Publicado em 20 de março de 2024 por Tribuna da Internet
Pedro do Coutto
Na reunião de segunda-feira, o presidente Lula da Silva decidiu cobrar mais trabalho e desenvoltura de seus ministérios, sobretudo o da Saúde. A iniciativa representou um posicionamento crítico em relação à sua equipe. Agiu certo nesse ponto. A cobrança de desempenho é fundamental, pois sem isso, incluindo respostas concretas, percebe-se a acomodação em posições que no fundo resultam em sérias omissões.
O ponto central foi a situação do Ministério da Saúde focalizado nas reportagens de domingo no Fantástico sobre a situação de calamidade em que se encontram os hospitais federais no Rio de Janeiro, revelando a necessidade de uma revisão permanente na situação das unidades de Saúde, pois o que foi demonstrado é inacreditável, consequência da irresponsabilidade e da omissão de setores responsáveis pela manutenção de equipamentos que salvam vidas humanas.
DENÚNCIAS – O Fantástico teve acesso com exclusividade aos seis hospitais da rede federal do Rio de Janeiro e constatou uma série de precariedades estruturais, materiais médicos vencidos e milhares de pacientes esperando por atendimento. Por trás desse cenário, uma longa lista de denúncias sobre loteamento nesses hospitais. A ministra Nísia Trindade inclusive foi levada a demitir dirigentes que ocupavam setores importantes. A omissão levou a cenas marcantes com pessoas em situação lastimável por falta de equipamentos. Um absurdo total.
O problema da administração exige um acompanhamento permanente para que os órgãos responsáveis pelas tarefas não se omitam ou sejam negligentes. É preciso ter grupos de trabalho responsáveis pela revisão dos atos contínuos em todos os ministérios, pois os problemas da Saúde não são isolados. Há muita coisa a ser revista da administração pública.
CLAMOR – Lula mostrou-se sensível ao clamor marcante que sucedeu à reportagem. É necessário verificar o que está acontecendo de modo geral em todos os ministérios, pois o governo precisa de uma unidade de comando com a presença constante de observadores sobre a própria gestão atual. É fundamental essa questão e na Saúde explodiu como uma bomba porque incluiu camadas pobres da população em busca de atendimento pelo SUS, o que é um direito, e não obtiveram resposta e solução.
É preciso passar a limpo o que ocorre no governo de forma geral. O presidente Lula da Silva acertou em não culpar outros fatores pelo seu desgaste nos últimos meses. Não transferiu responsabilidades. A bomba na Saúde deixou estilhaços no universo da própria administração federal.