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Pedro do Coutto
Reportagem de Edison Veiga, edição de quarta-feira da Folha de São Paulo, destaca que o papa Francisco, na história contemporânea da Igreja, tornou-se aquele que mais usa decretos para fixar suas decisões. Na minha opinião, porque essa forma é o melhor caminho para vencer obstáculos conservadores enraizados no colégio dos cardeais.
Francisco retomou a estrada reformista aberta em 1959 pelo Papa João XXIII, ao editar a Enciclica Mater et Magistra. Nela chamou atenção do mundo sobre a necessidade do ser humano realizar-se tanto na terra quanto no céu.
VOCAÇÃO SOCIAL – Foi um chamamento muito forte para a vocação terrena dos seres humanos. A Encíclica foi a base do apelo às reformas sociais na segunda etapa do século XX. Infelizmente, apesar de seu sucessor, Paulo VI, percorrer o mesmo caminho terminaram não se realizando como princípio.
Em seguida foram eleitos os papas João Paulo I, que faleceu pouco depois de sua escolha, João Paulo II e o papa Ratzinger.
Agora, enfrentando temas desafiantes e extremamente sensíveis Francisco retoma a rota para encontrar e construir, no que dependa dele, uma sociedade Mais justa e portanto menos desigual.
DESIGUALDADE SOCIAL – De fato, quando se fala em dividir o produto do progresso não se está propondo dividi-lo por dois. A meu ver, pode-se dividi-lo por 10, creditando-se 9 para a produção do capital e 1 para a produção do trabalho.
Bastava isso para reduzir profundamente a fome, miséria e abandono de enormes parcelas da sociedade universal.
Agora mesmo assisti ao filme “Dois Papas”, excelente, cuja direção é do brasileiro Fernando Meireles. Estabelece hipotéticos diálogos entre o Papa recluso e o ex-cardeal argentino.
DUAS TENDÊNCIAS – Em O Globo, Elio Gaspari acentua que tais diálogos não se concretizaram na forma em que foram colocados na película. Seja como for, nota-se fortemente a presença de duas tendências ideológicas. Uma presa ao passado, outra acentuando o presente e tentando balizar o curso para o futuro.
Não é sem tempo. Afinal são mais de 2 mil anos do cristianismo. O filme de Meireles projeta-se através de sequencias belíssimas de imagens do Vaticano. Lembro, para finalizar, uma frase clássica de D. Helder Câmara, bispo auxiliar do Rio de Janeiro: “A igreja representava um freio, hoje quer ser acelerador”. D. Helder falou isso no início dos anos 60 do século que passou.