de soja, sorgo e outros produtos agrícolas americanos; restringir as compras de frango; impor medidas retaliatórias no comércio de serviços; reduzir ou banir a importação de filmes dos EUA; e investigar o respeito à propriedade intelectual chinesa pelas empresas americanas no país.
Nelson de Sá/Folhapress